Summary: | Este estudo mostra uma climatologia de Linhas de Instabilidade (LIs) no Sul do Brasil. As LIs são identificadas por imagens de radar, e são classificadas em severas ou não severas com base em relatos de destruição causada pelo vento ou medidas de rajada de vento de pelo menos 80 km h−1 por estações de superfície. Com base nos campos sinóticos em 500 hPa, as LIs são agrupadas em três tipos sinóticos. Dados da reanálise CFSR são utilizados para produzir compostos do ambiente sinótico em que ocorrem LIs severas e não severas de cada tipo sinótico, além de gerar distribuições estatísticas de parâmetros de tempo severo. Dois casos de LI severas são simulados com o modelo WRF com convecção permitida e resolução de 3 km. As LIs são mais comuns na primavera, quando também ocorrem os maiores percentuais de LIs severas. A maior parte das LIs ocorre durante a madrugada e a manhã, mas o maior percentual de LI severas é à tarde. LIs com deslocamento mais rápido têm maior chance de ser severas, principalmente se o deslocamento for maior que 50 km h−1. Os compostos dos campos sinóticos mostram que há advecção quente e convergência do fluxo de umidade em baixos níveis associadas às LIs no Sul do Brasil. A instabilidade termodinâmica e o DCAPE na região são maiores em casos de LI severas de todos os tipos sinóticos. A configuração sinótica mais recorrente quando ocorrem LIs tem como característica um cavado na média troposfera corrente acima do Brasil, e os sistemas sinóticos são mais intensos em casos severos desse tipo. Quando o cavado em médios níveis se encontra a oeste dos Andes, os ambientes associados a LIs severas têm como principal diferencial a maior instabilidade termodinâmica e maior DCAPE. LIs que ocorrem em ambientes com predomínio de escoamento zonal na média troposfera têm maior tendência de ser severas quanto maior for o cisalhamento do vento entre 1000 e 500 hPa. Os parâmetros de tempo severo com maior poder discriminatório da severidade das LIs são o CAPE e o DCAPE, e o cisalhamento para casos com escoamento zonal. A simulação numérica da LI de 19/10/2014 mostrou que a vorticidade horizontal no ambiente permitiu a organização da linha convectiva. A formação de um vórtice meso- e a descida do jato de retaguarda associada a um eco de arco foram as principais causas das rajadas de vento severas nesse caso. A LI de 20/12/2014, por outro lado, não esteve associada a um intenso jato de retaguarda, mas a intensa piscina fria causada pela precipitação da LI e a formação de vórtices meso- ao longo da linha convectiva causaram as rajadas de vento severas. A estrutura de mesoalta e mesobaixas associada às LIs foram muito similares aos modelos conceituais de LIs assimétricas. As distribuições de flutuabilidade, perturbação de pressão e vorticidade horizontal também se assemelham aos modelos conceituais, e confirmam que as LIs no SB têm diversas características de mesoescala similares às que ocorrem em outros lugares do mundo. === This study presents a climatology of squall lines in Southern Brazil. The squall lines are identified by radar imagery, and classified in severe or non-severe based on wind-related damage reports or wind gusts of at least 80 km h−1 measured by surface stations. Based on the 500-hPa synoptic fields, the squall lines are grouped in three synoptic types. CFS Reanalysis data are used to build composites of the environments where severe and non-severe squall lines under each synoptic configuration type occur, and generate statistical distributions of severe thunderstorm parameters. Two significantly severe squall lines were simulated using the WRF model with convection-allowing configuration and 3 km of horizontal resolution. Squall lines are more common during Spring, when the highest percentages of severe squall lines are also observed. The majority of the squall lines occur during late night and morning, but the percentages of severe squall lines are higher in the afternoon. Squall lines that move faster have higher chance of being severe, mainly if the squall-line speed exceeds 50 km h−1. The synoptic composites show low-level warm advection and moisture flux convergence are present when squall lines occur in Southern Brazil. The thermodynamic instability and DCAPE in the region are higher in severe squall line cases of all synoptic types. The most recurrent synoptic configuration when squall lines are observed is characterized by a midlevel trough upstream of Southern Brazil, and the synoptic systems near the region are more intense in severe cases of this type. When the midlevel trough is located west of the Andes, the main differences in severe and non-severe squall line environments are the thermodynamic instability and DCAPE. Squall lines occurring under strong zonal midlevel flow have higher chances of being severe as stronger is the 1000−500- hPa wind shear. The severe thunderstorm parameters with higher discriminatory capacity of the squall lines severity are CAPE and DCAPE, and the wind shear in cases of zonal midlevel flow. The 19 October 2014 squall line numerical simulation showed that horizontal vorticity in the pre-squall line environment organized the convective line. The formation of a meso--scale vortex and rear inflow jet descent associated with a bow echo were the main causes of severe wind gusts in this case. The 20 December 2014 squall line, on the other hand, was not associated with an intense rear inflow jet, but the strong cold pool caused by the squall line precipitation evaporative cooling and the formation of several meso- -scale vortices along the convective line were responsible for the severe wind gusts. The mesohigh and mesolow structures were very similar to conceptual models of asymmetric squall lines. The distributions of buoyancy, pressure perturbation and horizontal vorticity are also comparable to most conceptual models, and confirm that squall lines in Southern Brazil are similar to squall lines in other parts of the world.
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