Caracterização morfológica do delta do Rio Doce (ES) com base em sensoriamento remoto

A costa leste brasileira apresenta uma sucessão de sistemas deltaicos, dentre eles o delta do rio Doce, no litoral do Espírito Santo. Este delta foi previamente estudado por alguns autores, tendo sido interpretado como produto da progradação de sedimentos em ambiente lagunar associado a sistema depo...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Silvia Palotti Polizel
Other Authors: Dilce de Fátima Rossetti
Language:Portuguese
Published: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) 2014
Online Access:http://urlib.net/sid.inpe.br/mtc-m21b/2014/03.24.12.33
Description
Summary:A costa leste brasileira apresenta uma sucessão de sistemas deltaicos, dentre eles o delta do rio Doce, no litoral do Espírito Santo. Este delta foi previamente estudado por alguns autores, tendo sido interpretado como produto da progradação de sedimentos em ambiente lagunar associado a sistema deposicional do tipo ilha barreira. No entanto, a análise do delta do rio Doce com base em produtos de sensoriamento remoto disponibilizados nesta última década sugere uma interpretação diferenciada da apresentada na literatura. Este trabalho teve por objetivo revisitar o modelo evolutivo do delta do rio Doce com base em análise multissensor e diferentes técnicas de sensoriamento remoto. Para isso, o trabalho baseou-se no mapeamento morfológico do delta do rio Doce a partir da análise das imagens TM/Landsat, PALSAR, bem como do Modelo Digital de Elevação (MDE) derivado da \emph{Shuttle Radar Topography Mission} (SRTM). Uma série multitemporal Landsat TM e ETM+ foi empregada para geração do produto de hidroperíodo, a fim de caracterizar a frequência de inundação no delta do rio Doce. Os resultados mostraram que as áreas de inundação permanente não foram classificadas em sua totalidade e que algumas áreas com frequência de inundação intermediária também deixaram de aparecer na classificação. A superfície topográfica do delta foi analisada pela extração da superfície de tendência da área a partir do MDE-SRTM. Este procedimento resultou na geração de vários modelos topográficos, sendo que a superfície de terceiro grau foi a que melhor representou o padrão topográfico do delta. Esta superfície caracteriza um delta com cotas topográficas oscilando entre 0 e 38 m de altitude, sendo 0 m na porção mais distal próximo ao oceano e 38 m na porção mais interior do continente, onde ocorre o sistema fluvial do rio Doce. Dois métodos de mapeamento foram testados: visual e semi-automático baseado em GEOBIA. Os resultados indicaram maior exatidão na classificação visual, sendo esta adotada para se estabelecer seis classes principais: 1) drenagem atual; 2) cordões litorâneos/\emph{spits}; 3) paleocanais; 4) planície interdistributária; 5) flúvio-estuarina/lagunar; e 6) terraço fluvial. Considerando essas morfologias, também atestadas em campo, pôde-se propor um modelo de delta dominado por ondas para explicar a evolução do delta do rio Doce, sem fase lagunar como sugerido em documentações prévias. Além disso, a organização das idades dos sedimentos deltaicos disponíveis na literatura, analisadas no contexto do novo mapa morfológico elaborado neste trabalho, sugere que esse delta seja mais antigo que o sugerido em trabalhos prévios. Assim, o mais provável é que sua progradação tenha sido influenciada pela queda do nível do mar eustático ao se aproximar do Último Máximo Glacial, e não durante a transgressão holocênica como inicialmente proposto, quando parte do delta foi destruída. === Brazil${'}$s east coast has a succession of deltaic systems, including the Doce River delta, on the coast of Espírito Santo. This delta was previously studied by some authors, has been interpreted as a product of progradation of sediments in the lagoon environment associated with depositional system of barrier island type. However, analysis of the Doce River delta based on remote sensing inputs available in the last decade suggests a different interpretation of the presented in literature. This study aimed to revisit the evolutionary model of the Doce River delta based on multisensor analyzes and remote sensing techniques. For this, the work was based on morphological mapping of the Doce River delta from the analysis of TM/Landsat imagery, PALSAR and the Digital Elevation Model (DEM) derived from Shuttle Radar Topography Mission (SRTM). A time series Landsat TM and ETM+ was used to produce the product of hydroperiod in order to characterize the frequency of flooding in the Doce River delta. The results showed that the areas of permanent inundation were not classified in their entirety and that some areas with intermediate flood frequency also failed to appear in the classification. The topographic surface of the delta was analyzed by extracting the trend surface of the area from DEM-SRTM. This procedure resulted in the generation of various topographic models, and the surface of the third degree was the one that best represented the topographic pattern of the delta. This surface features a topographic dimensions delta ranging between 0 and 38 m high, with 0 m in the most distal portion near the ocean and 38 m in the innermost portion of the continent, where the river system of the Doce River occurs. Two mapping methods were tested: visual and semi-automatic based on GEOBIA. The results showed greater accuracy in visual classification, which is adopted to establish six main classes: 1) current drain; 2) beach ridges/spits; 3) paleochannel; 4) interdistributary plain; 5) fluvio-estuarine/lagoon; and 6) fluvial terrace. Considering these morphologies, also attested in the field, it was possible to propose a model delta dominated by waves to explain the evolution of the Doce River delta without lagoon phase as suggested in previous literature. Moreover, the organization of the ages of deltaic sediments available in the literature, analyzed in the context of the new morphological map developed in this study suggests that delta is older than suggested in previous studies. Thus, it is most likely that your progradation has been influenced by the fall of the eustatic sea-level when approaching the Last Glacial Maximum, and not during the Holocene transgression as originally proposed, when part of the delta was destroyed.