Diagnóstico espacialmente explícito da expansão da soja no Mato Grosso de 2000 a 2012

O presente trabalho teve como objetivo retratar, de forma espacialmente explícita, a expansão da soja observada no Mato Grosso, particularmente sobre desflorestamentos ocorridos: 1) antes de 2000; 2) entre 2000 e 2006; e 3) de 2007 a 2011, período este que corresponde à Moratória da Soja. A análise...

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Bibliographic Details
Main Author: Joel Risso
Other Authors: Bernardo Friedrich Theodor Rudorff
Language:Portuguese
Published: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) 2013
Online Access:http://urlib.net/sid.inpe.br/mtc-m19/2013/02.27.01.54
Description
Summary:O presente trabalho teve como objetivo retratar, de forma espacialmente explícita, a expansão da soja observada no Mato Grosso, particularmente sobre desflorestamentos ocorridos: 1) antes de 2000; 2) entre 2000 e 2006; e 3) de 2007 a 2011, período este que corresponde à Moratória da Soja. A análise teve por base tanto os mapas de desflorestamento do Projeto PRODES, quanto os mapas de soja obtidos a partir de séries temporais de imagens de sensoriamento remoto. As imagens compostas de 16 dias do sensor MODIS foram transformadas em imagens de EVI2, que foram processadas, a fim de obter o \textit{Crop Enhancement Index} (CEI) para gerar os mapas de soja dos anos/safra 2000/01 a 2011/12 do Mato Grosso. Estes mapas foram analisados considerando os limites dos biomas e dos municípios do Mato Grosso em conjunto com os mapas anuais do desflorestamento do PRODES. Desta forma, a evolução do cultivo de soja sobre desflorestamentos no bioma Cerrado (somente formações florestais) e no bioma Amazônia foi avaliada tanto anualmente quanto para os períodos pré- e pós- Moratória. Adicionalmente, foi avaliada a presença de soja em assentamentos, terras indígenas e unidades de conservação do Mato Grosso, onde os valores de área de soja encontrados no ano/safra 2011/12 foram de 149, 50 e 37 mil hectares (ha), respectivamente. A área de soja no ano/safra 2000/01 na porção do bioma Amazônia do Mato Grosso foi de 266 mil ha, sendo 178 mil ha sobre desflorestamentos do PRODES acumulados até 2000. Um aumento na área de soja foi observado neste bioma entre os anos/safra 2001/02 e 2004/05, seguido de uma redução nos anos/safra 2005/06 e 2006/07, quando retomou o crescimento e alcançou 2,0 milhões de ha (Mha) de soja no ano/safra 2011/12, sendo 1,73 Mha sobre desflorestamentos do PRODES acumulados até 2011. No período pré-Moratória, entre os anos/safra 2000/01 e 2006/07, a soja expandiu 780 mil ha no bioma Amazônia mato-grossense, sobre desflorestamentos do PRODES, enquanto que o desflorestamento aumentou de 11,6 em 2000 para 16,3 Mha em 2006. Durante a Moratória (anos/safra 2006/07 a 2011/12) a soja continuou expandindo e incorporou uma área de 772 mil ha de áreas desflorestadas, com apenas 14,4 mil ha sobre desflorestamentos do período pós-Moratória, indicando que a recente expansão da soja ocorreu, predominantemente, em desflorestamentos ocorridos antes de 2006. Embora a Moratória se refira apenas ao bioma Amazônia, uma expansão relativamente pequena de 4,6 mil ha de soja foi observada sobre formações florestais no bioma Cerrado a partir de 2007. Logo, é plausível considerar que a soja não vem sendo um vetor significativo de desflorestamento do Mato Grosso, principalmente nos anos anteriores a 2000 e após o estabelecimento da Moratória da Soja em 2006. Considerando ainda a plena trajetória de intensificação da pecuária na região Amazônica e a consequente liberação de áreas de pastagem para outros usos, a expansão da soja poderá continuar no Mato Grosso, sem prejuízo para a produção pecuária e sem a necessidade de novos desflorestamentos. === The present work aimed to picture, in a spatially explicit way, the soy expansion observed in Mato Grosso, particularly over deforestations performed: 1) prior to 2000; 2) from 2000 to 2006; and 3) from 2007 to 2011, which corresponds to the Soy Moratorium period. The analysis was based on both deforestation maps from the PRODES Project and soy maps obtained from time series of remote sensing images. The 16 days composed images of the MODIS sensor were transformed to EVI2 images which were processed to obtain the Crop Enhancement Index (CEI) to generate the soy maps from crop years 2000/01 to 2011/12 in Mato Grosso. Those maps were analyzed considering the boundaries of the biomes and the municipalities of Mato Grosso together with the annual deforestation maps from PRODES. Thus, the evolution of soy plantations over deforestations in the Cerrado biome (only forest formation) and the Amazon biome of Mato Grosso were evaluated not only for each crop year but also for the periods prior and after the Moratorium. Additionally, the presence of soy plantations in settlements, indigenous land (\textit{terras indígenas}), and conservation units (\textit{unidades de conservação}) of Mato Grosso were also evaluated, where the soy area values found, for crop year 2011/12, were of 149, 50 and 37 thousand hectares, respectively.. The soy area in crop year 2000/01, in the portion of the Amazon biome in Mato Grosso, was 266 thousand hectares, of which 178 thousand hectares over PRODES deforestations accumulated until 2000. An increase in the soy area was observed in this biome from crop years 2001/02 to 2004/05, followed by a decrease in crop years 2005/06 and 2006/07, with a subsequent increase reaching 2.0 million hectares (Mha) of soy in crop year 2011/12, of which 1.73 Mha over PRODES deforestation accumulated until 2011. In the period prior to the Moratorium, from crop years 2000/01 to 2006/07, soy expanded 780 thousand hectares, while deforestation increased from 11.6 in 2000 to 16.3 Mha in 2006 in the Amazon biome of Mato Grosso. During the Moratorium (crop years 2006/07 to 2011/12) the soy continued expanding and incorporated a soy area of 772 thousand hectares of deforested land, with only 14.4 thousand hectares expanding over deforested land performed after the Moratorium, indicating that the recent soy expansion is predominately occurring on land that was deforested prior to the beginning of the Moratorium. Although the Moratorium states only for the Amazon biome, a relative small soy expansion of 4.6 thousand hectares was observed on forested land in the Cerrado biome since 2007. Therefore, it is plausible to consider that soy has not been a significant deforestation driver in Mato Grosso, mainly in the years prior to 2000 and after the Soy Moratorium establishment in 2006. Furthermore, considering the major cattle raising intensification in the Brazilian Amazon region and the consequent release of pasture land for other land uses, the soy expansion can further continue in Mato Grosso, without either precluding the cattle raising activity or causing new deforestations.