A relação entre oralidade e escrita em língua portuguesa no surdo

O continuum oralidade-escrita é um agente determinante e transformador da língua que, na modalidade escrita, é de grande importância para a comunicação dos surdos em função da dificuldade que possuem em desenvolver a língua oral. Esta pesquisa parte do pressuposto de que a habilidade escrita na líng...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Wagner Teobaldo Lopes de Andrade
Other Authors: Marígia Ana de Moura Aguiar
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Católica de Pernambuco 2007
Subjects:
Online Access:http://www.unicap.br/tede//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=111
Description
Summary:O continuum oralidade-escrita é um agente determinante e transformador da língua que, na modalidade escrita, é de grande importância para a comunicação dos surdos em função da dificuldade que possuem em desenvolver a língua oral. Esta pesquisa parte do pressuposto de que a habilidade escrita na língua padrão do país representa um instrumento importante para a inserção do surdo na sociedade e um meio útil de registro de idéias e pensamentos. Considerando que, ao concluir a escolarização básica, os estudantes devem estar aptos a utilizar a língua portuguesa na modalidade escrita, este estudo teve como objetivo investigar a ocorrência de marcas da oralidade na escrita de estudantes surdos do Ensino Médio. Especificamente, objetivou-se caracterizar a ocorrência de marcadores discursivos, repetições e parafraseamentos em surdos oralizados e não-oralizados e confrontar esses dados entre si e com ouvintes também estudantes do Ensino Médio. A população de estudo constou de quinze surdos oralizados e quinze surdos não-oralizados, com instalação pré-lingual da surdez de grau profundo bilateral, além de quinze ouvintes. Os participantes responderam a questionários compostos por seis perguntas, e a ocorrência das marcas de oralidade na escrita foi analisada quantitativa e qualitativamente nos três grupos. Além disso, foi realizado tratamento estatístico através do teste T-student. Os resultados mostraram uma maior utilização de marcadores discursivos, especialmente com função seqüenciadora, pelos surdos oralizados e ouvintes. Verificou-se diferença estatisticamente significante entre a média da quantidade de marcadores discursivos utilizados pelos surdos não-oralizados e pelos ouvintes. A repetição se mostrou mais recorrente entre os surdos oralizados. A forma integral e a posição adjacente predominaram nos três grupos. Quanto à função, prevaleceu a continuidade tópica entre os surdos e a compreensão entre os ouvintes. Foi pequena a ocorrência de parafraseamento na escrita dos participantes e os surdos não-oralizados não a apresentaram. Como conclusão, as marcas de oralidade se fizeram presentes na escrita dos surdos, sugerindo a ocorrência de relação oralidade/escrita nestes sujeitos, principalmente nos oralizados, a exemplo das realizações pelo ouvinte. O maior uso de marcas de oralidade, entre as quais se destacam os marcadores discursivos de função seqüenciadora e as condensações parafrásticas, sugere uma influência sobre a construção textual, particularmente com relação ao aspecto de coesão. Tendo em vista o fato de que o uso das marcas de oralidade constitui um fator de coesão textual, o uso destes recursos pode ser mais uma estratégia para se trabalhar a escrita do surdo, especialmente o não-oralizado, a fim de estimular a coesão das produções destes sujeitos. === The speaking-writing continuum is considered as an agent which determines and changes the language. The written language is important to the deaf communication because of their difficulty in developing the oral language. This research takes into account that written language is an important instrument to the deafs as members of society and a helpful way to register their ideas and thoughts. Considering that the students may be able to use written portuguese language at finishing basic school degree, this study aimed to investigate the occurrence of oral cues in the writing of the deaf in high school. Specifically, we aimed to characterize the discoursive markers, repetition and paraphrase occurring in oralized and non-oralized deaf people by comparing the results of written texts produced by these two groups and then with that of listeners. The sample of the research was composed by fifteen oralized deafs and fifteen non-oralized deafs with pre-lingual deafness on deep degree, and fifteen listeners. The three groups answered a question sheet with six questions in order to analize the oral marks in a quantitative and qualitative basis. The results were submitted to a statistical treatment by applying the T-student test. The results showed a major use of discoursive markers, especially of sequential function, by oralized deafs and listeners. A statistical significant difference between the average of quantity of discoursive markers used by non-oralized deafs and listeners was found. The repetition was used mainly by the oralized deafs. The whole form of repetition and its adjacent position on writing prevailed within the three groups. As for the function, the topical functioning continuity prevailed in the deafs and the comprehension function prevailed in the listeners. The occurence of paraphrase was small in the subjects writing and the nonoralized deafs had no occurence at all. To conclude, the orality marks were present in the deafs writing, suggesting the realization of the speaking/writing relation in these subjects, especially the oralized ones, as well as with the listeners. The major use of orality marks among the oralized deafs suggests the influence over text structure mainly related to textual cohesion. If we are to consider the use of orality marks as a factor of textual cohesion, these results can be the first step to optimize the deafs writing, mainly the non-oralized ones, in order to estimulate the cohesion on these subjects texts