Summary: | O exercício resistido com restrição de fluxo sanguíneo (RFS) e baixa intensidade é uma alternativa aos protocolos tradicionais de exercícios de alta intensidade visando obtenção e manutenção de força muscular, principalmente para populações com limitações à alta carga. Entretanto, estudos envolvendo respostas da pressão arterial (PA) a essa estratégia de exercício ainda são inconsistentes. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática da literatura sobre os efeitos do exercício resistido com RFS nas respostas de PA agudas e crônicas e, por meio da meta-análise, identificar variáveis associadas. Métodos: As buscas foram realizadas nas bases PubMed, SPORTDiscus e Web of Science, resultando em 2581 referências. Após análises baseadas nos critérios de inclusão e exclusão, 18 referências foram selecionadas para compor a revisão sistemática e meta-análise. A PA foi o desfecho principal para as análises de efeito agudo, efeito hipotensivo e efeito crônico ao exercício resistido com RFS. O effect size (ES) foi calculado utilizando o modelo de efeito randômico. A influência de variáveis moderadoras, transformadas em work-rest ratio (WRR), foi verificada pela meta-regressão. ANOVA baseada em teste Q foi usada para identificar possíveis diferenças em subgrupos. Resultados: Quando o exercício tradicional foi realizado com alta carga, ocorreram valores mais elevados (P<0,01) para a PA diastólica (PAD) no exercício com RFS (ES=17,84) em relação ao exercício tradicional (ES=5,53). No exercício tradicional realizado com baixa carga, a PA sistólica (PAS) apresentou diferença entre esse exercício e o exercício com RFS para pessoas hipertensas (ES=48,05 vs 69,83; P=0,03) e pessoas treinadas (ES=20,14 vs 32,30; P=0,02). Para a PAD, também foram observadas diferenças em pessoas hipertensas (ES=28,37 vs 43,66; P=0,04) e pessoas treinadas (ES=17,54 vs 24,47; P=0,03). A meta-regressão mostrou associação significativa apenas para a PAS e o WRR tanto no exercício com RFS (slope=50,55; P=0,03) quanto no exercício tradicional (slope=30,77; P=0,02). Para o efeito hipotensivo, houve diferença na medida de 30-60 minutos pós-exercício (P=0,02), na PAS, entre exercício com RFS (ES=-5,13) e exercício tradicional (ES=-3,76), e na PAD (P=0,03), entre o exercício com RFS (ES=-4,70) e o exercício tradicional (ES=-3,04). Pessoas hipertensas também apresentaram diferença entre os dois tipos de exercício na PAS (P<0,01), enquanto pessoas normotensas mostraram diferença na PAD (P=0,01), com maior efeito hipotensivo na RFS. A meta-regressão mostrou associação significativa, com efeito hipotensivo, para a PAD e o WRR apenas no exercício resistido tradicional (slope=-0,11; P<0,01). Conclusão: O exercício com RFS apresentou maiores valores de PAD em relação ao exercício tradicional com alta carga; e maiores valores de PAS e PAD em relação ao exercício tradicional com baixa carga, principalmente em pessoas hipertensas. Dessa forma, a prescrição da RFS deve ser feita com cautela quando o controle da PA for necessário durante o exercício. === Low-intensity resistance exercise with blood flow restriction (BFR) is an alternative to the traditional protocols of high intensity exercises to improve and maintain muscle strength, especially for populations with limitations to high intensity exercise. However, studies involving blood pressure (BP) responses to this exercise strategy are still inconsistent. In this sense, the aim of the present study was to perform a systematic review of the literature on the effects of resistance exercise with BFR on acute and chronic BP responses and, through the meta-analysis, to identify associated variables. Methods: Searches were performed at PubMed, SPORTDiscus and Web of Science databases resulting in 2581 references. After analysis based on the inclusion and exclusion criteria, 18 references were selected to compose the systematic review. BP was the main outcome for the acute effect, hypotensive effect and chronic effect of resistance exercise with BFR. The effect size (ES) was calculated using the random effect model. The influence of moderator variables, transformed into work-rest ratio (WRR), was verified by meta-regression. Q-test based ANOVA was applied to identify differences in subgroups. Results: The results showed higher values (P<0,01) for the diastolic BP (DBP) in the exercise with BFR (ES=17,84) in comparison to the traditional exercise with high load (ES=5,53). The systolic BP (SBP) was different between the traditional exercise with low load and exercise with BFR for hypertensive (ES=48,05 vs 69,83; P=0,03) and trained subjects (ES=20,14 vs 32,30; P=0,02). The DBP also showed difference between the traditional exercise with low load and exercise with BFR in hypertensive (ES=28,37 vs 43,66; P=0,04) and trained subjects (ES=17,54 vs 24,47; P=0,03). The meta-regression showed a significant association only for SBP and WRR in both BFR (slope=50,55; P=0,03) and traditional exercise (slope=30,77; P=0,02). For the hypotensive effect, there was a difference in 30-60 minutes post-exercise measure (P=0,02) on SBP between exercise with BFR (ES=-5,13) and traditional exercise (ES=-3,76), and in DBP (P=0,03) between exercise with BFR (ES=-4,70) and the traditional exercise (ES=-3,04). Hypertensive subjects also showed difference between the two types of exercise in SBP (P<0,01) while normotensive individuals showed a difference in DBP (P=0,01) with a higher hypotensive effect in the BFR exercise. The meta-regression showed a significant association, with hypotensive effect, for DBP and WRR only in traditional resistance exercise (slope=-0,11; P<0,01). Conclusion: The exercise with BFR presented higher values of DBP in relation to the traditional exercise with high load; and higher values of SBP and DBP in relation to the traditional exercise with low load, especially in hypertensive people. Therefore, BFR prescription should be made with caution when BP control is necessary during exercise.
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