Diluição das formas : O sol de fevereiro nas arestas do contemporâneo

Este trabalho parte do interesse de estudo da obra de Maria Helena Vargas da Silveira, autora pelotense pouco difundida no meio acadêmico, e alicerça sua organização na percepção de Octávio Ianni (2011) acerca da produção literária de escritoras e escritores negros: o pesquisador assevera que essa l...

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Bibliographic Details
Main Author: Eduardo Souza Ponce
Other Authors: Maria Carolina de Godoy .
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Londrina. Centro de Letras e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras. 2018
Online Access:http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000218108
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description Este trabalho parte do interesse de estudo da obra de Maria Helena Vargas da Silveira, autora pelotense pouco difundida no meio acadêmico, e alicerça sua organização na percepção de Octávio Ianni (2011) acerca da produção literária de escritoras e escritores negros: o pesquisador assevera que essa literatura apresenta-se como um imaginário que se articula dentro e fora do sistema literário brasileiro. Com base nessa consideração, esta dissertação tem como objetivo observar de que maneira Maria Helena Vargas da Silveira faz de O Sol de fevereiro (1991) uma obra literária que problematiza a relação entre margem e centro. Ao refletir sobre o lugar da escritora no sistema literário afro-brasileiro e acerca de como ela se relaciona com a literatura brasileira contemporânea, a pesquisa divide-se em dois momentos interligados: a alocação da autora em um panorama de escritoras negras conectadas pela escrevivência e o olhar para as características de O Sol de fevereiro (1991). No que diz respeito à escrevivência e aos diálogos possíveis entre Maria Helena Vargas da Silveira e outras escritoras que se nortearam por essa escrita que se dá pela experiência — individual ou coletiva —, observa-se que a autora pelotense faz de sua literatura espaço de insubordinação pela palavra; tomada de voz sobre o discurso para narrar a si e se contrapor aos estereótipos difundidos pelos discursos hegemônicos. Sobre as especificidades de O Sol de fevereiro (1991), pretende-se delinear como Maria Helena trabalha com os limites das formas dos gêneros conto e crônica para compôr uma narrativa que foge às classificações e não apresenta um núcleo dramático central — pelo contrário, a obra é composta por diversos relatos periféricos. Esses traços, em convergência com a escrevivência, fazem da narrativa uma obra que representa as tensões entre periferia e centro reconhecidas na literatura brasileira contemporânea. === This work is based on the interest of studying the writings of Maria Helena Vargas da Silveira — an author from Pelotas who hasn't received much attention in the academic field — and its organization follows Octávio Ianni's (2011) perspective regarding the literary production of black writers: the researcher affirms that such literature presents itself as a shared imaginary which is set in as well as out of the Brazilian literary system. Based on that notion, the aim of this dissertation is to observe how Maria Helena Vargas da Silveira makes O Sol de fevereiro (1991) a literary work able to question the relation between margin and center. On reflecting about the author's place in the African-Brazilian literary system, as well as how she relates to contemporary Brazilian literature, the research is divided into two intertwined parts: the alocation of the author among a range of black female writers, connected by the concept of "escrevivência", followed by the analysis of characteristics from O Sol de fevereiro (1991). Regarding "escrevivência" and the possible relations between Maria Helena Vargas da Silveira and other writers who followed the same experience-led writing style, be it individual or collectively, it is noted that the Pelotas writer makes her literature a space for insubordination through her words as she overtakes speech to narrate herself and oppose to hegemonically spread stereotypes. As to the specifics of O Sol de fevereiro (1991), the research intends to outline the work done by Maria Helena in altering the short story formats to create a narrative which cannot be classified by traditional criteria and which does not present a main dramatic core - on the contrary, it is composed by a combination of periferic stories. Those characteristics, combined with the notion of "escrevivência", make the narrative a work that represents the tensions between periphery and center recognized in contemporary Brazilian literature.
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