Cooperativismo e recriação camponesa : contribuições e limites dos modelos de cooperativismo empresarialista e camponês na mesorregião norte central paranaense

O objetivo deste trabalho é discutir as contribuições e os limites dos modelos de cooperação empresarialista e camponês para o processo de recriação do campesinato na mesorregião Norte Central paranaense. A metodologia utilizada nessa tarefa foi a pesquisa teórico-bibliográfica e a pesquisa de campo...

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Bibliographic Details
Main Author: Fábio Luiz Zeneratti
Other Authors: Eliane Tomiasi Paulino .
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências Exatas. Programa de Pós-Graduação em Geografia. 2018
Online Access:http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000217570
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description O objetivo deste trabalho é discutir as contribuições e os limites dos modelos de cooperação empresarialista e camponês para o processo de recriação do campesinato na mesorregião Norte Central paranaense. A metodologia utilizada nessa tarefa foi a pesquisa teórico-bibliográfica e a pesquisa de campo, em que foram realizadas entrevistas não padronizadas em 70 unidades camponesas. Essa metodologia permitiu identificar as principais características dos modelos cooperativistas elencados para a pesquisa. Conclui-se que o modelo de cooperativismo empresarialista assumiu uma característica na qual as cooperativas foram utilizadas como instrumento estatal para a modernização da base técnica na agricultura, se distanciando da possibilidade de transformação social abrangente, como idealizavam os percursores do cooperativismo moderno mas que, contraditoriamente, possibilitam a recriação do campesinato cooperado que luta na terra. Por outro lado, aos camponeses que tiveram que lutar para remover o bloqueio da propriedade privada capitalista, o cooperativismo se apresenta ao mesmo tempo como uma estratégia de luta pela terra e de luta na terra, ou seja, de resistência e recriação. Essa pesquisa demonstra que os modelos de cooperativismo, empresarialista e camponês, são distintos na perspectiva da organização e do conteúdo político-ideológico, contudo ambos apresentam potenciais contribuições para a recriação camponesa no capitalismo, resguardadas as contradições inerentes a esses processos. Para os camponeses assentados a cooperativa camponesa é um trunfo na luta contra o modo capitalista de produção, sendo um instrumento econômico e político que possibilita acessar mercados alternativos, como os institucionais, escapando dos circuitos monopolistas do mercado capitalista. As cooperativas empresarialistas, por sua vez, têm como prerrogativa a inserção dos camponeses no mercado capitalista via produção de commodities e inserção em um setor da economia dominado pelos grandes grupos privados. Nesse caso, a cooperativa comparece como uma estratégia para reter parte da renda camponesa da terra que seria drenada pelo capital. Em ambos os casos as cooperativas proporcionam retenção da renda da terra, que, em última instância, é convertida em benefício à família camponesa. A pesquisa também identificou que esses modelos cooperativos, no que pese sua distinção, permitem florescer o modo de vida camponês, representado por um conjunto de valores que norteiam suas vidas, como as relações de confiança, a autonomia, os vínculos familiares e a relação com a terra, entendida como meio de vida. Nesses termos, o cooperativismo é uma possibilidade concreta de recriação do campesinato no capitalismo, se por um lado a cooperação não levou à mudança geral da sociedade, por outro, no particular, ela tem contribuído para mudar a realidade dos camponeses envolvidos. === The aim of this study is to discuss the contributions and limits of empresarialista and peasant cooperation models to the recriation process of the peasantry in the North Central mesoregion of Paraná.Theoretical and literature research and field research were the methodology used in this task and interviews in non-standard 70 peasant units were carried out. It was possible to indentify the main features of the cooperative models listed for the research by this methodology. It is possible to conclude which the empresarialista cooperative model took over a feature in which cooperatives were used as instrument of state for the modernization of the technical base in the agriculture, distancing itself from the possibility of comprehensive social transformation, as idealised the precursors of the modern cooperative movement but that, contradictorily, allow the recreation of the cooperated peasantry which struggle in the land. On the other hand, to the peasants who had to fight to remove the lock of the private capitalist property, the cooperativism presents itself at the same time as a strategy to struggle for land and struggle in the land, in other words, of resistance and recriation.This research demonstrates which the cooperative models, empresarialista and peasant, are different on the perspective of the organization and of the politichal and ideological content, however both models present potential contributions to peasant recriation in the capitalism, saved the contradictions inherent in these processes.For the seated peasants the peasant cooperative is an asset in the fight against the capitalist mode of production, being an economic and political tool which allows to access to alternative markets as the institutional, evading of the monopolistic circuits of the capitalist market. Empresarialistas cooperatives, in turn, have the prerogative the insertion of the peasants in the capitalist market via commodities production and insertion in a sector of the economy dominated by the large private groups. In this case, the cooperative attends as a strategy to retain part of peasant income of the land which would be drained by the capital. In both cases the cooperatives provide income retention of the land, which ultimately, is converted to benefit for the peasant family. The survey also identified which these cooperative models, in relation to its distinction, allow to flourish the peasant way of life represented by a set of values which guide their lives, such as trust relationships, autonomy, family ties and the relationship with the land, understood as a way of life. In these terms, cooperativism is a concrete possibility of recreation of the peasantry in the capitalism, if on the one hand the cooperation didn't lead to the general change of society, on the other hand, in the particular, it has contributed to change the reality of the involved peasants.
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Essa metodologia permitiu identificar as principais características dos modelos cooperativistas elencados para a pesquisa. Conclui-se que o modelo de cooperativismo empresarialista assumiu uma característica na qual as cooperativas foram utilizadas como instrumento estatal para a modernização da base técnica na agricultura, se distanciando da possibilidade de transformação social abrangente, como idealizavam os percursores do cooperativismo moderno mas que, contraditoriamente, possibilitam a recriação do campesinato cooperado que luta na terra. Por outro lado, aos camponeses que tiveram que lutar para remover o bloqueio da propriedade privada capitalista, o cooperativismo se apresenta ao mesmo tempo como uma estratégia de luta pela terra e de luta na terra, ou seja, de resistência e recriação. Essa pesquisa demonstra que os modelos de cooperativismo, empresarialista e camponês, são distintos na perspectiva da organização e do conteúdo político-ideológico, contudo ambos apresentam potenciais contribuições para a recriação camponesa no capitalismo, resguardadas as contradições inerentes a esses processos. Para os camponeses assentados a cooperativa camponesa é um trunfo na luta contra o modo capitalista de produção, sendo um instrumento econômico e político que possibilita acessar mercados alternativos, como os institucionais, escapando dos circuitos monopolistas do mercado capitalista. As cooperativas empresarialistas, por sua vez, têm como prerrogativa a inserção dos camponeses no mercado capitalista via produção de commodities e inserção em um setor da economia dominado pelos grandes grupos privados. Nesse caso, a cooperativa comparece como uma estratégia para reter parte da renda camponesa da terra que seria drenada pelo capital. Em ambos os casos as cooperativas proporcionam retenção da renda da terra, que, em última instância, é convertida em benefício à família camponesa. A pesquisa também identificou que esses modelos cooperativos, no que pese sua distinção, permitem florescer o modo de vida camponês, representado por um conjunto de valores que norteiam suas vidas, como as relações de confiança, a autonomia, os vínculos familiares e a relação com a terra, entendida como meio de vida. Nesses termos, o cooperativismo é uma possibilidade concreta de recriação do campesinato no capitalismo, se por um lado a cooperação não levou à mudança geral da sociedade, por outro, no particular, ela tem contribuído para mudar a realidade dos camponeses envolvidos. The aim of this study is to discuss the contributions and limits of empresarialista and peasant cooperation models to the recriation process of the peasantry in the North Central mesoregion of Paraná.Theoretical and literature research and field research were the methodology used in this task and interviews in non-standard 70 peasant units were carried out. It was possible to indentify the main features of the cooperative models listed for the research by this methodology. It is possible to conclude which the empresarialista cooperative model took over a feature in which cooperatives were used as instrument of state for the modernization of the technical base in the agriculture, distancing itself from the possibility of comprehensive social transformation, as idealised the precursors of the modern cooperative movement but that, contradictorily, allow the recreation of the cooperated peasantry which struggle in the land. On the other hand, to the peasants who had to fight to remove the lock of the private capitalist property, the cooperativism presents itself at the same time as a strategy to struggle for land and struggle in the land, in other words, of resistance and recriation.This research demonstrates which the cooperative models, empresarialista and peasant, are different on the perspective of the organization and of the politichal and ideological content, however both models present potential contributions to peasant recriation in the capitalism, saved the contradictions inherent in these processes.For the seated peasants the peasant cooperative is an asset in the fight against the capitalist mode of production, being an economic and political tool which allows to access to alternative markets as the institutional, evading of the monopolistic circuits of the capitalist market. Empresarialistas cooperatives, in turn, have the prerogative the insertion of the peasants in the capitalist market via commodities production and insertion in a sector of the economy dominated by the large private groups. In this case, the cooperative attends as a strategy to retain part of peasant income of the land which would be drained by the capital. In both cases the cooperatives provide income retention of the land, which ultimately, is converted to benefit for the peasant family. The survey also identified which these cooperative models, in relation to its distinction, allow to flourish the peasant way of life represented by a set of values which guide their lives, such as trust relationships, autonomy, family ties and the relationship with the land, understood as a way of life. In these terms, cooperativism is a concrete possibility of recreation of the peasantry in the capitalism, if on the one hand the cooperation didn't lead to the general change of society, on the other hand, in the particular, it has contributed to change the reality of the involved peasants. 2018-02-26 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/doctoralThesis http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000217570 por info:eu-repo/semantics/openAccess Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências Exatas. Programa de Pós-Graduação em Geografia. URL BR reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL instname:Universidade Estadual de Londrina instacron:UEL