Diarreia neonatal bovina : epidemiologia e caracterização molecular dos genotipos G (VP7) e P (VP4) de rotavírus A, Brasil, 2006-2015

O rotavírus bovino A (RVA) é uma das principais causas de diarreia neonatal em bezerros de todo o mundo. Os genes VP7 e VP4 de RVA determinam a classificação binária em genotipos G e P, respectivamente. As principais combinações de genotipos G e P descritas em bovinos são: G6P[1], G6P[5], G6P[11], G...

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Bibliographic Details
Main Author: Thais Neris da Silva Medeiros
Other Authors: Amauri Alcindo Alfieri .
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências Agrárias. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. 2016
Online Access:http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000214319
Description
Summary:O rotavírus bovino A (RVA) é uma das principais causas de diarreia neonatal em bezerros de todo o mundo. Os genes VP7 e VP4 de RVA determinam a classificação binária em genotipos G e P, respectivamente. As principais combinações de genotipos G e P descritas em bovinos são: G6P[1], G6P[5], G6P[11], G8P[1] e G10P[11]. A presente pesquisa originou dois estudos temporais, em que foram coletadas amostras de fezes diarreicas de bezerros de corte e de leite de rebanhos brasileiros durante o período de 2006 a 2015. O objetivo do primeiro estudo foi descrever a frequência de RVA presente nas fezes diarreicas avaliadas e o objetivo do segundo estudo foi descrever os genotipos G e P de cepas de RVA circulantes nos rebanhos bovinos brasileiros. No primeiro estudo foram avaliadas 1498 amostras de fezes diarreicas pela técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida (ss-PAGE) seguida da coloração pelo nitrato de prata, de 124 rebanhos de corte e 56 rebanhos leiteiros das três principais regiões produtoras de bovinos do Brasil. O RVA foi identificado em 27,4% (410/1498) das amostras fecais avaliadas e a frequência de amostras positivas para RVA em bezerros de corte (31,9%; 328/1.027) foi significativamente maior (p&#8804;0,05) que a frequência verificada em bezerros leiteiros (17,4%; 82/471). A infecção pelo RVA foi verificada nas três regiões produtoras brasileiras avaliadas, no entanto, a frequência de bezerros com diarreia positivos para RVA na região Centro-Oeste (39,4%), foi significativamente maior (p&#8804;0,05) que as regiões Sul (19,4%) e Sudeste (17,6%). No segundo estudo, as amostras foram selecionadas a partir de um conjunto que consistia de 1589 amostras fecais previamente avaliadas para a presença de RVA pela técnica de ss-PAGE de cinco regiões geográficas brasileiras e destas, 417 (26,2%) foram positivas para RVA. Foram selecionadas por rebanho bovino uma ou duas amostras fecais positivas para RVA em ss-PAGE, sendo 155 cepas de RVA, 70 pertencentes a rebanhos de corte e 30 de rebanhos leiteiros. Os genes G e P das cepas de RVA foram amplificados por RT-PCR e sequenciados para análise filogenética. Os genotipos G6, G10, P[5] e P[11] foram detectados nas amostras de RVA avaliadas. Uma distribuição diferente de combinações de genotipos G e P foi encontrada de acordo com o tipo de aptidão, sendo o genotipo G6P[5] mais prevalente (68,5%) em rebanhos de corte e os genotipos G10P[11] (40,5%) e G6P[11] (32,4%) mais prevalentes em rebanhos leiteiros (p<0,05). Com relação às regiões geográficas analisadas, o maior número de cepas de RVA genotipadas pertenceu à região Centro-Oeste, sendo o genotipo G6 foi único identificado nesta região. As regiões Sul e Sudeste apresentaram maior diversidade de genotipos G e P. A combinação de genotipos G6(IV)P[5](IX) foi predominante em bovinos de corte, e as combinações G6(III)P[11](III) e G10(V)P[11](III) foram prevalentes em bovinos leiteiros. A linhagem P5(II) foi descrita pela primeira vez no Brasil, em rebanho de corte do Rio Grande do Sul. Com os resultados apresentados, conclui-se que o RVA continua sendo um dos principais agentes etiológicos de diarreia neonatal em bezerros nos rebanhos bovinos brasileiros. Em outras regiões do mundo, a diversidade de genotipos G e P é consideravelmente maior do que a encontrada no presente estudo, mesmo utilizando as mesmas metodologias diagnósticas que pode ser devido a eficácia das medidas de controle e profilaxia utilizadas. A importância dos estudos de genotipagem, particularmente com análises retrospectivas realizadas em diferentes regiões geográficas ou tipos de aptidão (corte e leite), contribui para a compreensão da evolução viral e da epidemiologia da infecção de RVA. === Bovine rotavirus A (RVA) is one of the main causes of neonatal diarrhea in calves around the world. The VP7 and VP4 genes of RVA determine the binary classification in G and P genotypes, respectively. The main combinations of G and P genotypes described in cattle are: G6P[1], G6P[5] G6P[11] G8P[1], and G10P[11]. The present research originated two temporal studies, in which diarrheic fecal samples were collected from beef and dairy calves from Brazilian herds during the period from 2006 to 2015. The objective of the first study was to describe the frequency of RVA present in the evaluated diarrheic fecal samples while objective of the second study was to describe the G and P genotypes of RVA strains circulating in Brazilian cattle herds. In the first study, were evaluated 1498 diarrheic fecal samples by silver staining electrophoresis polyacrylamide gel (ss-PAGE), from 124 cattle herds and 56 of dairy herds of the three main cattle producing regions of Brazil. The RVA was identified in 27.4% (410/1498) of the evaluated fecal samples and the frequency of RVA positive samples in beef calves (31.9%; 328 / 1,027) was significantly higher (p <0.05) than the frequency observed in dairy calves (17.4%; 82/471). The RVA infection was verified in the three Brazilian geographic regions evaluated, however, the frequency of calves with diarrhea positive for RVA in the Midwest region (39.4%) was significantly higher (p < 0.05) than for South (19.4%) and Southeast (17.6%) regions. In the second study, the samples were selected from a collection consisting of 1589 fecal samples previously evaluated for the presence of RVA by ss-PAGE technique from the five Brazilian geographic regions, in wich, 417 (26.2%) were positive for RVA. One or two fecal samples by bovine herd positive for RVA on ss-PAGE were selected, being 155 strains of RVA, which 70 belonged to cattle herds and 30 to dairy herds. The G and P genes of RVA strains were amplified by RT-PCR and sequenced for phylogenetic analysis. The G6, G10, P[5] and P[11] genotypes were detected in the evaluated RVA strains. A different distribution of combinations of G and P genotypes was found according to the type of exploitation, with the G6P [5] genotype being more prevalent (68.5%) in cattle herds and G10P[11] (40.5 %) and G6P[11] (32.4%) genotypes more prevalent in dairy herds (p <0.05). Regarding the geographic regions analyzed, the largest number of genotyped RVA strains belonged to the Central-West region, but only the G6 genotype was identified in this region. The Southern and Southeastern regions presented greater diversity of G and P genotypes. The combination of G6(IV)P[5](IX) genotypes was predominant in beef cattle herds, and the G6(III)P[11](III) and G10(V)P[11](III) were prevalent in dairy herds. The P5 (II) lineage was described for the first time in Brazil, in a herd of Rio Grande do Sul. With the results presented, it is concluded that RVA remains one of the main etiological agents of neonatal diarrhea in calves in Brazilian herds. Across the world, the diversity of G and P genotypes is considerably greater than that found in the present study, even using the same diagnostic methodologies. The importance of genotyping studies particularly with retrospective analyzes carried out in different geographical regions or types of exploitation (beef and dairy) contributes to the understanding of viral evolution and epidemiology of RVA infection.