Summary: | Introdução: A manutenção de um estilo de vida ativo e saudável, incluindo prática regular de atividades físicas e nutrição adequada, pode atenuar a redução de força e massa muscular (MM), fenômenos responsáveis por grande parte do declínio na capacidade funcional observada em idosos. Nesse sentido, a prática de treinamento resistido (TR) tem sido amplamente recomendada para esta população, em virtude dos diversos benefícios proporcionados por este tipo de exercício, sobretudo, aumento de força e MM e melhoria da qualidade muscular. Adicionalmente, o uso de dietas hiperproteicas pode ser benéfica para idosos, tanto para o aumento da síntese quanto diminuição da degradação proteica. Objetivos: Analisar o efeito da suplementação de proteínas além da ingestão habitual associada ao treinamento resistido sobre a massa muscular, força e qualidade muscular em mulheres idosas treinadas. Métodos: Quarenta e seis mulheres fisicamente independentes, com ingestão protéica diária inferior a 1,2 g/kg de massa corporal, após realizarem oito semanas de treinamento com pesos de forma padronizada, foram selecionadas para este estudo. As participantes foram divididas aleatoriamente em dois grupos, a saber: grupo baixa proteína (BP: n = 23; idade = 67,8 ± 4,1 anos) e grupo alta proteína (AP: n = 23; idade = 67,3 ± 4,1 anos). Ambos os grupos foram submetidos a ingestão de substâncias isocalóricas, três vezes por semana, antes e após sessões de treinamento resistido. Para o grupo BP foi ofertada uma dose de carboidratos (maltodextrina) antes e outra após, ao passo que o grupo AP recebeu carboidratos (maltodextrina) antes e proteínas (whey protein) imediatamente após cada sessão de treinamento, o que resultou em uma ingestão protéica média diária inferior a 1,2 g/kg de massa corporal (grupo BP) ou ≥ 1,2 g/kg de massa corporal (grupo AP). O programa de treinamento resistido foi composto por oito exercícios para os diferentes segmentos corporais (membros superiores, tronco e membros inferiores) que foram executados em três séries de 8-12 repetições máximas (RM) durante 12 semanas, em uma frequência de três sessões semanais. Testes de uma repetição máxima (1-RM) foram aplicados nos exercícios supino vertical, cadeira extensora e rosca scott. A somatória da carga máxima levantada (CTL) foi utilizada como indicador de força muscular. A massa muscular total (MM), a massa isenta de gordura e osso de membros inferiores (MI) e superiores (MS) foram determinadas por absortometria radiológica de dupla energia (DEXA). A qualidade muscular total, de membros superiores e inferiores foi estimada pela relação entre indicadores de força muscular e MM, MIGO INF e MIGO SUP. Resultados: Embora a força muscular tenha aumentado em ambos os grupos (P < 0,05), maiores incrementos foram identificados no grupo AP nos exercícios cadeira extensora (BP = 52,4 ± 13,0 kg vs. 54,7 ± 12,4 kg; AP = 52,6 ± 10,2 kg vs. 56,2 ± 10,4 kg; P < 0,05) e rosca Scott (BP = 22,7 ± 4,1 kg vs. 24,8 ± 4,6 kg; AP = 21,7 ± 3,7 kg vs. 24,7 ± 4,0 kg; P < 0,05) após 12 semanas de intervenção. Por outro lado, a melhoria de desempenho no exercício supino vertical (P < 0,05) ocorreu sem diferenças entre os grupos (BP = 46,0 ± 8,0 kg vs. 47,5 ± 8,4 kg; AP = 43,4 ± 9,8 kg vs. 45,6 ± 10,0 kg; P > 0,05). Uma maior evolução da carga total levantada ao longo de 12 semanas de intervenção foi revelada no grupo AP (BP = 121,1 ± 19,7 kg vs.127,0 ± 20,2 kg; AP = 117,6 ± 21,1 kg vs. 126,6 ± 21,7 kg; P < 0,05). Aumentos significantes (P < 0,05) na MM (BP = +0,3 kg vs. AP = +0,7 kg), MIGO SUP (BP = +0,1 kg vs. AP = +0,1 kg) e MIGO INF (BP = +0,1 kg vs. AP = +0,4 kg) foram encontrados em ambos os grupos, sem diferenças estatisticamente significantes entre eles (P > 0,05). De forma similar, uma melhoria da qualidade muscular total (BP = 6,6 ± 0,9 vs. 6,8 ± 1,0; AP = 7,0 ± 1,2 vs. 7,3 ± 1,1), qualidade muscular de membros superiores (BP = 5,5 ± 0,7 vs. 5,9 ± 0,8; AP = 5,3 ± 1,0 vs. 5,8 ± 1,0) e qualidade muscular de membros inferiores (BP = 4,4 ± 0,8 vs. 4,6 ± 0,8; AP = 4,6 ± 0,9 vs. 4,8 ± 0,8) foi revelada, sem diferenças estatisticamente significantes entre os grupos (P > 0,05). Conclusão: Os resultados sugerem que o uso de uma dieta hiperproteica (> 1,2 g/kg de massa corporal) associada ao treinamento resistido parece ser uma estratégia interessante para o aumento da força muscular, ao passo que este tipo de treinamento pode promover melhoria da qualidade muscular, da MM e da MI e MS a partir da ingestão proteica diária superior a 0,8 g/kg de massa corporal em mulheres idosas treinadas. === Introduction: Maintaining an active and healthy lifestyle, including regular physical activity and proper nutrition, can attenuate the reduction of muscular strength and muscle mass (MM), phenomena responsible for much of the decline in functional capacity observed in the elderly. In this sense, the practice of resistance training (RT) has been widely recommended for this population, due to the various benefits provided by this type of exercise, especially, increase of muscular strength and MM and improvement of muscle quality. Additionally, the use of hyperproteic diets may be beneficial for the elderly, both for increased synthesis and decreased protein degradation. Objectives: To analyze the effect of hyperproteic intake associated with resistance training on muscle mass, strength and muscle quality in trained elderly women. Methods: Forty-six physically independent women with daily protein intake less than 1.2 g/kg of body mass/day, after eight weeks of standardized resistance training, were selected for this study. The participants were randomly divided into two groups: low protein group (LP: n = 23; age = 67.8 ± 4.1 years) and high protein group (HP: n = 23; age = 67.3 ± 4.1 years). Both groups were submitted to ingestion of isocaloric substances, three times a week, before and after resistance training sessions. For the LP group, a carbohydrate (maltodextrin) dose was offered before and after, while the HP group received carbohydrates (maltodextrin) before and protein (whey protein) immediately after each training session, which resulted in a protein intake < 1.2 g/kg of body mass (LP group) or ≥ 1.2 g/kg of body mass (HP group). The resistance training program consisted of eight exercises for the different body segments (upper limbs, trunk, and lower limbs) that were performed in three sets of 8-12 repetitions maximum (RM) for 12 weeks. One repetition maximal tests (1-RM) were applied in the chest press, knee extension, and preacher curl. The sum of the maximum lifted load (MLL) was used as an indicator of muscular strength. Total MM, fat-free mass and upper (ULLST) and lower limbs lean-soft tissue (LLLST) were determined by dual-energy X-ray absorptiometry (DXA). The total muscle quality of upper and lower limbs was estimated by the relation between muscular strength indicators and MM, ULLST and LLLST. Results: Although muscular strength increased in both groups (P < 0.05), greater increases were identified in the HP group in knee extension (LP = 52.4 ± 13.0 kg vs. 54.7 ± 12,4 kg; HP = 52.6 ± 10.2 kg vs. 56.2 ± 10.4 kg, P < 0.05) and preacher curl (LP = 22.7 ± 4.1 kg vs. 24.8 ± 4.6 kg, HP = 21.7 ± 3.7 kg vs. 24.7 ± 4.0 kg, P < 0.05) after 12 weeks of intervention. On the other hand, the performance improvement in the chest press (P < 0.05) occurred without differences between groups (LP = 46.0 ± 8.0 kg vs. 47.5 ± 8.4 kg; HP = 43 , 4 ± 9.8 kg vs. 45.6 ± 10.0 kg, P > 0.05). A higher evolution of the total load lifted over 12 weeks of intervention was revealed in the PA group (LP = 121.1 ± 19.7 kg vs.127.0 ± 20.2 kg; HP = 117.6 ± 21.1 kg vs. 126.6 ± 21.7 kg, P < 0.05). Significant increases (P < 0.05) in MM (LP = +0.3 kg vs. HP = +0.7 kg), ULLST (LP = +0.1 kg vs. HP = +0.1 kg) and LLLST (LP = +0.1 kg vs. HP = +0.4 kg) were found in both groups, with no statistically significant differences between them (P > 0.05). Similarly, an improvement in total muscle quality (LP = 6.6 ± 0.9 vs. 6.8 ± 1.0; HP = 7.0 ± 1.2 vs. 7.3 ± 1.1), upper limbs muscle quality (LP = 5.5 ± 0.7 vs. 5.9 ± 0.8; HP = 5.3 ± 1.0 vs. 5.8 ± 1.0), and lower limb muscle quality (LP = 4.4 ± 0.8 vs. 4.6 ± 0.8; HP = 4.6 ± 0.9 vs. 4.8 ± 0.8) was revealed, without statistical significant differences between the groups (P > 0.05). Conclusion: The results suggest that the use of a hyperproteic diet (> 1.2 g/kg of body mass) associated with resistance training seems to be an interesting strategy for increasing muscular strength, whereas this type of training may promote improvement muscle quality, MM, ULLST and LLLST from daily protein intake of more than 0.8 g/kg of body mass in trained elderly women.
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