Arendt e o caso Eichmann : reflexões sobre a justiça

Trata-se de uma reflexão acerca da justiça a partir da análise de Hannah Arendt do julgamento de Eichmann pelo tribunal de Jerusalém, tendo por propulsão o porquê da concordância de Arendt com a pena de morte imposta ao réu e disso concluir pela realização da justiça ao caso, apesar das severas crít...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ana Carolina Turquino Turatto
Other Authors: Maria Cristina Müller .
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Londrina. Centro de Letras e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. 2017
Online Access:http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000212476
Description
Summary:Trata-se de uma reflexão acerca da justiça a partir da análise de Hannah Arendt do julgamento de Eichmann pelo tribunal de Jerusalém, tendo por propulsão o porquê da concordância de Arendt com a pena de morte imposta ao réu e disso concluir pela realização da justiça ao caso, apesar das severas críticas tecidas ao processamento. Da pesquisa teórica pela revisão bibliográfica das obras da filósofa e de seus comentadores, pode-se depreender que, segundo Arendt, seria o pensamento, em especial, o axioma socrático da não contradição em questões morais, o pensamento alargado e a imaginação que fazem com que pessoas não abram mão das faculdades do juízo e de fazerem escolhas certas, caso contrário não conseguiriam conviver consigo mesmas. No caso Eichmann, embora consciente de seus atos, o réu optou por não pensar e julgar. Diante dessa escolha, tornou-se um risco à humanidade, que decidiu por não querer conviver mais com ele, aplicando-lhe, por meio do tribunal, o axioma socrático. Nesse sentido, a justiça feita teria sido política, no interesse não de um Estado específico, mas no interesse da humanidade, cuja existência se caracteriza pela pluralidade. === This is a reflection on justice from Hannah Arendt's analysis of the Eichmann trial by the Jerusalem court, and has as its main drive Arendt's agreement with the death penalty imposed on the defendant, leading her to conclude justice had been done to the case, despite the severe criticism of processing. From the theoretical research by the bibliographical review of the works of the philosopher and her commentators, it can be deduced that, according to Arendt, the Socratic axiom of non-contradiction in moral questions, extended thinking and imagination make people not relinquish the faculties of judgment and make the right choices, otherwise they would not be able to live with themselves. In the Eichmann case, although aware of his actions, the defendant chose not to think and judge. Faced with this choice, he became a risk to mankind, who decided not to want to live with him anymore, applying the Socratic axiom through the court. In this sense, the justice done would have been political, in the interest not of a specific State, but in the interest of humanity, whose existence is characterized by plurality.