Summary: | O presente estudo teve por objetivo avaliar o impacto das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) no custo da hospitalização de crianças. Foi utilizado método epidemiológico, prospectivo, observacional, envolvendo todas as crianças admitidas na Unidade de Internação e de Terapia Intensiva Pediátrica de um hospital universitário público do norte do Paraná, entre julho e dezembro de 2015. Foram incluídas todas as crianças hospitalizadas por período superior a 24 horas e excluídas as internadas por período superior a três meses. A tabulação e análise dos dados foram realizadas utilizando-se o software Statistical Package for the Social Sciences, versão 20. Foram analisadas 173 crianças sendo 32 (15,5%) com diagnóstico de IRAS, a mediana de idade foi de três anos. O período de hospitalização teve uma média de 12,3 dias, sendo que 70% das crianças permaneceram até 15 dias hospitalizadas. Dentre as categorias diagnósticas, as doenças do sistema digestório foram as mais prevalentes. Quanto aos procedimentos invasivos, 41,6% das crianças receberam ao menos um dispositivo, com ênfase no cateter venoso central (35,3%), cateter urinário (27,5%) e ventilação mecânica (22,5%), 59 (34,1%) crianças foram submetidas à cirurgia, sendo 47,5% gastrintestinais. Em relação ao desfecho clínico, 169 crianças sobreviveram, três evoluíram a óbito e uma foi transferida para outro hospital. A análise de custo nos setores mostrou que a mediana do custo da hospitalização de crianças na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica foi superior ao valor dos demais setores. A hospitalização inferior a sete dias apresentou menor custo quando comparada aos outros períodos (p<0,001). A presença de IRAS aumentou o custo em 4,2 vezes (p<0,001). As internações das crianças que tiveram dois ou mais sítios infecciosos diagnosticados (p=0,010) e aquelas que desenvolveram sepse (p<0,001) foram associadas a maior custo, assim as colonizadas por microrganismos multirresistentes, com ênfase Escherichia coli e Acinetobacter baumanii, tiveram custos maiores. Os custos do tratamento foram menores para o metronidazol e maiores para os antifúngicos. As IRAS aumentaram significativamente as complicações infecciosas e o custo da hospitalização de crianças. O elevado custo associado a crianças com IRAS justificam investimentos no âmbito da prevenção, do diagnóstico precoce e tratamento adequado aos pacientes. === The objective of the present study was to evaluate the impact of health care-related infections (HAI) on the cost of hospitalization of children using an observacional, prospective epidemiological method, with all the children admitted to the Inpatient and Pediatric Intensive Care Unit of a public university hospital in the north of Paraná, from July to December 2015. All hospitalized children were included, for a period of more than 24 hours, and those hospitalized for more than three months were excluded. Data were tabulated and analyzed using the software Statistical Package for the Social Sciences, version 20. A total of 173 children were analyzed, 32 (15.5%) with HAI diagnosis, the median age was three years. The hospitalization period had an average of 12.3 days, and 70% of the children remained hospitalized for up to 15 days. Among the diagnostic categories, diseases of the digestive system were the most prevalent. Regarding invasive procedures, 41.6% of the children received at least one device, with emphasis on the central venous catheter (35.3%), urinary catheter (27.5%) and mechanical ventilation (22.5%), 59 (34.1%) children underwent surgery, being 47.5% gastrointestinal. Regarding the clinical outcome, 169 children survived, three died and one was transferred to another hospital. The analysis of cost in the sectors showed that the median cost of hospitalization of children in the Pediatric Intensive Care Unit was higher than the value of the other sectors. Hospitalization of less than seven days presented lower costs when compared to the other periods (p <0.001). The presence of HAI increased the cost by 4.2 times (p <0.001). The hospitalizations of children who had two or more diagnosed infectious sites (p = 0.010) and those who developed sepsis (p <0.001) were associated with higher costs, such as those colonized by multiresistant microorganisms with an emphasis on Escherichia coli and Acinetobacter baumanii. Treatment costs were lower for metronidazole and higher for antifungal drugs. HAI significantly increased infectious complications and the cost of hospitalization for children. The high cost associated with children with HAI justifies investments in the area of prevention, early diagnosis and appropriate treatment for patients.
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