Summary: | Objetivou-se desvelar a percepção dos trabalhadores de enfermagem em relação à violência física ocupacional em serviços de urgência e emergência hospitalares. Estudo com abordagem metodológica qualitativa, desenvolvida por meio de entrevistas individuais e ancorada no referencial teórico do Interacionismo Simbólico (IS). Os dados foram coletados em dois hospitais de média complexidade, localizados no norte do Paraná. A análise das entrevistas tomou por base o perfil dos trabalhadores e identificou sete categorias: 1) O agressor e as possíveis causas para a violência física ocupacional na percepção do trabalhador de enfermagem; 2) O significado da violência física ocupacional para o trabalhador: sentimentos de fragilidade; 3) Reação dos trabalhadores frente à agressão física ocupacional; 4) Sugestões dos trabalhadores de enfermagem para o enfrentamento da violência física ocupacional; 5) Fragilidades percebidas pelos trabalhadores de enfermagem frente à violência física ocupacional; 6) A decisão de compartilhar com a família sobre as violências vivenciadas no local de trabalho e 7) Percepção do trabalhador de enfermagem sobre como a sociedade os vê. Dos 16 participantes do estudo, dez eram homens com idades entre 30 e 47 anos; seis eram mulheres na faixa etária de 30 a 55 anos. Identificou-se que os atos agressivos foram perpetrados, em sua maioria, por pacientes, e por profissionais de outras áreas da saúde cujas motivações estavam intimamente relacionadas à maneira com que os envolvidos se comunicavam. O significado da violência variou conforme a reflexão de cada indivíduo, envolvendo questões pessoais e culturais. Outro aspecto desvelado foram as reações dos trabalhadores de acordo com suas características pessoais e a maneira como desenvolveram o self (consciência de si mesmo), proposto pelo IS. Em relação às sugestões, as propostas foram distintas, mas em todas as narrativas houve preocupação em citar medidas para autossegurança e questões estruturais que fogem de suas governabilidades, mas que seriam fundamentais para a minimização do problema. Relataram ainda que se sentem despreparados para o enfrentamento de situações conflituosas e apresentam dificuldades de compartilhar essas informações com os seus familiares, característica mais presente nas falas dos homens. Outra percepção identificada foi a de desvalorização do profissional de enfermagem por parte da sociedade. A compreensão da violência física ocupacional a partir da perspectiva dos diferentes atores possibilitou compreender a complexidade desse fenômeno e a importância do desenvolvimento de ações não apenas por parte dos profissionais de enfermagem, mas também por parte das equipes multiprofissionais e intersetoriais visando à prevenção e o enfrentamento da violência no ambiente de trabalho. === This paper aimed to unveil the nursing staff´s perception on occupational physical violence in hospital emergency services. This is a qualitative approach study developed through individual interviews and anchored in the theoretical framework of Symbolic Interaction (SI). The data were collected in two hospitals of medium complexity, located in northern Paraná. The analysis of the interviews was based on the workers´ profile and identified seven categories: 1) The aggressor and the possible causes for occupational physical violence in the nursing staff´s perception; 2) The significance of occupational physical violence to the worker: feelings of weakness; 3) Workers´ reaction regarding occupational physical aggression; 4) Nursing staff´s suggestions for fighting against occupational physical violence; 5) Weaknesses perceived by nursing staff across the occupational violence; 6) The decision to share with their family about the violence experienced in the workplace and; 7) Nursing staff´s perception about how society sees them. From a total of 16 participants, ten were men aged between 30 and 47 years old and six were women aged 30-55 years old. It was identified that the aggressive acts were committed, mostly, by patients and professionals from other health areas whose motives were closely related to the way that those involved used to deal with each other. Their violence meaning varied according to each individual´s reflection, involving personal and cultural issues. Another unveiled aspect was the worker's reaction according to their personal characteristics and the way they developed their self-consciousness, proposed by the SI. Regarding suggestions, the proposals were different, but in all narratives, there was concern in quoting measures to self-security and structural issues, fleeing their control, but that would be critical to minimizing the problem. They also reported that they feel unprepared for dealing with conflict situations and find it difficult to share this information with their families, characteristic that is present in men´s words. Another identified perception was the depreciation of nursing professionals by the society. An understanding of occupational physical violence from the perspective of different actors enabled us to understand the complexity of this phenomenon and the importance of developing actions not only by nursing staff, but also by the multidisciplinary and intersectoral teams aiming violence prevention and confrontation in the workplace.
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