Avaliação das alterações metabólicas, da adiponectina e do estresse oxidativo em pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1)

O estresse oxidativo é uma condição caracterizada por um desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) e espécies reativas de nitrogênio (ERN) e a sua neutralização pelas defesas antioxidantes, levando ao acúmulo de ERO e ERN e seus metabólitos, com alterações no estado redox...

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Bibliographic Details
Main Author: Helena Kaminami Morimoto
Other Authors: Edna Maria Vissoci Reiche .
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. 2015
Online Access:http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000202350
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description O estresse oxidativo é uma condição caracterizada por um desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) e espécies reativas de nitrogênio (ERN) e a sua neutralização pelas defesas antioxidantes, levando ao acúmulo de ERO e ERN e seus metabólitos, com alterações no estado redox da célula. Estas espécies reativas podem agir sobre os componentes biológicos e induzir ao processo oxidativo e nitrosativo em lipídeos, proteínas e ácidos nucléicos. Uma grande variedade de doenças crônicas apresenta estresse oxidativo e nitrosativo como parte da patogênese, incluindo a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1). A relação entre estresse oxidativo e nitrosativo e a infecção pelo HIV-1 reside no fato de que as ER e seus metabólitos são componentes importantes nos eventos das respostas imunes inata e adaptativa. Por outro lado, estudos mostraram papéis específicos para os eventos oxidativos, tanto da imunidade do hospedeiro quanto da biologia do vírus. A ocorrência do estresse oxidativo em pacientes infectados pelo HIV-1 tem sido implicada na progressão da doença, assim como no desenvolvimento de doenças secundárias, tais como doenças cardiovasculares, resistência à insulina e síndrome metabólica (SM). O objetivo do presente estudo foi avaliar o papel da SM e estresse oxidativo em pacientes infectados pelo HIV-1 e caracterizar os eventos do estado redox e suas implicações clínicas nas características da doença. Participaram do estudo 285 pacientes divididos em quatro grupos: G1: pacientes sem SM que não estavam usando terapia antirretroviral (ARV); G2: pacientes sem SM usando ARV; G3: pacientes com SM que não estavam usando ARV; G4: pacientes com SM usando ARV. Foram avaliados parâmetros bioquímicos como dosagem de adiponectina, ácido úrico (AU), perfil lipídico, glicose, insulina e o modelo da homeostase de avaliação da resistência à insulina (HOMA-IR); parâmetros imunológicos como contagem de células T CD45+, T CD3+, T CD4+ e T CD8+, parâmetros virológicos como quantificação da carga viral de RNA-HIV-1 e marcadores de estresse oxidativo, como peroxidação lipídica, produtos avançados de oxidação protéica (AOPP) e capacidade antioxidante total do plasma (TRAP). Os resultados mostraram que os pacientes do G4 exibiram níveis mais elevados de lipoperóxidos do que os do G1 (p <0,0001) e níveis mais elevados de AOPP do que os do G2 e G1 (p <0,0001). Os pacientes do G3 também apresentaram maior AOPP do que os do G2 (p <0,05) e os do G4 mostraram menores níveis de adiponectina quando comparados com os do G2 ou G1 (p <0,0001). Da mesma forma, os pacientes do G3 apresentaram menores níveis de adiponectina do que os do G2 (p <0,05) e G1 (p <0,0001). A análise multivariada mostrou que o aumento da AOPP e a diminuição da relação do TRAP/AU foram independentemente associados com SM em pacientes infectados pelo HIV-1. Quanto aos marcadores da progressão da doença e da replicação viral analisados, pacientes do G4 exibiram significativamente maior contagem de células T CD45+, T CD3+ e T CD4+ do que os do G2 (p <0,01). Os dados permitem concluir que pacientes infectados pelo HIV-1 com SM exibiram hipoadiponectinemia e aumento do estresse oxidativo e que estas alterações não foram influenciadas pelo uso de ARV. Os resultados sugerem que a SM e o estresse oxidativo podem ser importantes fatores envolvidos no desenvolvimento das características laboratoriais dos pacientes infectados pelo HIV. Mais estudos são necessários para se verificar propostas de intervenções, como dietas individualizadas e/ou suplementação com nutrientes que poderiam aumentar os níveis de adiponectina e diminuir o nível de estresse oxidativo e nitrosativo e, consequentemente, reduzir as complicações relacionadas à SM (de riscos cardiovasculares, diabetes e disfunção lipídica) e progressão da doença. === Oxidative stress is a condition characterized by the imbalance between the production of reactive oxigen species (ROS), reactive nitrogen species (RNS) and their neutralization by the antioxidant defenses, leading to the accumulation of ROS, RNS, and their derived metabolites, with changes in the redox status of the cell. These ROS and RNS can act on biological components and induce the oxidative and nitrosative reactions on lipids, proteins, and nucleic acids. A wide variety of chronic diseases presents oxidative stress as a part of their pathogenesis, including the human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1) infection. The relationship between oxidative stress and HIV-1 infection lays in the fact that the ROS and RNS are important components in several events of the innate and adaptive immune responses. On the other hand, studies have shown specific role for oxidative-driven events in both the host immunity and the virus biology. Tthe occurrence of oxidative stress in HIV-1-infected patients has been implicated in disease progression, as well as in developing other secondary disorders, such as cardiovascular diseases, insulin resistance, and metabolic syndrome (MS). The aim of this study was to evaluate the role of MS and oxidative stress in patients infected with HIV-1 and to characterize the events of the redox state and their clinical implications in the characteristics of the disease. The study included 285 patients divided into four groups: G1: patients without MS who were not using antiretroviral therapy (ART); G2: patients without MS using ARV; G3: patients with MS who were not using ART; G4: patients with MS using ART. Were evaluated biochemical parameters, such as plasma levels of adiponectin, uric acid (UA), lipid profile, glucose, insulin, and homeostatic model of assessment of insulin resistance (HOMA-IR); immunological parameters, such as CD45+, CD3+, CD4+, and CD8+ T cell counts; viral load of RNA-HIV-1, and oxidative stress parameters, such as lipoperoxidation, advanced oxidated protein products (AOPP), and total radical trapping antioxidant parameter (TRAP). The results demonstrated that G4 patients exhibited higher levels of lipoperoxide than G1 patients (p <0.0001) and higher AOPP than G2 or G1 patients (p <0.0001). The G3 patients also showed higher AOPP than the G2 (p <0.05) and G4 showed lower levels of adiponectin compared to G2 or G1 patients (p <0.0001). Likewise, G3 patients showed lower levels of adiponectin compared to G2 (p <0.05) and G1 patients (p <0.0001). Multivariate analysis showed that both increased AOPP and decreased TRAP/UA ratio were independently associated with MS in patients infected with HIV-1. Regarding the markers of disease progression and viral replication analyzed, G4 patients exhibited significantly higher CD45+ CD3+ and CD4+T cell counts when compared to G2 patients (p <0.01). The data show that patients infected with HIV-1 with MS exhibited hypoadiponectinemia and increased oxidative stress and these changes were not influenced by the use of ART. The results suggest that MS and oxidative stress can be important factors involved in the development of laboratory characteristics of HIV-infected patients. More studies are needed to determine whether new interventions approaches, such as individualized diet and /or supplementation with nutrients that could increase adiponectin levels and decrease the level of oxidative and nitrosative stress and, therefore, reduce complications related to MS (cardiovascular risk, diabetes and lipid dysfunction) and disease progression.
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Helena Kaminami Morimoto
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Uma grande variedade de doenças crônicas apresenta estresse oxidativo e nitrosativo como parte da patogênese, incluindo a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1). A relação entre estresse oxidativo e nitrosativo e a infecção pelo HIV-1 reside no fato de que as ER e seus metabólitos são componentes importantes nos eventos das respostas imunes inata e adaptativa. Por outro lado, estudos mostraram papéis específicos para os eventos oxidativos, tanto da imunidade do hospedeiro quanto da biologia do vírus. A ocorrência do estresse oxidativo em pacientes infectados pelo HIV-1 tem sido implicada na progressão da doença, assim como no desenvolvimento de doenças secundárias, tais como doenças cardiovasculares, resistência à insulina e síndrome metabólica (SM). O objetivo do presente estudo foi avaliar o papel da SM e estresse oxidativo em pacientes infectados pelo HIV-1 e caracterizar os eventos do estado redox e suas implicações clínicas nas características da doença. Participaram do estudo 285 pacientes divididos em quatro grupos: G1: pacientes sem SM que não estavam usando terapia antirretroviral (ARV); G2: pacientes sem SM usando ARV; G3: pacientes com SM que não estavam usando ARV; G4: pacientes com SM usando ARV. Foram avaliados parâmetros bioquímicos como dosagem de adiponectina, ácido úrico (AU), perfil lipídico, glicose, insulina e o modelo da homeostase de avaliação da resistência à insulina (HOMA-IR); parâmetros imunológicos como contagem de células T CD45+, T CD3+, T CD4+ e T CD8+, parâmetros virológicos como quantificação da carga viral de RNA-HIV-1 e marcadores de estresse oxidativo, como peroxidação lipídica, produtos avançados de oxidação protéica (AOPP) e capacidade antioxidante total do plasma (TRAP). Os resultados mostraram que os pacientes do G4 exibiram níveis mais elevados de lipoperóxidos do que os do G1 (p <0,0001) e níveis mais elevados de AOPP do que os do G2 e G1 (p <0,0001). Os pacientes do G3 também apresentaram maior AOPP do que os do G2 (p <0,05) e os do G4 mostraram menores níveis de adiponectina quando comparados com os do G2 ou G1 (p <0,0001). Da mesma forma, os pacientes do G3 apresentaram menores níveis de adiponectina do que os do G2 (p <0,05) e G1 (p <0,0001). A análise multivariada mostrou que o aumento da AOPP e a diminuição da relação do TRAP/AU foram independentemente associados com SM em pacientes infectados pelo HIV-1. Quanto aos marcadores da progressão da doença e da replicação viral analisados, pacientes do G4 exibiram significativamente maior contagem de células T CD45+, T CD3+ e T CD4+ do que os do G2 (p <0,01). Os dados permitem concluir que pacientes infectados pelo HIV-1 com SM exibiram hipoadiponectinemia e aumento do estresse oxidativo e que estas alterações não foram influenciadas pelo uso de ARV. Os resultados sugerem que a SM e o estresse oxidativo podem ser importantes fatores envolvidos no desenvolvimento das características laboratoriais dos pacientes infectados pelo HIV. Mais estudos são necessários para se verificar propostas de intervenções, como dietas individualizadas e/ou suplementação com nutrientes que poderiam aumentar os níveis de adiponectina e diminuir o nível de estresse oxidativo e nitrosativo e, consequentemente, reduzir as complicações relacionadas à SM (de riscos cardiovasculares, diabetes e disfunção lipídica) e progressão da doença. Oxidative stress is a condition characterized by the imbalance between the production of reactive oxigen species (ROS), reactive nitrogen species (RNS) and their neutralization by the antioxidant defenses, leading to the accumulation of ROS, RNS, and their derived metabolites, with changes in the redox status of the cell. These ROS and RNS can act on biological components and induce the oxidative and nitrosative reactions on lipids, proteins, and nucleic acids. A wide variety of chronic diseases presents oxidative stress as a part of their pathogenesis, including the human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1) infection. The relationship between oxidative stress and HIV-1 infection lays in the fact that the ROS and RNS are important components in several events of the innate and adaptive immune responses. On the other hand, studies have shown specific role for oxidative-driven events in both the host immunity and the virus biology. Tthe occurrence of oxidative stress in HIV-1-infected patients has been implicated in disease progression, as well as in developing other secondary disorders, such as cardiovascular diseases, insulin resistance, and metabolic syndrome (MS). The aim of this study was to evaluate the role of MS and oxidative stress in patients infected with HIV-1 and to characterize the events of the redox state and their clinical implications in the characteristics of the disease. The study included 285 patients divided into four groups: G1: patients without MS who were not using antiretroviral therapy (ART); G2: patients without MS using ARV; G3: patients with MS who were not using ART; G4: patients with MS using ART. Were evaluated biochemical parameters, such as plasma levels of adiponectin, uric acid (UA), lipid profile, glucose, insulin, and homeostatic model of assessment of insulin resistance (HOMA-IR); immunological parameters, such as CD45+, CD3+, CD4+, and CD8+ T cell counts; viral load of RNA-HIV-1, and oxidative stress parameters, such as lipoperoxidation, advanced oxidated protein products (AOPP), and total radical trapping antioxidant parameter (TRAP). The results demonstrated that G4 patients exhibited higher levels of lipoperoxide than G1 patients (p <0.0001) and higher AOPP than G2 or G1 patients (p <0.0001). The G3 patients also showed higher AOPP than the G2 (p <0.05) and G4 showed lower levels of adiponectin compared to G2 or G1 patients (p <0.0001). Likewise, G3 patients showed lower levels of adiponectin compared to G2 (p <0.05) and G1 patients (p <0.0001). Multivariate analysis showed that both increased AOPP and decreased TRAP/UA ratio were independently associated with MS in patients infected with HIV-1. Regarding the markers of disease progression and viral replication analyzed, G4 patients exhibited significantly higher CD45+ CD3+ and CD4+T cell counts when compared to G2 patients (p <0.01). The data show that patients infected with HIV-1 with MS exhibited hypoadiponectinemia and increased oxidative stress and these changes were not influenced by the use of ART. The results suggest that MS and oxidative stress can be important factors involved in the development of laboratory characteristics of HIV-infected patients. More studies are needed to determine whether new interventions approaches, such as individualized diet and /or supplementation with nutrients that could increase adiponectin levels and decrease the level of oxidative and nitrosative stress and, therefore, reduce complications related to MS (cardiovascular risk, diabetes and lipid dysfunction) and disease progression. 2015-07-10 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/doctoralThesis http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000202350 por info:eu-repo/semantics/openAccess Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. URL BR reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL instname:Universidade Estadual de Londrina instacron:UEL