Em busca de falares a partir de áreas lexicais no centro-sul do Brasil
A necessidade de estabelecer áreas dialetais brasileiras subjaz aos trabalhos de cunho dialetológico implícita ou explicitamente. Antenor Nascentes, em O Linguajar Carioca (1922), apresenta um mapa dialetológico do Brasil, reformulado em 1953. O autor divide o português brasileiro em seis subfalares...
Main Author: | |
---|---|
Other Authors: | |
Language: | Portuguese |
Published: |
Universidade Estadual de Londrina. Centro de Letras e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem.
2015
|
Online Access: | http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000199003 |
id |
ndltd-IBICT-oai-uel.br-vtls000199003 |
---|---|
record_format |
oai_dc |
collection |
NDLTD |
language |
Portuguese |
sources |
NDLTD |
description |
A necessidade de estabelecer áreas dialetais brasileiras subjaz aos trabalhos de cunho dialetológico implícita ou explicitamente. Antenor Nascentes, em O Linguajar Carioca (1922), apresenta um mapa dialetológico do Brasil, reformulado em 1953. O autor divide o português brasileiro em seis subfalares compreendidos em dois grandes grupos ? Norte e Sul. O primeiro engloba o subfalar Amazônico e Nordestino e o segundo compreende os subfalares Baiano, Fluminense, Mineiro e Sulista. Soma-se a esse conjunto de falares uma área denominada como Território Incaracterístico. Discute-se, nesta pesquisa, a divisão dialetal de Antenor Nascentes (1953) no que se refere à área geográfica do subfalar sulista, sob a perspectiva lexical, com vistas a propor uma reformulação. Como objetivos específicos, busca-se revelar as diferenças lexicais dessa área geográfica e delimitar linhas de isoléxicas e/ou heteroléxicas que podem refletir traços da história social do português. A hipótese central do trabalho pauta-se no pressuposto de que a região correspondente ao subfalar sulista não apresenta homogeneidade no que diz respeito ao léxico. Para alcançar os objetivos estabelecidos, adotam-se os pressupostos teóricos e metodológicos da Dialetologia e da Geolinguística e utilizam-se como corpus de análise os dados do Projeto ALiB correspondentes a 118 municípios brasileiros, perfazendo o total de 472 informantes. A rede de pontos contempla os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e parte do território de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Foram selecionadas 5 questões do Questionário Semântico-Lexical para validar a hipótese da pesquisa, a saber: 001 ? córrego; 039 ? tangerina; 132 ? menino; 156 ? bolinha de gude e 177 ? geleia. A partir da observação do comportamento diatópico das variantes documentadas para as questões supramencionadas e do tratamento estatístico para validar hipóteses sobre a homogeneidade ou heterogeneidade lexical na área do subfalar sulista, pode-se chegar à conclusão de que a porção setentrional do território investigado apresenta diferenças em relação à parte meridional, evidenciando a existência de dois grandes falares: o paulista e o sulista. Apesar de os limites e abrangência desses dois falares serem virtuais e fluidos, o falar paulista localiza-se, principalmente, no Estado de São Paulo e adjacências: norte do Paraná, oeste do Mato Grosso do Sul, sul de Goiás, de Minas Gerais e Triângulo Mineiro. Este falar caracteriza-se pelo menor número de variantes lexicais e áreas de coocorrência de itens, predominando o uso da forma considerada padrão. Já o falar sulista, de influência sul-rio?grandense, localiza-se no Estado do Rio Grande do Sul expandindo-se para o oeste de Santa Catarina e sudoeste parananese. Este falar revela traços do português em contato com outras línguas por conta de movimentos imigratórios e apresenta maior número de variantes lexicais delimitadas pelas linhas de heteroléxicas. A esses dois falares somam-se subáreas lexicais que ora se identificam com o falar paulista, ora com o sulista. === The need to establish Brazilian dialect areas underlies the dialectological nature works implicity or explicitly. Antenor Nascentes, in O Linguajar Carioca (1922), presents a dialectological map of Brazil, redesigned in 1953. The author divides Brazilian Portuguese into six types of subspeech included into two major groups ? North and South. The first encompasses the subspeech Amazônico and Nordestino and the second comprises the subspeech Baiano, Fluminense, Mineiro and Sulista. Added to this set of speech, an area known as Território Incaracterístico. This research discusses the dialectal division of Antenor Nascentes (1953) with regard to the geographical area of the sulista subspeech under the lexical perspective, to propose a reformulation. As specific objectives, the research aims to reveal the lexical differences of this geographical area and to delimit isolexical and/or heterolexical lines that can reflect traces of the social history of the Portuguese language. The central hypothesis of work is guided in the assumption that the region corresponding to the sulista subspeech has no uniformity as regards the lexicon. To achieve the objectives established, the theoretical and methodological assumptions of Dialectology and Geolinguistics were adopted and the analytical corpus used was the data of the ALiB Project corresponding to 118 Brazilian municipalities, totaling 472 informants. The point network covers the states of Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul and part of the State of Minas Gerais, Goiás and Mato Grosso. Five questions from the Lexical-Semantic Questionnaire were selected to validate the research hypothesis, namely: 001 ? córrego; 039 ? tangerina; 132 ? menino; 156 ? bolinha de gude and 177 ? geleia. From the observation of the diatopical behavior of variants documented for the above issues and from statistical treatment to validate assumptions regarding lexical homogeneity and/or heterogeneity in the area of sulista subspeech, the research concluded that the northern portion of the territory investigated presents differences in relation to the southern part, showing the existence of two large types of speech: the paulista and the sulista. In spite of the limits and scope of these two types of speech being virtual and fluid, the paulista speech is located mainly in the state of São Paulo and neighboring areas: the north of Paraná, the west of Mato Grosso do Sul, the south of Goiás, Minas Gerais and Triângulo Mineiro. This speech is characterized by a smaller number of lexical variants and areas of co-occurence of items, and the predominant use of forms considered standard. In turn, the sulista speech of sul-rio-grandense influence is located in the state of Rio Grande do Sul expanding to the west of Santa Catarina and the southwest of Paraná. This speech reveals traces of the Portuguese language in contact with other languages due to immigration and has a higher number of lexical variants bounded by heterolexical lines. These two types of speech added to the lexical sub-areas, are sometimes identified with the paulista speech, sometimes with the sulista. |
author2 |
Vanderci de Andrade Aguilera . |
author_facet |
Vanderci de Andrade Aguilera . Valter Pereira Romano |
author |
Valter Pereira Romano |
spellingShingle |
Valter Pereira Romano Em busca de falares a partir de áreas lexicais no centro-sul do Brasil |
author_sort |
Valter Pereira Romano |
title |
Em busca de falares a partir de áreas lexicais no centro-sul do Brasil |
title_short |
Em busca de falares a partir de áreas lexicais no centro-sul do Brasil |
title_full |
Em busca de falares a partir de áreas lexicais no centro-sul do Brasil |
title_fullStr |
Em busca de falares a partir de áreas lexicais no centro-sul do Brasil |
title_full_unstemmed |
Em busca de falares a partir de áreas lexicais no centro-sul do Brasil |
title_sort |
em busca de falares a partir de áreas lexicais no centro-sul do brasil |
publisher |
Universidade Estadual de Londrina. Centro de Letras e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem. |
publishDate |
2015 |
url |
http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000199003 |
work_keys_str_mv |
AT valterpereiraromano embuscadefalaresapartirdeareaslexicaisnocentrosuldobrasil AT valterpereiraromano insearchofspeechfromlexicalareasincentralsouthofbrazil |
_version_ |
1718829216493993984 |
spelling |
ndltd-IBICT-oai-uel.br-vtls0001990032019-01-21T16:45:50Z Em busca de falares a partir de áreas lexicais no centro-sul do Brasil In search of speech from lexical areas in Central-South of Brazil Valter Pereira Romano Vanderci de Andrade Aguilera . Vansersí Sant'Ana Castro Felício Wessling Margotti Jacyra Andrade Mota Aparecida Negri Isquerdo A necessidade de estabelecer áreas dialetais brasileiras subjaz aos trabalhos de cunho dialetológico implícita ou explicitamente. Antenor Nascentes, em O Linguajar Carioca (1922), apresenta um mapa dialetológico do Brasil, reformulado em 1953. O autor divide o português brasileiro em seis subfalares compreendidos em dois grandes grupos ? Norte e Sul. O primeiro engloba o subfalar Amazônico e Nordestino e o segundo compreende os subfalares Baiano, Fluminense, Mineiro e Sulista. Soma-se a esse conjunto de falares uma área denominada como Território Incaracterístico. Discute-se, nesta pesquisa, a divisão dialetal de Antenor Nascentes (1953) no que se refere à área geográfica do subfalar sulista, sob a perspectiva lexical, com vistas a propor uma reformulação. Como objetivos específicos, busca-se revelar as diferenças lexicais dessa área geográfica e delimitar linhas de isoléxicas e/ou heteroléxicas que podem refletir traços da história social do português. A hipótese central do trabalho pauta-se no pressuposto de que a região correspondente ao subfalar sulista não apresenta homogeneidade no que diz respeito ao léxico. Para alcançar os objetivos estabelecidos, adotam-se os pressupostos teóricos e metodológicos da Dialetologia e da Geolinguística e utilizam-se como corpus de análise os dados do Projeto ALiB correspondentes a 118 municípios brasileiros, perfazendo o total de 472 informantes. A rede de pontos contempla os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e parte do território de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Foram selecionadas 5 questões do Questionário Semântico-Lexical para validar a hipótese da pesquisa, a saber: 001 ? córrego; 039 ? tangerina; 132 ? menino; 156 ? bolinha de gude e 177 ? geleia. A partir da observação do comportamento diatópico das variantes documentadas para as questões supramencionadas e do tratamento estatístico para validar hipóteses sobre a homogeneidade ou heterogeneidade lexical na área do subfalar sulista, pode-se chegar à conclusão de que a porção setentrional do território investigado apresenta diferenças em relação à parte meridional, evidenciando a existência de dois grandes falares: o paulista e o sulista. Apesar de os limites e abrangência desses dois falares serem virtuais e fluidos, o falar paulista localiza-se, principalmente, no Estado de São Paulo e adjacências: norte do Paraná, oeste do Mato Grosso do Sul, sul de Goiás, de Minas Gerais e Triângulo Mineiro. Este falar caracteriza-se pelo menor número de variantes lexicais e áreas de coocorrência de itens, predominando o uso da forma considerada padrão. Já o falar sulista, de influência sul-rio?grandense, localiza-se no Estado do Rio Grande do Sul expandindo-se para o oeste de Santa Catarina e sudoeste parananese. Este falar revela traços do português em contato com outras línguas por conta de movimentos imigratórios e apresenta maior número de variantes lexicais delimitadas pelas linhas de heteroléxicas. A esses dois falares somam-se subáreas lexicais que ora se identificam com o falar paulista, ora com o sulista. The need to establish Brazilian dialect areas underlies the dialectological nature works implicity or explicitly. Antenor Nascentes, in O Linguajar Carioca (1922), presents a dialectological map of Brazil, redesigned in 1953. The author divides Brazilian Portuguese into six types of subspeech included into two major groups ? North and South. The first encompasses the subspeech Amazônico and Nordestino and the second comprises the subspeech Baiano, Fluminense, Mineiro and Sulista. Added to this set of speech, an area known as Território Incaracterístico. This research discusses the dialectal division of Antenor Nascentes (1953) with regard to the geographical area of the sulista subspeech under the lexical perspective, to propose a reformulation. As specific objectives, the research aims to reveal the lexical differences of this geographical area and to delimit isolexical and/or heterolexical lines that can reflect traces of the social history of the Portuguese language. The central hypothesis of work is guided in the assumption that the region corresponding to the sulista subspeech has no uniformity as regards the lexicon. To achieve the objectives established, the theoretical and methodological assumptions of Dialectology and Geolinguistics were adopted and the analytical corpus used was the data of the ALiB Project corresponding to 118 Brazilian municipalities, totaling 472 informants. The point network covers the states of Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul and part of the State of Minas Gerais, Goiás and Mato Grosso. Five questions from the Lexical-Semantic Questionnaire were selected to validate the research hypothesis, namely: 001 ? córrego; 039 ? tangerina; 132 ? menino; 156 ? bolinha de gude and 177 ? geleia. From the observation of the diatopical behavior of variants documented for the above issues and from statistical treatment to validate assumptions regarding lexical homogeneity and/or heterogeneity in the area of sulista subspeech, the research concluded that the northern portion of the territory investigated presents differences in relation to the southern part, showing the existence of two large types of speech: the paulista and the sulista. In spite of the limits and scope of these two types of speech being virtual and fluid, the paulista speech is located mainly in the state of São Paulo and neighboring areas: the north of Paraná, the west of Mato Grosso do Sul, the south of Goiás, Minas Gerais and Triângulo Mineiro. This speech is characterized by a smaller number of lexical variants and areas of co-occurence of items, and the predominant use of forms considered standard. In turn, the sulista speech of sul-rio-grandense influence is located in the state of Rio Grande do Sul expanding to the west of Santa Catarina and the southwest of Paraná. This speech reveals traces of the Portuguese language in contact with other languages due to immigration and has a higher number of lexical variants bounded by heterolexical lines. These two types of speech added to the lexical sub-areas, are sometimes identified with the paulista speech, sometimes with the sulista. 2015-03-09 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/doctoralThesis http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000199003 por info:eu-repo/semantics/openAccess Universidade Estadual de Londrina. Centro de Letras e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem. URL BR reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL instname:Universidade Estadual de Londrina instacron:UEL |