Acompanhamento da revisão puerperal : acesso, adesão e organização do serviço de saúde

• Main Author: Érica Mairene Bocate Teixeira
• Other Authors: Alexandrina Aparecida Maciel Cardelli .
• Language: Portuguese
• Published: Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. 2015
• Online Access: http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000198970

A revisão puerperal visa diminuir a incidência de agravos e sua efetivação na atenção primária ainda não foi consolidada. Esta pesquisa objetivou analisar o acompanhamento da revisão puerperal de risco habitual e intermediário, por meio do acesso, adesão e organização do serviço de saúde na atenção primária, do puerpério imediato ao tardio. Trata-se de estudo de coorte prospectivo embasado no referencial teórico-metodológico do Modelo de Campo de Saúde de Lalonde. A amostra foi composta por 358 puérperas. A coleta dos dados foi realizada de Julho de 2013 à Março de 2014 e dividida em três momentos sequenciais. No primeiro procedeu-se à identificação da mulher, no alojamento conjunto da Maternidade Municipal Lucilla Ballalai (MMLB) e início de seguimento com transcrição dos dados socioeconômicos, do cartão de pré-natal e da história obstétrica. No segundo momento, após a alta hospitalar, procedeu-se o acompanhamento da consulta de Revisão Puerperal Precoce Ambulatorial (RPPA) até o 10º dia pós-parto na MMLB, para observação da adesão e cuidados ofertados. No terceiro momento, procedeu-se à Visita Domiciliar (VD), decorridos 42 dias de pós-parto, para obtenção dos dados referentes à Revisão Puerperal Precoce Domiciliar (RPPD) e à Revisão Puerperal Tardia (RPT) na atenção primária, bem como, a procura das mulheres por cuidado de saúde. Utilizou-se os Testes Qui-quadrado, Exato de Fisher (p≤0,05) e regressão logística multivariada para busca de associações entre as variáveis independentes e dependentes [tipo de atendimento no puerpério imediato] e [revisão puerperal tardia na atenção primária] estruturadas nos constructos biologia humana, ambiente, estilo de vida e organização do serviço de saúde. Observou-se que 21,2% das puérperas tinham até 19 anos; 78,8% eram jovens adultas; 92,5% possuíam escolaridade baixa e média; 60,1% eram multíparas e 58,9% do lar. No pós-parto imediato, 60,6% das mulheres realizaram a RPPA e 47,7% a RPPD. No puerpério tardio 63,1% das mulheres não realizaram a RPT na atenção primária. Houve associação estatisticamente significativa entre tipo de parto (p≤0,002); e orientações sobre o parto no pré-natal (p≤0,036) com o tipo de atendimento recebido no puerpério imediato, discutida no primeiro artigo desta dissertação. A análise univariada demonstrou associação estatisticamente significativa entre intercorrências intraparto (p≤0,018), RPPA (p≤0,024), aleitamento materno exclusivo (p≤0,019), RPPD (p≤0,006), agendamento da RPT na VD (p=0,000) e o apoio do profissional de saúde após alta hospitalar (p≤0,029) e a RPT. Entretanto, o refinamento da análise por meio da regressão logística múltipla, evindenciou associação apenas da RPPD (p=0,001) e do agendamento da RPT na VD (p=0,000) com a RPT na atenção primária, discutidas no segundo artigo. Concluiu-se que há atuação pouco efetiva na dimensão microssocial, evidenciada pela baixa cobertura de acompanhamento domiciliar; vulnerabilidade das mulheres, sugerida pelo abandono do acompanhamento integral no pós-parto; exposição a risco no autocuidado, traduzida pela baixa procura por cuidado de saúde pelas puérperas; pouca efetividade na implementação das ações programáticas com possibilidade de consequências nocivas à população. A hipótese desse estudo comprovou-se parcialmente, pois não houve associação significativa com o constructo ambiente. === The postpartum review aims to reduce the incidence of injuries; in addition its implementation in primary care has not yet been consolidated. This study aimed to analyze the monitoring of postpartum review in usual and intermediate risk, through access, adherence and health service organization in primary care, of the immediate to late puerperium. This is a prospective cohort study based on the theoretical-methodological referential of Lalonde’s Health Field Concept. The sample was composed of 358 puerperae. Data collection was performed from July 2013 to March 2014 and divided into three sequential phases. In the first phase, we proceeded to the identification of women in the rooming of the Lucilla Ballalai Municipal Maternity (LBMM) and early follow-up with transcription of socioeconomic data, prenatal card and obstetric history. In the second phase, after discharge, we proceeded to the follow-up of the Early Puerperal Outpatient Review (EPOR) consultation by the 10th day after delivery in LBMM for observation of the adherence and offered care. In the third phase, we proceeded to the Home Visit (HV), after 42 days postpartum, to obtain data regarding the Early Puerperal Home Review (EPHR) and Late Puerperal Review (LPR) in primary care, as well, the demand of the women searching for healthcare care. We used the Chi-square Test, Fisher's exact Test (p≤0.05) and multivariate logistic regression Test to search for associations between the independent and dependent variables [type of care in the immediate postpartum] and [late postpartum review in primary care] structured constructs in human biology, environment, lifestyle and health service organization. It was observed that 21.2% of the puerperae had up to 19 years of age; 78.8% were young adults; 92.5% had low and medium education; 60.1% were multiparous and 58.9% home-makers. Immediate postpartum, 60.6% of women performed the EPOR and 47.7% to EPHR. In late postpartum, 63.1% women not performed the LPR in primary care. There was a statistically significant association between type of delivery (p≤0.002); and guidance on delivery in the prenatal (p≤0.036) to the type of care received in the immediate postpartum, discussed in the first article of this dissertation. The univariate analysis showed a statistically significant association between intrapartum complications (p≤0.018), EPOR (p≤0.024), exclusive breastfeeding (p≤0.019), EPHR (p≤0.006), scheduling of the LPR in the HV (p=0.000) and the health professional support after hospital discharge (p≤0.029) and the LPR. However, the refinement of the analysis by multiple logistic regression, showed association of the EPHR (p=0.001) and of the scheduling of the LPR in the HV (p=0.000) with the LPR in primary care, discussed in the second article. It was concluded that there is little effective action on the micro scale, evidenced by low home care coverage; vulnerability of women, suggested by the abandonment of comprehensive postpartum monitoring; risk exposure in self-care, translated by low demand for health care for puerperae; little effectiveness in the implementation of program activities with the possibility of negative consequences for the population. The hypothesis of this study was proved in part, because there was no association with the construct environment.