Summary: | Introdução: N-acetilcisteína (NAC) é um suplemento nutracêutico amplamante disponível, tolerável e acessível, que aumementa os níveis intracelulares de glutationa, um importante antioxidante, e que modula o glutamato através do sistema de troca cistina-glutamato, onde demonstrou mediar o consumo de drogas. Ela pode ter eficácia no tratamento de transtornos por uso de tabaco por reduzir a fissura e os comportamentos de recompensa. Objetivos: Este estudo tem o objetivo de avaliar se o tratamento com NAC tem eficácia clínica no tratamento do transtorno de uso de tabaco. Método: O ensaio clínico foi um estudo piloto controlado por placebo, durante um período de 12 semanas, de forma duplo-cega, randomizada. O estudo foi realizado para comparar a eficácia da NAC (3g/dia) versus placebo, em 34 individuos com Transtorno por Uso do Tabaco (TUT), que frequentavam o ambulatório do Centro de Referência de Abordagem e Tratamento do Tabagismo (CRATT), da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e eram refratários aos tratamentos padronizados como 1a linha. Mensalmente, todos os pacientes recebiam terapia comportamental de grupo e avaliação médica psiquiátrica. Os participantes forneciam avaliações mensais de uso diário de cigarros (medida de desfecho primário) e de monóxido de carbono exalado (COEX) (medida de desfecho secundário), sendo as taxas de cessação definidas por COEX<6 ppm. Os sintomas de depressão associados foram medidos com a Escala de Depressão Hamilton (Hamilton Depression Rating Scale HDRS). Foram realizadas medidas antropométicas, testes laboratoriais de função hepática e renal e medidas de disfunção através da Escala de Sheehan.Os dados foram analisados com a utilização de análise intention-to-treat (ITT) convencional e modificada. Resultados: No início do estudo, não havia diferenças significativas entre os pacientes dos grupos com NAC ou placebo, tanto em medidas de deschecho primário e secundário, quanto nos dados sócio-demográficos e clínicos avaliados. O Tratamento com NAC reduziu de forma significativa o número de cigarros usados por dia (Δ média ± DP = -10,9 ± 7,9 no NAC tratado, contra -3,2 ± 6,1 no grupo placebo) e COEX (Δ média ± DP = -10,4 ± 8,6 ppm no NAC tratado, contra -1,5 ± 4,5 ppm no grupo placebo). Ademais, 47,1% daqueles tratados com NAC e 21,4% dos pacientes tratados com placebo foram capazes de parar de fumar. O tratamento com NAC reduziu significativamente a pontuação HDRS em pacientes com transtorno por uso do tabaco. Não houve diferenças significativas dos efeitos adversos entre os grupos.
Conclusão: Estes dados mostram que o tratamento com a NAC pode ter uma eficácia clínica em transtorno do uso do tabaco, e nos sintomas depressivos associados. A NAC parece ser um tratamento seguro em transtorno por uso do tabaco. O uso da NAC combinado com a terapia comportamental de grupo focada em dependência parece ser uma opção de tratamento eficaz para o transtorno do uso do tabaco. === Introduction: N-Acetylcysteine (NAC) is a widely available, tolerable and affordable nutraceutical supplement, which increases the intracellular levels of glutathione, a major antioxidant, and modulates glutamate through cystine-glutamate exchange system, where it has shown to modulate drug use. It may have efficacy in treating tobacco use disorder by reducing craving and reward behaviors. Aim: This study aims to evaluate whether treatment with NAC may have a clinical efficacy in the treatment of tobacco use disorder. Method: This clinical trial is a placebo controlled, randomized, pilot study, and conducted in a double-blind manner over a 12-week period. It was designed to compare the efficacy of NAC (3g/day) versus placebo as treatment for 34 individuals with Tobacco Use Disorder (TUD) outpatients at the Centre of Treatment for Smoking Cessation, at Londrina State University, and resistant to standard 1st line therapy. Monthly, all patients were submitted to behavioral group therapy and medical-psychiatric consultation. Participants provided monthly assessments of daily cigarette use (the primary outcome measure), and exhaled carbon monoxide (COEX) (the secondary outcome measure), being the quit rates as defined by COEX< 6 ppm. Depression was measured with the Hamilton Depression Rating Scale (HDRS). We conducted anthropometric measurements, laboratory tests of liver and kidney function and dysfunction through measures Sheehan Scale. Data were analyzed using conventional and modified intention-to-treat.
Results: At baseline, there were no significant differences between patients of NAC group or placebo in primary and secondary outcome measurements or in any socio-demographic or clinical data. NAC treatment significantly reduced the daily number of cigarettes used (∆ mean ±SD = -10.9 ±7.9 in the NAC-treated versus -3.2 ±6.1 in the placebo group) and COEX (∆ mean ±SD = -10.4 ±8.6 ppm in the NAC-treated versus -1.5 ±4.5 ppm in the placebo group). Moreover, 47.1% of those treated with NAC versus 21.4% of placebo-treated patients were able to quit smoking. NAC treatment significantly reduced the HDRS score in patients with tobacco use disorder. There were no significant differences in treatment emerging adverse effects between both groups. Conclusion: These data show that treatment with NAC may have a clinical efficacy in tobacco use disorder, and in depressive symptoms associated. NAC treatment appears to be a safe treatment in tobacco use disorder. NAC combined with appropriate addictionfocused behavioral group therapy appears to be an efficient treatment option for tobacco use disorder.
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