Associação entre o polimorfismo genético NcoI (rs909253) do fator de necrose tumoral beta e marcadores inflamatórios e metabólicos e o prognóstico em pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico atendidos em um hospital universitário

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo, causando um forte impacto econômico e social. Várias vias fisiológicas, como o metabolismo lipídico, resposta inflamatória crônica, coagulação e hemostasia, regulação da pressão sanguínea e adesão...

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Bibliographic Details
Main Author: Johnathan de Sousa Parreira
Other Authors: Damácio Ramon Kaimen-Maciel .
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. 2014
Online Access:http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000190785
Description
Summary:O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo, causando um forte impacto econômico e social. Várias vias fisiológicas, como o metabolismo lipídico, resposta inflamatória crônica, coagulação e hemostasia, regulação da pressão sanguínea e adesão celular têm sido implicadas na fisiopatologia do AVC e polimorfismos em genes que codificam moléculas envolvidas nestas vias representam importantes fatores para a patogênese e curso clínico do AVC. Entretanto, os resultados prévios são contraditórios e não devem ser generalizados para a população brasileira, geneticamente uma das mais heterogêneas do mundo. O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre o polimorfismo genético NcoI (A252G, rs909253) do gene fator de necrose tumoral beta (TNFB) e marcadores inflamatórios, metabólicos e o prognóstico em pacientes com AVC isquêmico agudo da população brasileira. O estudo incluiu 93 pacientes e 134 indivíduos saudáveis controlados por idade, sexo, etnia e índice de massa corpórea (IMC). A capacidade funcional dos pacientes com AVC foi avaliada no momento da admissão hospitalar pela Escala de Rankin Modificada. O subtipo de AVC isquêmico foi classificado segundo os critérios de TOAST. Amostras de sangue periférico foram coletadas em até 24 horas após o diagnóstico de AVC para a realização da genotipagem do polimorfismo NcoI do TNFB e determinação dos marcadores inflamatórios e metabólicos. A análise do polimorfismo NcoI foi realizada pela técnica de PCR-RFLP, utilizando-se a enzima de restrição NcoI. Os marcadores inflamatórios avaliados foram: contagem de leucócitos periféricos totais e plaquetas, velocidade de hemossedimentação (VHS), níveis séricos de proteína C reativa ultrassensível (usPCR), ferritina, níveis plasmáticos de interleucina 6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNFA). Os marcadores metabólicos foram: níveis séricos de ferro, colesterol total, lipoproteína de alta densidade (HDL) colesterol, lipoproteína de baixa densidade (LDL) colesterol, triglicerídeos e níveis plasmáticos de glicose e insulina. O índice de resistência à insulina foi determinado pelo modelo de avaliação da homeostase - resistência à insulina (HOMA-IR). Entre os pacientes, 57,0% eram homens e 43,0% eram mulheres, a mediana de idade foi 65 [interquartil 25%-75% (IQR): 56,0-75,0] e a mediana de IMC foi 25,4 kg/m2 (IQR: 21,9 - 29,4). A frequência de hipertensão, sedentarismo e dislipidemia foi maior entre os pacientes que os controles (p<0,0001). Pacientes com AVC apresentaram valores mais elevados de leucócitos totais, usPCR, ferritina, glicose e HOMA-IR (p<0,0001), VHS e insulina (p<0,01) e menores níveis de HDL-colesterol (p<0,0001) comparados aos controles. O subtipo de AVC isquêmico agudo de aterosclerose de grandes artérias foi diagnosticado em 28,0% dos pacientes, infarto lacunar em 23,7%, infarto cardioembólico em 13,9%, outras etiologias em 8,6% e etiologia indeterminada em 25,8%. Entre os pacientes com AVC, a frequência dos genótipos TNFB1/B1, TNFB1/B2 e TNFB2/B2 foi de 9,7%, 46,2%, 44,1%, respectivamente; dos alelos TNFB1 e TNFB2 foi de 0,3280 e 0,6720, respectivamente, sem apresentar diferença significativa entre os pacientes e controles (p>0,05). Entretanto, os pacientes portadores do genótipo TNFB2/B2, comparados aos que possuíam outros genótipos, apresentaram maiores níveis dos marcadores inflamatórios TNFA e leucócitos periféricos e dos marcadores metabólicos ferro sérico, colesterol total, LDL colesterol, glicemia, insulina e HOMA-IR (p<0,05). Verificou-se uma correlação positiva entre os níveis de leucócitos, IL-6, usPCR e VHS e negativa entre os níveis de ferro com o grau de incapacidade dos pacientes (p<0,05) obtidos na admissão dos mesmos. Os resultados mostram que o polimorfismo NcoI do TNFB não está associado, por si só, com o desenvolvimento e evolução do AVC isquêmico agudo nesta população; no entanto, o genótipo TNFB2/B2 está associado com maior resposta inflamatória e alterações metabólicas que aumentam a chance de ocorrência do AVC. Os resultados confirmam a intensa reação inflamatória e alterações metabólicas associadas ao AVC isquêmico agudo. Desta forma, esta variante genômica pode interagir com outros fatores genéticos e ambientais criando um perfil favorável que contribua para o desenvolvimento e evolução do AVC. === Stroke is a major cause of death and long-term adult disability worldwide, causing a strong economic and social impact. Several physiological pathways, such as lipid metabolism, chronic inflammatory response, systemic coagulation, blood pressure regulation, and cell adhesion have been implicated in the pathophysiology of stroke and polymorphisms in genes coding for pro-inflammatory markers may represent important factors for the pathogenesis and outcome of stroke. However, these previous results are conflicting and should not be generalized to all populations, mainly for the Brazilian population, considered one of the most genetically heterogeneous worldwide. The aim of this study was to evaluate the relationship between the NcoI (A252G, rs909253) tumor necrosis factor beta (TNFB) polymorphism and the inflammatory and metabolic markers and the prognosis in acute ischemic stroke patients from Brazilian population. Ninety-three patients from Londrina, Southern Brazil, and 134 age, sex, ethnicity, and body mass index (BMI) controlled healthy individuals were included. The baseline and three-month follow-up disability of patients was evaluated up to eight hours of the stroke using the modified Rankin Scale. The subtype of ischemic stroke was classified according to TOAST criteria. The blood samples were obtained up to 24 hours of the stroke. The NcoI polymorphism was evaluated using PCR-RFLP with NcoI restriction enzyme. Inflammatory markers, such as white blood cell and platelet counts, erythrocyte sedimentation rate (ESR), plasma levels of interleukin 6 (IL-6), TNFA, serum high sensitive reactive C protein (hsCRP), ferritin, and metabolic markers including total cholesterol, low-density lipoprotein (LDL) cholesterol, high-density lipoprotein (HDL) cholesterol, triglycerides, plasma levels of glucose and insulin, and homeostasis model assessment of insulin resistance (HOMA-IR) were determined. Among the patients, 57.0% were male and 43.0% were female, the median age was 65 years [interquartil range 25%-75% (IQR): 56.0-75.0], and the median BMI was 25.4 kg/m2 (IQR: 21.9 - 29.4). The frequency of hypertension, sedentary lifestyle, and dyslipidemia was higher in stroke patients than in controls (p<0.0001). Stroke patients presented higher levels of white blood cells, hsCRP, ferritin, glucose, and HOMA-IR (p<0.0001); ESR and insulin (p<0.01); and lower HDL cholesterol (p<0.0001) than controls. The subtype of ischemic stroke of large artery atherosclerosis was diagnosed in 28.0% of patients, lacunar infarct in 23.7%, cardioembolic infarct in 13.9%, other etiology in 8.6%, and undetermined etiology in 25.8%. Among the stroke patients, the frequency of TNFB1/B1, TNFB1/B2, and TNFB2/B2 genotypes was 9.7%, 46.2%, and 44.1%, respectively; the frequency of TNFB1 and TNFB2 alleles was 0.3280 and 0.6720, respectively. There was no difference in genotypic distribution and allelic frequency of TNFB NcoI polymorphism among stroke patients and controls (p>0.05). However, stroke patients carrying the TNFB2/B2 genotype presented higher levels of TNFA, white blood cell counts, iron, total cholesterol, LDL cholesterol, glucose, insulin, and HOMA-IR (p<0.05) than the carriers of other genotypes. White blood cells, IL-6, hsCRP, and ESR were positively correlated and iron levels were negatively correlated with the neurological disability of the patients (p<0.05). The main result of this study is that TNFB NcoI polymorphism, by itself, is neither associated with increased susceptibility of stroke development nor with the outcome. However, the homozygous genotype for the variant allele TNFB2 was associated with higher expression of classical inflammatory and metabolic markers of development and outcome of stroke, underscoring that these molecules play important role in the pathogenesis and outcome of stroke. At this way, this genetic variant might interact with environmental and other genetic factors creating a favorable profile that contribute to the development and outcome of stroke.