Avaliação funcional de indivíduos com sequela de acidente vascular encefálico cadastrados nas unidades básicas de saúde da cidade de Londrina, Paraná

Contextualização: O acidente vascular encefálico (AVE) representa dentro das doenças cerebrovasculares, a maior causa de incapacidade funcional do mundo ocidental. A incidência do AVE na população brasileira tem crescido em virtude do seu envelhecimento e pelas mudanças no estilo de vida. A maioria...

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Bibliographic Details
Main Author: Valéria Cristina Zamataro Tessaro
Other Authors: Edson Lopes Lavado .
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Londrina, Universidade Norte do Paraná. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação. 2014
Online Access:http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000189611
Description
Summary:Contextualização: O acidente vascular encefálico (AVE) representa dentro das doenças cerebrovasculares, a maior causa de incapacidade funcional do mundo ocidental. A incidência do AVE na população brasileira tem crescido em virtude do seu envelhecimento e pelas mudanças no estilo de vida. A maioria dos indivíduos acometidos exibirá déficits neurológicos e residuais significativos, dependendo do local e do tamanho da lesão cerebrovascular, como disfunções motoras, sensoriais, autonômicas, visuais, capacidade limitada para realizar atividades da vida diária, déficits de memória, atenção, percepção, orientação, linguagem e prejuízo nas relações sociais. Em virtude disso, há necessidade que esses indivíduos sejam adequadamente avaliados para o conhecimento detalhado do seu perfil funcional, a fim de estabelecer metas significativas para o tratamento fisioterapêutico apropriado. Objetivo: Avaliar a capacidade funcional de indivíduos com sequela de AVE, cadastrados nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade de Londrina, Paraná e comparar os que não foram submetidos a tratamento fisioterapêutico com aqueles que o realizaram em diferentes locais. Método: Fizeram parte do estudo 150 indivíduos, de ambos os gêneros, com diagnóstico clínico de AVE, de todas as regiões da cidade. Foram realizadas visitas nos domicílios e aplicados os instrumentos de avaliação funcional por meio de entrevista individual (Índice de Barthel Modificado – IBm; Medida da Independência Funcional – MIF; Escala de Impacto do AVC 3.0, incluindo a parte referente à Recuperação do AVC e Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE - EQVE), Resultados: A EQVE, IBm, MIF, Escala de Impacto e Escala de Impacto – recuperação, demonstraram diferença estatisticamente significante para os indivíduos que não foram submetidos ao tratamento fisioterapêutico, com P=0,01, P=0,01, P=0,01, P=0,01 e P<0,001, respectivamente. A EQVE, Escala de Impacto e Escala de Impacto – recuperação expressaram diferença estatisticamente significante para os indivíduos que não realizaram tratamento fisioterapêutico em relação àqueles que fizeram no Sistema Único de Saúde (SUS), com P=0,05, P=0,05 e P<0,001, respectivamente. Todos os instrumentos (EQVE, IBm, MIF, Escala de Impacto e Escala de Impacto – recuperação) apresentaram diferença significativa para aqueles que não realizaram Fisioterapia em relação aos que se trataram em clínica/domicílio, com P<0,001, P<0,001, P=0,01, P<0,001 e P<0,001, respectivamente. Os mesmos instrumentos não evidenciaram diferença estatisticamente significante entre fazer Fisioterapia no SUS e em clínica/domicílio, com P=0,17, P=0,08, P=0,10, P=0,22 e P=0,75, nessa ordem. Não houve correlação forte entre idade, tempo de ocorrência do último episódio de AVE e tempo de tratamento fisioterapêutico com os instrumentos utilizados (rho<0,7). Conclusão: Os indivíduos que não realizaram tratamento fisioterapêutico apresentaram melhor funcionalidade do que aqueles que se trataram, seja nos serviços do SUS, clínicas ou em domicílio. Também não houve diferença na aquisição de ganhos funcionais para aqueles que realizaram Fisioterapia no SUS e em clínicas/domicílios. Contudo, ressalta-se a importância do tratamento fisioterapêutico especializado, a fim de promover a melhora da independência e qualidade nas atividades de vida diária, no auto-cuidado, nas atividades de vida doméstica e mesmo, na interação interpessoal e social, além de evitar a piora da incapacidade funcional imposta pelo AVE, tanto para casos que apresentam limitações leves como para os que possuem incapacidades graves. === Background: Stroke represents within the cerebrovascular diseases the major cause of functional disability in the western world. The incidence of stroke in the Brazilian population has grown because of its aging and changes in lifestyle. The majority of affected individuals by stroke shows significant residual neurological deficits and, depending on the location and size of the cerebrovascular injury, shows motor, sensorial, autonomic or visual dysfunction, or limited ability to perform activities of daily living, memory deficits, attention, perception, orientation, language and impaired social relationships. Thus, it is necessary that these individuals are adequately assessed for detailed knowledge of their functional profile, in order to establish meaningful goals to the appropriate physical therapy. Objective: Assess the functional capacity of patients with sequelae of stroke registered in Basic Health Units (BHUs) in Londrina, Paraná and compare those not undergoing physical therapy with those who perform in different locations. Method: We assessed 150 individuals, of both genders, with a clinical diagnosis of stroke, from all regions of the city. Visits were conducted in households and functional assessment instruments were applied through individual interviews (Modified Barthel Index - MBI, Functional Independence Measure - FIM, Stroke Impact Scale 3.0 – SIS, including the part about the Recovery of Stroke and Stroke Specific Quality of Life Scale – SS-QOL). Results: The SS-QOL, MBI, FIM, SIS and SIS - recovery, demonstrated a statistically significant difference for individuals who were not submitted to physical therapy, P=0.01, P=0.01, P=0.01, P=0.01 e P<0.001, respectively. The SS-QOL, SIS and SIS – recovery showed statiscally significant difference for those who were not submitted to treatment compared to those submitted to physical therapy in the unified health system, with P=0.05, P=0.05 e P<0.001, respectively. All instruments (SS-QOL, MBI, FIM, SIS and SIS – recovery) showed significant diference for the individuals who were not submitted to physical therapy when compared to the ones who were submitted to physical therapy at clinics/household, with P<0.001, P<0.001, P=0.01, P<0.001 and P<0.001, respectively. The same instruments showed no statistically significant difference between submitting to physical therapy in the unified health system and in clinics/household, with P=0.17, P=0.08, P=0.10, P=0.22 e P=0.75, respectively. There was no strong correlation between age, time of occurrence of the last episode of stroke and time of physical therapy treatment with the instruments used (rho<0.7). Conclusion: Individuals who were not submitted to physical therapy showed better functionality than those who were treated, whether in unified health system, clinics or at home. There was no difference in the acquisition of functional gains for those who underwent physiotherapy in the unified health system and in clinics/homes. However, the importance of specialized physical therapy is emphasized in order to provide independence and improvement of quality of the activities of daily living, in self-care and moreover, in interpersonal and social interaction, besides, to avoid worsening of the functional limitations imposed by stroke, for the mild limitations or severe disabilities.