Complexidade e economia solidária : a construção de novas concepções de produção e sociabilidade : um estudo de caso em empreendimento solidário

O tema desta dissertação está relacionado com as discussões em torno das alternativas socioeconômicas ao capitalismo. Através de um amplo debate teórico, orientado principalmente pelo pensamento complexo de Edgar Morin, argumentamos que as narrativas tradicionais, representadas pelo socialismo e pel...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Edna Marta Pelosi
Other Authors: Luis Miguel Luzio dos Santos .
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Londrina. Centro de Estudos Sociais Aplicados. Programa de Pós-Graduação em Administração. 2013
Online Access:http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000185889
Description
Summary:O tema desta dissertação está relacionado com as discussões em torno das alternativas socioeconômicas ao capitalismo. Através de um amplo debate teórico, orientado principalmente pelo pensamento complexo de Edgar Morin, argumentamos que as narrativas tradicionais, representadas pelo socialismo e pelo capitalismo apresentam limitações epistemológicas diante da realidade complexa que pressupõe um ser humano multidimensional e uma sociedade multiforme. Neste sentido, a obra de Edgar Morin oferece contribuições importantes para uma melhor compreensão da realidade e dos novos movimentos socioeconômicos que veem se manifestando, cuja pluralidade de propósitos e perspectivas abarcados, pode contribuir para a construção de um novo paradigma de sociabilidade. Tendo como principal objetivo compreender como novas concepções de produção e sociabilidade podem ser tecidas no seio de um contexto adverso, permeado pelos ideias capitalistas – elegemos como foco de análise a Economia Solidária. A pesquisa, que se deu na Cooperativa Agrícola Agroindustrial Vitória – COPAVI, fundada por trabalhadores sem-terra ligados ao MST, teve como objetivo principal compreender, a partir de uma perspectiva complexa, como os pressupostos solidários são vivenciados no seio desta cooperativa e como esses atores têm guiado suas ações ao longo do tempo para se manterem atuantes diante de um contexto adverso. Através de um estudo de caso qualitativo, descritivo e exploratório, buscamos compreender qual o sentido da Economia Solidária para estes sujeitos e como essa visão tem guiado suas ações em âmbito interno e externo. A análise nos permitiu compreender que a vivência dos pressupostos solidários é tecida cotidianamente a partir das possibilidades reais destes indivíduos que, embora guiados por alguns preceitos centrais, imprimem neste contexto suas diferentes trajetórias de vida, culturas e concepções, produzindo assim, novos sentidos e novas formas de se vivenciar estes pressupostos. Ademais, a análise permitiu-nos inferir que a viabilidade destas alternativas no contexto econômico, passa, sobremaneira, pela sua inserção no mercado tradicional e pela possibilidade de acesso a políticas públicas de incentivo. Neste sentido, este trabalho contribui para o entendimento de que a construção de um novo paradigma de sociabilidade, através destas múltiplas alternativas e contracorrentes, pressupõem um processo lento, gradual, incerto, mas, sobremaneira dependente da articulação que estabelecem entre si, com o mercado e com as esferas públicas de poder – é nesta interação, neste processo dialógico, que se inicia no interior de cada empreendimento e extrapola para o contexto externo, que entendemos, poderá haver inícios de transformação. === The theme of this dissertation relates to the discussions on the socioeconomic alternatives to Capitalism. Through a broad theoretical debate, guided mainly by Edgar Morin complex thought we argue that the traditional narratives represented by Socialism and Capitalism have presented epistemological limitations before the complex reality that implies a multidimensional human and a multiform society. In this sense, the work of Edgar Morin offers important contributions to a better understanding of reality and the new socioeconomic movements that have emerged, whose plurality of perspectives embraced by them can contribute to the construction of a new sociability paradigm. Thus, in order to understand how new concepts of production and sociability can be conceived within a challenging environment, permeated by capitalist ideas - the Solidarity Economy was chosen as the focus of analysis. The survey was conducted at Victoria Agroindustrial Cooperativa Agrícola - COPAVI - which was founded by landless workers linked to the Landless Workers Movement - MST - and it is aimed at understanding, from a complex perspective, how the solidarity assumptions are experienced within this Cooperative and how these individuals have guided their actions throughout time to remain active before the adverse context. Through a qualitative, descriptive and exploratory case study we aim at understanding the meaning of the Solidarity Economy for these subjects and how this has guided their internal and external actions. The analysis has allowed us to understand that the experience of solidarity assumptions is daily conceived from the real possibilities of these individuals. In spite of being guided by some central precepts, they have printed in this context their different life histories, cultures and ideas, thus producing new meanings and new ways of experiencing the solidarity assumptions. Moreover, the analysis has allowed us to infer that the viability of these alternatives in the economic context elapses greatly of its insertion on the traditional market and the possibility of access to public incentive policies. Accordingly, the construction of participative democracy and civic education experienced in the context of the Cooperative and its extension to external context, through linking it with other spheres of organized society is at the same time, product and producer of this transformation process, for when joining in common demands these individuals gradually conquer space with the government and society. For this reason, this work contributes to the understanding that the construction of a new sociability paradigm through these multiple and competitor alternatives, imply a slow, gradual, uncertain process, but greatly dependent on the established linkage between them, with the market and public spheres of power - we assume that this interaction, this Dialogic process, which begins within each enterprise and goes beyond the external context, may be the beginning of a transformation in the society.