Curso temporal e distribuição regional da autolimpeza de ratos em resposta a diferentes estressores ambientais

A autolimpeza (grooming) de roedores é um padrão fixo de ação compartilhado funcionalmente entre várias espécies animais, ocupando uma função prioritária de higienização do corpo. Além disso, o grooming tem sido apontado como um tipo de coping comportamental envolvido em contingências estressantes e...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: André Wilson Nazareth Veloso
Other Authors: Célio Roberto Estanislau .
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Análise do Comportamento. 2012
Online Access:http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000179662
Description
Summary:A autolimpeza (grooming) de roedores é um padrão fixo de ação compartilhado funcionalmente entre várias espécies animais, ocupando uma função prioritária de higienização do corpo. Além disso, o grooming tem sido apontado como um tipo de coping comportamental envolvido em contingências estressantes e alguns aspectos desse comportamento têm sido abordados na pesquisa de estresse e ansiedade. No entanto, poucos trabalhos têm se dedicado a estudar como as variáveis ambientais modulam o grooming. O presente estudo objetivou investigar como estressores ambientais diferentes alteram o grooming e quais padrões desse comportamento são formados por essas alterações. Para isso, 40 ratos foram submetidos sequencialmente a cinco testes (Labirinto em Cruz Elevado [LCE], Teste do Enterramento de Bolas-de-Gude [TEB], Extinção Operante [EXT], Contexto do Medo Condicionado [CMC] e Imobilização [P-IM]) conhecidos por seus efeitos estressantes/ansiogênicos sobre o comportamento. Uma sessão prolongada de 30 minutos foi adotada em todos os testes e os dados foram analisados pelo curso do tempo e distribuição regional do grooming (rostral e corporal). As medidas convencionais de cada teste foram observadas em função de fornecer suporte comparativo para as medidas de grooming. O grooming no LCE e no TEB tendeu a ascender ao longo do tempo, enquanto houve queda da exploração (LCE e TEB), da avaliação de risco (LCE) e do tempo de escavação (digging –TEB). Isso permitiu caracterizar a curva ascendente de grooming como uma resposta de habituação ao contexto. Adicionalmente, essa curva foi atribuída ao prolongamento de grooming corporal ao decorrer da sessão. O grooming na EXT foi drasticamente suprimido. Essa supressão do grooming foi atribuída a (1) ativação do sistema de inibição comportamental subjacente à frustração provocada pelo não-reforçamento e à (2) permanência das variáveis estressoras (privação de água e contexto frustrante) durante a sessão. O CMC provocou uma alternância constante entre o congelamento e o grooming durante a sessão. Isso permitiu inferir que esse contexto manteve-se ansiogênico durante a maior parte do tempo. Em consequência, o CMC bloqueou a ascensão da curva de grooming e observou-se que isso foi devido a um atraso /impedimento no prolongamento do grooming corporal. A P-IM, apresentou um pico de atividade exploratória e de grooming no início da sessão, ambos tendendo ao declínio ao longo do tempo. Como houve um surto agudo de congelamento após o pico de exploração, foi inferido que a imobilização deve ter aumentado a aversão à novidade da caixa de observação. Assim como no CMC, o grooming foi impedido de ascender. Comparado aos contextos de exposição à novidade sem estresse prévio (i.e., LCE e TEB), o impedimento no prolongamento de grooming denota um prejuízo da habituação ao contexto na P-IM. Tomados em conjunto, os resultados mostraram que o grooming corporal foi o maior responsável pela variação na duração do grooming em resposta aos diferentes contextos. Esses resultados ressaltam a importância de sessões prolongadas para a avaliação do grooming, assim como sua utilidade para a investigação da ansiedade e do estresse em resposta ao contexto. === Rodent grooming is a fixed action pattern functionally shared among several animal species which plays a primary function of body surface care. In addition, the grooming has been considered as a type of behavioral coping involved in stressing situations. Some aspects of this behavior has been discussed in the stress and anxiety research. However, few works have been devoted to study how environmental variables modulate grooming. The objective of the present study was to investigate how different environmental stressors change grooming and what is the direction of that change. Thus, 40 rats were subjected sequentially to five procedures (Elevated Plus Maze [EPM], Marble Burying Test [MBT], Operant extinction [EXT], Contextual Fear Conditioning [CFC] and immobilization [P-IMO]) known by their stressing or anxiogenic effects on behavior. Extended 30-min sessions were adopted in all the tests. Data were analyzed regarding their time course and the regional distribution grooming (rostral or body components). Conventional measures of each test were recorded in order to provide elements for interpreting grooming results. Along the session, grooming in the EPM and MBT increased while exploration (EPM and MBT), risk assessment (EPM) and digging (MBT) declined. Such results suggest that grooming increases can be seen as an instance of contextual habituation. In addition, the changes in the duration of grooming along the session were found to be mostly in virtue of the changes in its body component. Grooming in the EXT was found to be importantly decreased. Such grooming suppression could be attributable to: (1) behavioral inhibition involved in frustration resulting from nonreinforcement and; (2) the stressing variables (water deprivation and frustrating context) being present during the whole session. During the CFC, alternation between freezing and grooming was found along the session. Therefore, it seems that this context kept its aversiveness most of the time. Further, grooming was found to be decreased in this test and that can be explained by the low levels of the body component. In the P-IMO session, exploration and grooming were high in the beginning, and then declined. As high freezing was found to follow the greater exploration period, immobilization apparently increased the aversiveness of the novel box. Just as in the CFC, grooming remained at low levels. As compared to the contexts of novel environment exposure without previous stress (i.e., EPM and MBT), the low grooming levels found in the P-IMO seem to indicate a disturbed habituation process. Together, these results show that the body component account for most of the variation in grooming duration to the different tests. These results also suggest that lengthy sessions can be heuristic in identifying factors regulating grooming and its usefulness in the investigation of context induced anxiety and stress.