Summary: | Em seres humanos a infecção por bactérias do gênero Helicobacter é uma importante causa de gastropatias, neoplasias gástricas e hepáticas. Cães são frequentemente infectados por diversas espécies de helicobactérias, no entanto a associação entre a infecção e a ocorrência de lesões hepáticas e biliares é controversa. Ainda hoje a maioria das hepatopatias em cães é classificada como idiopática. Os objetivos deste estudo foram i. avaliar a associação entre a ocorrência de alterações histológicas no fígado de cães e alterações na proliferação de hepatócitos e expressão de E-caderina; ii. avaliar a ocorrência de Helicobacter spp. no fígado de cães e sua associação com alterações hepáticas, na proliferação celular e na expressão de E-caderina. Foram selecionados 39 cães, entre outubro de 2008 a outubro de 2010, pacientes do Hospital Veterinário da UEL, cuja necropsia pode ser realizada até 30 minutos após o óbito. Fragmentos de fígado foram submetidos à análise histopatológica, à determinação do gênero Helicobacter pela PCR, à avaliação da proliferação celular pelo método histoquímico AgNOR e imunoistoquímico anti-Ki-67 e ainda, avaliação da expressão de E-caderina. Constataram-se alterações histológicas em 33 (84,6%) animais que foram classificadas como discretas (10/39), moderadas (10/39) e graves (13/39). Seis amostras não apresentaram lesões. Aumento significativo na proliferação de hepatócitos foi observado nos animais com lesão hepática, no entanto a expressão de E-caderina não diferiu entre os grupos com e sem lesão. Amostras de sete animais (7/39) foram positivas à PCR para o gênero Helicobacter. As principais alterações histológicas nestes animais foram congestão moderada (4/7), desorganização trabecular (6/7), degeneração vacuolar de hepatócitos (4/7), infiltrado inflamatório mononuclear periportal (6/7) e necrose (2/7). Verificou-se aumento significativo na proliferação de hepatócitos nos animais infectados quando avaliados pelo método AgNOR. A expressão de E-caderina não diferiu entre os animais infectados e não infectados. Assim, concluiu-se que as alterações histológicas hepáticas são frequentes em cães sem sinais clínicos de hepatopatia, sendo os principais achados congestão, desorganização trabecular de hepatócitos e infiltrado inflamatório crônico, havendo associação entre aumento da proliferação celular e a ocorrência de lesões. Os resultados sugerem que a presença do Helicobacter spp. no fígado de cães propicia um meio inflamatório que pode contribuir com o aumento da proliferação celular e assim modular a carcinogênese hepática. === In humans, infection with bacteria Helicobacter spp. is an important cause of stomach diseases, gastric and hepatic neoplasias. Dogs are often infected by several species of helicobacter, but the association between infection and the occurrence of liver damage and gallstones is controversial. Even today the majority of liver diseases in dogs are classified as idiopathic. The objectives of this study were i. evaluate the association between the occurrence of histological lesions in the liver of dogs and changes in hepatocyte proliferation and expression of E-cadherin, and ii. evaluate the occurrence of Helicobacter spp. in the liver of dogs and their association with liver, cell proliferation and expression of E-cadherin. It was selected 39 dogs from October 2008 to October 2010, patients in the Veterinary Hospital of the UEL, whose necropsy could be performed until 30 minutes after death. Liver fragments were subjected to histological analysis, the determination of the genus Helicobacter by PCR, the assessment of cell proliferation by AgNOR histochemical method and immunohistochemistry anti-Ki-67 and also assessed the expression of E-cadherin. Histological changes were noted in 33 (84.6%) animals that were classified as mild (10/39), moderate (10/39) and severe (13/39). Six samples showed no lesions. Significant increase in hepatocyte proliferation was observed in animals with liver injury, however the expression of E-cadherin did not differ between groups with and without injury. Samples of seven livers (7 / 39) were positive to PCR for the genus Helicobacter spp. The main histological changes in these animals were moderate congestion (4 / 7), trabecular disorganization (6 / 7), vacuolar degeneration of hepatocytes (4 / 7), mononuclear periportal (6 / 7) and necrosis (2 / 7). There was a significant increase in hepatocyte proliferation in infected ones as assessed by the AgNOR method. The expression of E-cadherin did not differ between infected and uninfected animals. Thus, it was concluded that the histological liver are common in dogs without clinical signs of liver disease, the main findings congestion, trabecular disorganization of hepatocytes and chronic inflammatory infiltrate, with an association between cellular proliferation and the occurrence of injuries. The results suggest that the presence of Helicobacter spp. in the liver of dogs provides an inflammatory environment that can contribute to the increased cell proliferation and thereby modulate hepatocarcinogenesis.
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