Summary: | O controle positivo do comportamento exerce um papel central na constituição do corpo teórico da Análise do Comportamento. Na literatura comportamental, encontramos muitos estudos que discutem os efeitos desejáveis do reforço positivo. Por outro lado, muito pouco se discute a respeito de seus possíveis subprodutos indesejáveis. A teoria do reforço positivo fundamenta, de modo geral, as intervenções conduzidas pelos analistas do comportamento. Se o objetivo do analista do comportamento é, além de prever, controlar o comportamento, então, defende-se que é pertinente conhecermos o maior número possível de efeitos, que possam ser produzidos pelo tipo de controle que usamos em nossas intervenções. A presente pesquisa tem como objetivo levantar e analisar possíveis efeitos indesejáveis do reforço positivo. Para isso, foram conduzidos dois estudos: Estudo I Descrição das principais posições de B. F. Skinner sobre os efeitos indesejáveis do reforço positivo; Estudo II Descrição de estudos no campo da Análise do Comportamento que apresentam discussões a respeito dos efeitos indesejáveis do reforço positivo. No primeiro estudo foram selecionados textos nos quais Skinner abordava questões referentes à definição, aplicação e efeitos das contingências de reforçamento positivo. As informações encontradas nesses textos foram organizadas em quatro temas: 1) a evolução do comportamento; 2) limites encontrados no processo de variação e de seleção; 3) seleção da suscetibilidade às conseqüências naturais e às conseqüências reforçadoras; 4) o sistema ético skinneriano e a sobrevivência das culturas. No segundo estudo, foi realizado um levantamento bibliográfico, a fim de se verificar as posições de outros analistas do comportamento (além de Skinner) sobre os efeitos indesejáveis do reforço positivo. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de: a) levantamento em quatro bases de dados do Portal de Periódicos da CAPES através do cruzamento de palavras-chave; b) levantamento de estudos através da referência bibliográfica de três textos que apresentaram discussões relevantes a respeito dos efeitos indesejáveis do reforço positivo; c) levantamento de estudos na coleção Sobre Comportamento e Cognição‟, em grupos de estudos cadastrados nos diretórios do CNPq e no banco de teses e dissertações do Portal de Periódicos da CAPES. As informações obtidas no estudo II foram organizadas em quatro tópicos: 1) posições de Perone (2003); 2) posições de Balsam e Bondy (1983); 3) principais efeitos indesejáveis do reforço positivo encontrados nos textos selecionados; 4) debate entre Epstein (1985) e Balsam e Bondy (1985) sobre os efeitos indesejáveis do reforço positivo. Os resultados da busca bibliográfica mostraram que os efeitos indesejáveis do reforço positivo, examinados por Skinner, são muito pouco discutidos na literatura comportamental. Verificou-se que, dos 26 textos recuperados, apenas quatro apresentavam quase que exclusivamente, discussões sobre os efeitos indesejáveis do reforço positivo Os demais textos apenas citavam a possibilidade de ocorrência de tais efeitos, mas tinham como objetivo principal discutir outros temas. Além disso, foram constatadas diferenças importantes entre os efeitos indesejáveis do reforço positivo discutidos por Skinner, descritos no estudo I, e os efeitos indesejáveis encontrados no estudo II. Após análise das posições de Skinner, observou-se que o autor demonstra uma preocupação com toda a teoria do reforço positivo, principalmente em relação à suscetibilidade evoluída ao reforço positivo e às conseqüências imediatas. Já nos textos levantados no estudo II, verificou-se que os autores apresentam preocupações mais relacionadas aos efeitos indiretos da aplicação de procedimentos de reforço positivo. No entanto, também foram observadas algumas semelhanças nos resultados dos dois estudos. Foi observado que os autores, nos dois estudos, mostraram que alguns efeitos indesejáveis do reforço positivo são produzidos pelo próprio estímulo (e não pelo uso inadequado do procedimento) como o imediatismo e efeitos emocionais. Também, nos dois estudos, os autores descrevem implicações dos efeitos indesejáveis do reforço positivo para alguns problemas sociais, que se mantém na atualidade, como por exemplo, o controle abusivo que pode ser imposto por certos governos e por outras agências de controle. Discute-se, nesta pesquisa, a complexidade envolvida em qualquer tipo de controle comportamental e que o uso do reforço positivo, não é um procedimento simples para que o cuidado e os estudos relativos aos seus efeitos sejam negligenciados. Por isso, defende-se que devemos compreender não somente os efeitos diretos do reforço positivo (a frequência da resposta), mas olhar além, procurando compreender seus efeitos indiretos, sejam eles desejáveis ou indesejáveis. === The positive control behavior plays a central role in establishing the theoretical framework of Behavior Analysis. Behavioral literature, we found many studies that discuss the desirable effects of positive reinforcement. Moreover, very little is discussed regarding their possible undesirable byproducts. The theory of positive reinforcement based, in general, interventions conducted by behavior analysts. If the goal of the analyst's behavior is, in addition to predict, control behavior, then, argues that it is pertinent to know the maximum number of effects that can be produced by the type of control that we use in our speeches. This research aims to survey and analyze possible undesirable effects of positive reinforcement. For this, we conducted two studies: Study I - Description of the main positions of B. F. Skinner on the undesirable effects of positive reinforcement; Study II - Description of studies in the field of Behavior Analysis that present discussions of the undesirable effects of positive reinforcement. In the first study were selected texts in which Skinner addressed questions concerning the definition, implementation and effects of the contingencies of positive reinforcement. The information found in these texts were organized into four themes: 1) The evolution of behavior, 2) limits found in the process of variation and selection, 3) selection of susceptibility to natural consequences and to reinforcing consequences. 4) the ethical system and the survival of Skinnerian cultures. In the second study was based on a literature, in order to ascertain the views of other behavior analysts (and Skinner) on the undesirable effects of positive reinforcement. The literature search was carried out through: a) survey in four databases CAPES periodicals portal through the intersection of keywords, b) survey of studies by three of the reference texts that had significant discussions regarding the undesirable effects of positive reinforcement, c) survey of studies in the collection 'On Cognition and behavior', in study groups registered in the CNPq and directories in the database of theses and dissertations from the CAPES periodicals portal. Information obtained in study II were organized into four topics: 1) Perone‟s positions (2003), 2) Positions of Balsam and Bondy (1983); 3) Significant adverse effects of positive reinforcement found in selected texts, 4) Debate between Epstein (1985) and Balsam and Bondy (1985) on the undesirable effects of positive reinforcement. Results of literature search showed that the undesirable effects of positive reinforcement, examined by Skinner, are little discussed in literature in behavior. It was found that the 26 texts recovered, only four were almost exclusively, discussions about the undesirable effects of positive reinforcement. The remaining texts just cited the possibility of such effects, but they had as main objective to discuss other topics. In addition, significant differences were found between the undesirable effects of positive reinforcement discussed by Skinner, described in Study I, and side effects found in study II. After reviewing the positions of Skinner, it was observed that the author demonstrates a concern with the whole theory of positive reinforcement, especially in relation to susceptibility evolved to positive reinforcement and immediate consequences. Already in the texts collected in study II, it was found that the authors present more concerns related to the indirect effects of the application of positive reinforcement procedures. However, some similarities were also observed in the results of both studies. It was observed that the authors in both studies showed that some undesirable effects of positive reinforcement are produced by the stimulus itself (and not by inappropriate use of the procedure) as the immediacy and emotional effects. Also, in both studies, the authors describe the implications of the undesirable effects of positive reinforcement for some social problems, which remains today, for example, the control behavior that may be imposed by certain governments and other agencies of control. It is argued in this research, the complexity involved in any kind of behavioral control and that the use of positive reinforcement is not a simple procedure for the care and studies concerning its effects are neglected. Therefore, it is argued that we should understand not only the direct effects of positive reinforcement (frequency response), but look further, seeking to understand their indirect effects, whether desirable or undesirable.
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