Summary: | O poema Juca Mulato (1917) de Menotti del Picchia, no momento de sua publicação, foi considerado inovador e polêmico por narrar a história de um caipira "mulato". Sua aceitação entre críticos e leitores foi estrondosa, considerado precursor da primeira geração modernista. A temática amorosa e nacionalista foram os elementos que impulsionaram as inúmeras edições do poema. Apesar de sua forma ser devedora da estética parnasiana, Juca Mulato não possui elementos apenas parnasiano, uma vez que agrupa diversas particularidades observáveis em outros estilos literários. A partir desses elementos literários reunidos no poema, este trabalho procura apresentar o modo como o poeta compreendeu o mundo caipira, ou melhor, o modo como ele representou o caipira paulista. Na intenção de apreender o mundo rural encetado pelo poeta, faz-se necessário abordar aspectos que possibilitam a inserção de Juca Mulato no contexto e grupo social demarcado por esse segmento no início do século XX. Nesse sentido, esta pesquisa inicia-se com um estudo acerca do período histórico paulista que remonta o auge da economia cafeeira e o consequente desenvolvimento da capital do estado, para depois analisar o personagem isoladamente e também contrapondo-o à imagem de outros caipiras, inclusive o Jeca Tatu de Monteiro Lobato. Por fim, pretende-se enfocar as práticas cotidianas do caboclo, enfeixadas pelo poema, as quais caracterizam o universo de Juca Mulato, e permitem uma rememoração lírica da vida rústica do homem do campo, através dos afazeres tradicionais da cultura caipira ali enxertados. Ademais, Juca será destacado como um representante lírico, que apesar de ser extremamente idealizado pelo poeta, cumpre o papel de referir-se a um grupo social que permaneceu nas terras do interior paulista, para trabalhar nas lavouras de café, num momento em que a cultura caipira ruía com o capitalismo emergente e o êxodo rural. === The poem Juca Mulato (1917) from Menotti Del Picchia, by the time of its publication, was considered innovative and controversial narrating the story of a mulatto yokel. Its acceptance between critics and readers was astounding, considered to be the precursor of the first modernist writers. The loving and nationalist themes were the elements which boasted the numerous editions of the poem. Though of doubtful parnassian aesthetic, Juca Mulato doesn't only work with elements from this style, since it groups several observable singularities from other literary styles. From these gathered elements, this work tries to introduce a way in which the poet comprehends the yokel universe, better yet, they way how he represents the yokel of the state of São Paulo. In order to apprehend the rural world brought by the poet, one must broach certain aspects which make possible the insertion of Juca Mulato on the social group and context in which both make part in the beginning of the twentieth century. In this way, this research beings with a study regarding the historical period of São Paulo that retraces the apex of the coffee-based economy and the consequential development of the state's capital, for then to analyze the character solely and also placing him close to other yokel figures, like Jeca Tatu from Monteiro Lobato. Finally, it is intended to focus on the everyday practices of the caboclo brought by the poem, which characterize the Juca Mulato's universe and allows a lyrical reminisce from the lout life of the country dweller, through the traditional chores of the yokel culture there demonstrated. Furthermore, Juca will be highlighted as a lyrical representative, that, although he's extremely idealized by the poet, fulfills its role of reference from a social group that belongs in the country of São Paulo, to work on the coffee farming, at a moment in which the yokel culture collapses with the emerging capitalism and the rural exodus.
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