Summary: | A formação humana, durante muito tempo, esteve assentada em pressupostos segundo os quais um conhecimento legitimado devia ser reproduzido no processo educativo. A Literatura, nesse contexto, era considerada como instrumento de capacitação para o uso da linguagem, para o aprendizado das expressões mais apropriadas à comunicação do conhecimento. Hoje, no entanto, o processo formativo é mais bem compreendido enquanto busca de um conhecimento que se transforma continuamente. A Literatura, além de manifestar as possibilidades expressivas da linguagem, também representa o espaço em que se encontra a voz das diferentes experiências do homem no mundo. Reconhecendo a importância desse fenômeno, procuro analisar as consequências dessa mudança de perspectiva, de maneira a vislumbrar quais os aspectos formativos da Literatura e em que medida ela contribui para a formação do ser humano emancipado. Por meio de pesquisa bibliográfica, retomando alguns dos autores que se debruçaram sobre esse assunto no campo da Filosofia, da Psicologia, da Crítica Literária e da Pedagogia, procuro apresentar uma leitura de suas principais contribuições e das ressonâncias de suas vozes em minha própria trajetória formativa, além de textos literários. Assumi, como ponto de partida, uma perspectiva multirreferencial, assegurando a multiplicidade de seus discursos e procurando articulá-los todos, com o cuidado de não reduzir uns aos outros e nem mesmo de produzir alguma síntese conclusiva do assunto. Esta dissertação é o resultado dessa análise que toma a emancipação humana como possibilidade de emitir juízos significativos e dialogar com o outro, além de reconhecer a Literatura como expressão da multiforme experiência humana no mundo, por intermédio da linguagem escrita. A Literatura dá voz a experiências antes desprestigiadas, de minorias antes ignoradas. Por meio do contato com essas outras visões de mundo, o sujeito-leitor descobre a existência de outros sujeitos com suas experiências específicas e discurso próprio, amplia os horizontes de seu olhar sobre a realidade, e lhe é reconhecida a voz na roda do diálogo humano. === For a long time human formation was sustained in presupposes in which a legitimate knowledge should be reproduced in the educative process. In this context, literature was considered a capacitating instrument for the speaker formation, who knew the language and his communicative capacity. However, at the present time, the formative process is more comprehensive as a search for knowledge which is changing continuously and literature, besides keeping the expressive language also represents the possibility to give voice to different experiences of man in the world. Considering the importance of this phenomenon, I try to analyze the consequences of this change in perspective in order to discern which are the aspects of the formative literature and in which extent it contributes to the formation of the emancipated human being. Through bibliographic research, bringing up some authors who have worked with this subject in the Philosophy, Psychology, Literary Critic and Pedagogy fields, as well as literary texts, I intend to present a text with their main contribution and with the resonances of my own academic background. I started up with a multi-referential approach ensuring the multiplicity of speeches and trying to articulate them all, always being careful not to reduce one another neither produce some conclusive synthesis about the issue. The present text is a result of this analysis which takes human emancipation as a possibility of giving meaningful judgment and to dialogue with others, as well as to recognize literature as an expression of the varied human experience in the world through written language. Literature gives voice to experiences once discredited, to a minority once ignored. Through this contact with other views of the world, the subject-reader discovers the existence of other subjects with their specific experiences, with their own speech, broadens the horizons of its perception of reality and its voice is recognized in the wheel of human dialogue.
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