Duas definições comportamentais de punição : história, conceitos e implicações
Atualmente as principais definições de punição em Análise do Comportamento são: a definição de Skinner (1953/2003) e a definição de Azrin e Holz (1966/1975). O presente artigo tem como objetivo explicitar os aspectos mais relevantes de cada uma dessas definições. Para atingir tal objetivo, estratégi...
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Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Análise do Comportamento.
2009
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Atualmente as principais definições de punição em Análise do Comportamento são: a definição de Skinner (1953/2003) e a definição de Azrin e Holz (1966/1975). O presente artigo tem como objetivo explicitar os aspectos mais relevantes de cada uma dessas definições. Para atingir tal objetivo, estratégias variadas de busca bibliográfica foram realizadas, dentre elas, buscas com palavras-chave nas bases de dados PsycINFO e Scielo e recuperação de textos clássicos do assunto. Com base na leitura dos textos recuperados realizou-se a descrição de alguns aspectos históricos destas duas formulações e discutiram-se algumas das implicações decorrentes de cada uma delas. Constatou-se que essas definições implicam diferentes concepções de punição. Para Skinner, punição é entendida como um procedimento, o qual ele define pela apresentação de um estímulo reforçador negativo ou retirada de um positivo. Skinner considera que o efeito direto da punição (supressão de respostas) é, geralmente, temporário e que este procedimento apresenta efeitos indiretos (subprodutos emocionais e fortalecimento de respostas incompatíveis com a resposta punida), que são, na maioria das vezes, prejudiciais para o indivíduo punido e para a sociedade. E para explicar punição Skinner estabelece que os seus efeitos são explicados pelo processo de reforçamento negativo. Para Azrin e Holz punição, além de um procedimento, é também considerada um processo comportamental, caracterizado pela redução na probabilidade do comportamento. Autores favoráveis a essa definição, geralmente argumentam que os subprodutos emocionais da punição, apontados por Skinner, são decorrentes do tipo de estimulação utilizada e não uma particularidade do procedimento. Nessa concepção de punição, a eficácia em suprimir respostas é tida como resultante do arranjo adequado de contingências e a explicação de seus efeitos supressores se dá pela relação direta entre o comportamento e a conseqüência, assim como se supõe quanto ao reforço positivo, mas em direção oposta. No campo aplicado essas distinções resultam em uma polaridade entre autores incondicionalmente contrários ao uso de punição e autores que defendem seu uso para situações críticas, com o uso de estímulos aversivos moderados. No campo teórico cada definição tende a derivar linhas de pesquisa distintas. Skinner parecia mais interessado no estudo dos efeitos do uso de estimulação aversiva. Já Azrin e Holz pareciam buscar as condições e estímulos apropriados para se suprimir uma determinada classe de respostas. Outro aspecto teórico, decorrente desses diferentes posicionamentos, que se destaca, diz respeito ao papel da punição na teoria operante: Punição deveria afigurar-se apenas como um procedimento ou deveria também ser considerada um princípio comportamental? Com os dados aqui apresentados e discutidos, pretendeu-se contribuir para uma melhor compreensão dos diferentes posicionamentos de analistas do comportamento a respeito deste complexo tema: a punição. === Currently the two main definitions of punishment in Behavior Analysis are: the definition of Skinner (1953/2003) and the definition of Azrin and Holz (1966/1975). This article aimed at rendering explicit the most relevant aspects of each of these definitions. For it varied bibliographical search strategies were performed, among them, searches with key-words on PsycINFO and Scielo databases and collecting of classical texts of this theme. Based on the reading of the acquired texts some historical aspects of these two formulations were described, and implications derived from each of them were also discussed. It was observed that these different definitions entail different conceptions of punishment. For Skinner punishment is taken as a procedure, defined by him as the presenting of a reinforcing stimulus or the removal of a positive one. Skinner considers that the direct effect of punishment (response suppression) is usually temporary and that this procedure presents indirect effects (emotional by-products and strengthening of responses incompatible with the punished response), which are, most of the time, harmful for the punished subject and for the society. And for explaining punishment Skinner establishes that its effects are explained by the negative reinforcement process. For Azrin and Holz, besides a procedure, punishment is also considered a behavioral process, characterized by the reduction on the probability of the behavior. Authors, who favor this definition, usually argue that the emotional by-products of punishment, signaled by Skinner, are dependent on the type of the stimulation used and not a particularity of the procedure itself. In this conception of punishment the efficacy in suppressing responses is considered as a result of the proper contingencies arranging, and the explanation of its suppressive effects is a function of the direct relation between the behavior and the consequence, the same way as supposed for the positive reinforcement, but in the opposite direction. In the applied field these distinctions result in a polarity between authors who are unconditionally against the punishment use, and authors who defend it for critical circumstances, with the use of mild aversive stimuli. In the theoretical field each of the definitions tends to derive distinct research programs. Skinner seemed to be more interested in the study of the effects of the aversive stimulation use. Azrin and Holz, however, seemed to look for the appropriate conditions and stimuli for the suppression of a specific response class. Another theoretical aspect, derived from these perspectives, which is highlighted, corresponds to the role of the punishment on the operant theory: Should punishment be considered only a procedure or should it also be considered a behavioral principle? With the data here presented and discussed, it is expected to contribute for a better understanding of the different perspectives of behavior analysts in what concerns to this complex theme: The Punishment. |
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Para Skinner, punição é entendida como um procedimento, o qual ele define pela apresentação de um estímulo reforçador negativo ou retirada de um positivo. Skinner considera que o efeito direto da punição (supressão de respostas) é, geralmente, temporário e que este procedimento apresenta efeitos indiretos (subprodutos emocionais e fortalecimento de respostas incompatíveis com a resposta punida), que são, na maioria das vezes, prejudiciais para o indivíduo punido e para a sociedade. E para explicar punição Skinner estabelece que os seus efeitos são explicados pelo processo de reforçamento negativo. Para Azrin e Holz punição, além de um procedimento, é também considerada um processo comportamental, caracterizado pela redução na probabilidade do comportamento. Autores favoráveis a essa definição, geralmente argumentam que os subprodutos emocionais da punição, apontados por Skinner, são decorrentes do tipo de estimulação utilizada e não uma particularidade do procedimento. Nessa concepção de punição, a eficácia em suprimir respostas é tida como resultante do arranjo adequado de contingências e a explicação de seus efeitos supressores se dá pela relação direta entre o comportamento e a conseqüência, assim como se supõe quanto ao reforço positivo, mas em direção oposta. No campo aplicado essas distinções resultam em uma polaridade entre autores incondicionalmente contrários ao uso de punição e autores que defendem seu uso para situações críticas, com o uso de estímulos aversivos moderados. No campo teórico cada definição tende a derivar linhas de pesquisa distintas. Skinner parecia mais interessado no estudo dos efeitos do uso de estimulação aversiva. Já Azrin e Holz pareciam buscar as condições e estímulos apropriados para se suprimir uma determinada classe de respostas. Outro aspecto teórico, decorrente desses diferentes posicionamentos, que se destaca, diz respeito ao papel da punição na teoria operante: Punição deveria afigurar-se apenas como um procedimento ou deveria também ser considerada um princípio comportamental? Com os dados aqui apresentados e discutidos, pretendeu-se contribuir para uma melhor compreensão dos diferentes posicionamentos de analistas do comportamento a respeito deste complexo tema: a punição. Currently the two main definitions of punishment in Behavior Analysis are: the definition of Skinner (1953/2003) and the definition of Azrin and Holz (1966/1975). This article aimed at rendering explicit the most relevant aspects of each of these definitions. For it varied bibliographical search strategies were performed, among them, searches with key-words on PsycINFO and Scielo databases and collecting of classical texts of this theme. Based on the reading of the acquired texts some historical aspects of these two formulations were described, and implications derived from each of them were also discussed. It was observed that these different definitions entail different conceptions of punishment. For Skinner punishment is taken as a procedure, defined by him as the presenting of a reinforcing stimulus or the removal of a positive one. Skinner considers that the direct effect of punishment (response suppression) is usually temporary and that this procedure presents indirect effects (emotional by-products and strengthening of responses incompatible with the punished response), which are, most of the time, harmful for the punished subject and for the society. And for explaining punishment Skinner establishes that its effects are explained by the negative reinforcement process. For Azrin and Holz, besides a procedure, punishment is also considered a behavioral process, characterized by the reduction on the probability of the behavior. Authors, who favor this definition, usually argue that the emotional by-products of punishment, signaled by Skinner, are dependent on the type of the stimulation used and not a particularity of the procedure itself. In this conception of punishment the efficacy in suppressing responses is considered as a result of the proper contingencies arranging, and the explanation of its suppressive effects is a function of the direct relation between the behavior and the consequence, the same way as supposed for the positive reinforcement, but in the opposite direction. In the applied field these distinctions result in a polarity between authors who are unconditionally against the punishment use, and authors who defend it for critical circumstances, with the use of mild aversive stimuli. In the theoretical field each of the definitions tends to derive distinct research programs. Skinner seemed to be more interested in the study of the effects of the aversive stimulation use. Azrin and Holz, however, seemed to look for the appropriate conditions and stimuli for the suppression of a specific response class. Another theoretical aspect, derived from these perspectives, which is highlighted, corresponds to the role of the punishment on the operant theory: Should punishment be considered only a procedure or should it also be considered a behavioral principle? 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