Summary: | No gênero discursivo trabalhista-sindical explicita-se uma função social, pré-determinada enunciativamente por meio da relação patrão-empregado. A intensidade da circulação do discurso sindical e sua abrangência no contexto social brasileiro nas últimas décadas justificam nosso interesse pelo estudo dessa modalidade discursiva. Pretendemos analisar a origem e os desdobramentos das mudanças ocorridas nesse discurso. Para isso, retomamos aspectos globais e consolidados de sua condição de produção, marcada tradicionalmente por enfrentamentos e pela polêmica com a voz do poder e da autoridade representada pela instituição patronal e governamental. Levantamos, então, a hipótese de que uma das possíveis conseqüências da alteração no cenário enunciativo sindical poderia ser a mobilização de sentidos que se aproximam daqueles que ocorrem na formação discursiva do peleguismo. "Pelego", é um termo definido por Silva (1986), como aquele "...acusado de atender os interesses dos patrões ou dos funcionários do Ministério do Trabalho e, por conseqüência, de conter a insatisfação dos trabalhadores sob sua direção." Sendo assim, tal sindicalista encontra-se comprometido com a política oficial de harmonização entre capital e trabalho, geralmente como meio de tirar proveito pessoal do cargo de representação. A presente pesquisa fundamenta-se na perspectiva teórica da Análise do Discurso de linha francesa, e seu corpus de análise é constituído de periódicos editados por uma das principais entidades sindicais do país: a Central Única dos Trabalhadores. Selecionamos matérias jornalísticas publicadas durante os anos de 2002, 2003 e 2004 no Jornal CUT/São Paulo. Ao considerarmos tal quadro enunciativo e a forma pela qual elementos produzidos no exterior da formação discursiva sindical são incorporados, reconfigurados, denegados ou ignorados, nos textos em estudo, observamos uma discordância entre as vozes do representante (sindicalista) e do representado (trabalhador), possível marca, nessa formação discursiva, de uma ideologia atrelada ao peleguismo. === The labour union discoursive gender reveals a social function, pre-determined enunciatively through the relationship between employer and employee. The intensity of the circulation of the union discourse and its inclusion in the Brazilian social context in the last decades justify our interest in the study of this discursive modality. We intend to analyze the origin and unfoldings of the changes happened in this discursive field. For that, we considered global and consolidated aspects of its production conditions, marked traditionally by collisions and controversy with voice of the power and of the authority represented by employers and government institution. We raise the hypothesis in which one of the possible consequences of the alteration in the union enunciative scenery more recently, could be the mobilization of senses that approach those that occur in the flattery discursive formation. "Flattery", is defined by Silva (1986), as the one "?accused of assisting the interests of the employers or employees of Labor Secretary and, in consequence, containing the dissatisfaction of the workers ". Therefore, such syndicalist is committed with official politics of harmonization between capital and work, usually as means of taking advantage of the position. This research is based on the theoretical perspective of the French Discourse Analysis, and its corpus analysis is constituted by newspapers edited by some of the main syndical entities of the country: Labour Central Union. We selected articles published during 2002, 2003 and 2004 in CUT/SP newspapers. Considering this enunciative scenery, and the way by which elements produced in the exterior of the syndical discursive formation are incorporated, rearranged, refused or ignored, in the textual corpus study, a disagreement is noticed between the representative's voices (syndicalist) and the represented (worker), as mark that can aim at, in that discursive formation, a position harnessed to flattery.
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