Aspectos psicossociais associados ao consumo de álcool: uma comparação entre gestantes abstinentes, consumidoras com uso de risco, nocivo e dependência
O consumo de bebidas alcoólicas durante o período gestacional está relacionado a diversos prejuízos para a saúde materna e do bebê. O uso desta substância por gestantes pode aumentar o risco de trabalho de parto prematuro, aborto espontâneo, descolamento de placenta e aumento de pressão arterial...
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Universidade de São Paulo
2015
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Aspectos psicossociais
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Aspectos psicossociais
Gestação e alcool Pregnancy and alcohol Psychosocial aspects Larissa Horta Esper Aspectos psicossociais associados ao consumo de álcool: uma comparação entre gestantes abstinentes, consumidoras com uso de risco, nocivo e dependência |
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O consumo de bebidas alcoólicas durante o período gestacional está relacionado a diversos prejuízos para a saúde materna e do bebê. O uso desta substância por gestantes pode aumentar o risco de trabalho de parto prematuro, aborto espontâneo, descolamento de placenta e aumento de pressão arterial. Em relação ao filho, o álcool pode causar deficiência no crescimento intrauterino, malformações físicas, a Síndrome Fetal do Álcool (SFA), danos cognitivos e problemas comportamentais que podem perdurar por toda a vida da criança. Embora exista uma tendência a diminuição do consumo de álcool durante o período gestacional, observa-se que uma parcela de mulheres persiste no consumo abusivo. Dessa forma, a identificação dos aspectos psicossociais relacionados com o uso de álcool torna-se importante para compreender melhor quais os fatores relacionados com este comportamento. O estudo teve como objetivo avaliar comparativamente os aspectos psicossociais associados com o uso de álcool em amostra de gestantes com diferentes padrões de consumo: abstinentes, consumidoras de risco, consumidoras nocivas e com provável dependência de álcool. Os fatores predisponentes para a SFA (conforme modelo adaptado de Abel & Hannigan) e o modelo psicossocial para compreensão do problema foram utilizados para seleção dos aspectos psicossociais considerados relevantes nesta pesquisa. Durante o desenvolvimento do estudo, a pesquisadora realizou estágio de doutorado no exterior na University of North Carolina at Chapel Hill (EUA) para treinamento clínico e científico. Trata-se de um estudo com delineamento transversal, observacional e comparativo. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semiestruturadas com gestantes atendidas em unidades básicas de saúde, maternidade e em serviço especializado em atendimento a mulheres farmacodependentes. Os resultados apontaram que gestantes com maior gravidade de consumo tiveram maior propensão à morbidade psiquiátrica (F=15,1; p<0,001), maior número de eventos estressores (F=21,9; p<0,001), menor suporte social (F=9,2; p<0,001), menor habilidade de coping (F=6,5; p<0,001), menor conhecimento sobre os danos associados ao uso de álcool na gestação (F=7,2; p<0,001) e tinham companheiro com uso de álcool (?²=5,8; p<0,01) e/ou drogas ilícitas (?²=24,3; p<0,001). A análise de regressão logística multivariada identificou quatro principais variáveis associadas à maior gravidade de uso de álcool: Estresse, Sintomas psiquiátricos, Uso de álcool e drogas do companheiro, Crenças e conhecimentos sobre o uso de álcool na gestação. Sendo assim, as gestantes com maior consumo de bebidas alcoólicas apresentaram aspectos psicossociais que as diferiram das gestantes abstinentes ou com consumo de risco de álcool. O estudo contribui ao evidenciar fatores que podem aumentar, ou ainda, moderar o consumo de álcool de gestantes. A gestação é um momento propício para auxiliar a mulher no abandono do uso de substâncias como bebidas alcoólicas. Os profissionais que atendem essa população podem avaliar tais aspectos psicossociais e detectar gestantes com maior vulnerabilidade para o uso de álcool. Portanto, o conhecimento sobre esta relação é importante para intervenções profissionais efetivas, formulação de estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, assim como uma melhor fundamentação de políticas públicas na área de saúde materno-infantil.
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Alcohol consumption during pregnancy is related to several damage for maternal and newborn health. Pregnant women that use this substance can increases the risk for preterm labor, miscarriage, placental abruption and high blood pressure. For the child, alcohol can result in intrauterine growth restriction, physical malformations, the Fetal Alcohol Syndrome (FAS), cognitive impairment and behavioral problems that can last for a child\'s whole life. Although there is a tendency to decreased alcohol consumption during pregnancy, it is observed that a portion of women persists in the abuse. Thus, the identification of psychosocial aspects of alcohol use becomes important to better understand what factors are related to this behavior. The goal of the study was comparatively evaluate the psychosocial aspects associated with the alcohol use in a sample of pregnant women with different patterns of consumption: abstinence, hazardous use, harmful use and alcohol dependence. Permissive factors for FAS (as adapted model of Abel & Hannigan) and the psychosocial model for understanding the issue were used for selecting the psychosocial aspects considered relevant for this search. During the development of the study, the researcher conducted internship abroad at the University of North Carolina at Chapel Hill (USA) for clinical and scientific training. A cross-sectional, observational and comparative study. Data collection was conducted through semi-structured interviews with pregnant women attending the Basic Health Units, a maternity clinic and specialized service in addiction treatment for women. Results indicated that pregnant women with greater severity consumption were more chance to psychiatric morbidity (F=15.1, p<0.001), stressful events numbers (F=21.9, p<0.001), lower social support (F=9.2; p<0.001), lower levels of coping (F=6.5; p<0.001), lower Beliefs and Knowledge about the harms associated with alcohol use during pregnancy (F=7.2; p <0.001) and had a partner with alcohol use (X²=5.8; p<0.01) and/or illicit drug use (X²=24.3, p<0.001). Multivariate logistic regression analysis identified four main variables associated with greater severity of alcohol use: Stress, Psychiatric symptoms, Partner who use alcohol or drugs, Beliefs and Knowledge about alcohol use during pregnancy. Thus, pregnant women with greater severity of alcohol consumption had psychosocial aspects that differ from abstinent women or with hazardous alcohol consumption. This research identified factors that may increase or, even moderate alcohol consumption for pregnant women. Pregnancy seems to be appropriate moment to aid the woman in the abandonment of the use of substances such as alcohol. Professionals serving this population could evaluate this psychosocial aspects and detecting pregnant women with greater vulnerability to alcohol use. Therefore, knowledge of this association is important for effective professionals interventions, formulation of strategies for prevention, early diagnosis and treatment, as well as a better foundation for public policy about maternal and child health.
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Em relação ao filho, o álcool pode causar deficiência no crescimento intrauterino, malformações físicas, a Síndrome Fetal do Álcool (SFA), danos cognitivos e problemas comportamentais que podem perdurar por toda a vida da criança. Embora exista uma tendência a diminuição do consumo de álcool durante o período gestacional, observa-se que uma parcela de mulheres persiste no consumo abusivo. Dessa forma, a identificação dos aspectos psicossociais relacionados com o uso de álcool torna-se importante para compreender melhor quais os fatores relacionados com este comportamento. O estudo teve como objetivo avaliar comparativamente os aspectos psicossociais associados com o uso de álcool em amostra de gestantes com diferentes padrões de consumo: abstinentes, consumidoras de risco, consumidoras nocivas e com provável dependência de álcool. Os fatores predisponentes para a SFA (conforme modelo adaptado de Abel & Hannigan) e o modelo psicossocial para compreensão do problema foram utilizados para seleção dos aspectos psicossociais considerados relevantes nesta pesquisa. Durante o desenvolvimento do estudo, a pesquisadora realizou estágio de doutorado no exterior na University of North Carolina at Chapel Hill (EUA) para treinamento clínico e científico. Trata-se de um estudo com delineamento transversal, observacional e comparativo. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semiestruturadas com gestantes atendidas em unidades básicas de saúde, maternidade e em serviço especializado em atendimento a mulheres farmacodependentes. Os resultados apontaram que gestantes com maior gravidade de consumo tiveram maior propensão à morbidade psiquiátrica (F=15,1; p<0,001), maior número de eventos estressores (F=21,9; p<0,001), menor suporte social (F=9,2; p<0,001), menor habilidade de coping (F=6,5; p<0,001), menor conhecimento sobre os danos associados ao uso de álcool na gestação (F=7,2; p<0,001) e tinham companheiro com uso de álcool (?²=5,8; p<0,01) e/ou drogas ilícitas (?²=24,3; p<0,001). A análise de regressão logística multivariada identificou quatro principais variáveis associadas à maior gravidade de uso de álcool: Estresse, Sintomas psiquiátricos, Uso de álcool e drogas do companheiro, Crenças e conhecimentos sobre o uso de álcool na gestação. Sendo assim, as gestantes com maior consumo de bebidas alcoólicas apresentaram aspectos psicossociais que as diferiram das gestantes abstinentes ou com consumo de risco de álcool. O estudo contribui ao evidenciar fatores que podem aumentar, ou ainda, moderar o consumo de álcool de gestantes. A gestação é um momento propício para auxiliar a mulher no abandono do uso de substâncias como bebidas alcoólicas. Os profissionais que atendem essa população podem avaliar tais aspectos psicossociais e detectar gestantes com maior vulnerabilidade para o uso de álcool. Portanto, o conhecimento sobre esta relação é importante para intervenções profissionais efetivas, formulação de estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, assim como uma melhor fundamentação de políticas públicas na área de saúde materno-infantil. Alcohol consumption during pregnancy is related to several damage for maternal and newborn health. Pregnant women that use this substance can increases the risk for preterm labor, miscarriage, placental abruption and high blood pressure. For the child, alcohol can result in intrauterine growth restriction, physical malformations, the Fetal Alcohol Syndrome (FAS), cognitive impairment and behavioral problems that can last for a child\'s whole life. Although there is a tendency to decreased alcohol consumption during pregnancy, it is observed that a portion of women persists in the abuse. Thus, the identification of psychosocial aspects of alcohol use becomes important to better understand what factors are related to this behavior. The goal of the study was comparatively evaluate the psychosocial aspects associated with the alcohol use in a sample of pregnant women with different patterns of consumption: abstinence, hazardous use, harmful use and alcohol dependence. Permissive factors for FAS (as adapted model of Abel & Hannigan) and the psychosocial model for understanding the issue were used for selecting the psychosocial aspects considered relevant for this search. During the development of the study, the researcher conducted internship abroad at the University of North Carolina at Chapel Hill (USA) for clinical and scientific training. A cross-sectional, observational and comparative study. Data collection was conducted through semi-structured interviews with pregnant women attending the Basic Health Units, a maternity clinic and specialized service in addiction treatment for women. Results indicated that pregnant women with greater severity consumption were more chance to psychiatric morbidity (F=15.1, p<0.001), stressful events numbers (F=21.9, p<0.001), lower social support (F=9.2; p<0.001), lower levels of coping (F=6.5; p<0.001), lower Beliefs and Knowledge about the harms associated with alcohol use during pregnancy (F=7.2; p <0.001) and had a partner with alcohol use (X²=5.8; p<0.01) and/or illicit drug use (X²=24.3, p<0.001). Multivariate logistic regression analysis identified four main variables associated with greater severity of alcohol use: Stress, Psychiatric symptoms, Partner who use alcohol or drugs, Beliefs and Knowledge about alcohol use during pregnancy. Thus, pregnant women with greater severity of alcohol consumption had psychosocial aspects that differ from abstinent women or with hazardous alcohol consumption. This research identified factors that may increase or, even moderate alcohol consumption for pregnant women. Pregnancy seems to be appropriate moment to aid the woman in the abandonment of the use of substances such as alcohol. Professionals serving this population could evaluate this psychosocial aspects and detecting pregnant women with greater vulnerability to alcohol use. 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