Summary: | Quem acompanha o noticiário de negócios já se acostumou com as manchetes sobre os executivos e suas incríveis realizações profissionais. Eles tiram empresas da falência, salvam empregos, investem milhões, são recebidos por presidentes e ministros. Sua ascensão ao longo do século XX acompanhou a evolução da administração de empresas como ciência pesquisada por nomes como Jules Henri Fayol, Henry Ford, Frederick Taylor e Peter Drucker. Todos tentaram explicar a forma como o executivo trabalhava e, como consequência, como as organizações poderiam obter mais sucesso. Ao mesmo tempo em que subiam na hierarquia social - Drucker chegou a chamá-los de \"indispensáveis\" ao sucesso econômico -, um novo campo de estudos se desenvolveu para entender como suas carreiras aconteciam, progrediam, seja dentro ou fora das empresas. Os estudos de carreira se intensificaram a partir dos anos 1970, coincidindo com as mudanças econômicas, sociais e tecnológicas que agitaram o mundo e exigiram uma nova postura dos profissionais frente a sua carreira. No coração das empresas, as relações de emprego passaram de estáveis para instáveis, de duradouras para efêmeras. Nesse contexto de ascensão dos executivos, um cargo em especial passou a representar as aspirações de toda uma categoria: a presidência da empresa. Chegar ao topo da hierarquia organizacional significava obter os símbolos de status e poder de alguém com capacidade para decidir o destino de pessoas e empresas. Em outras palavras, alcançava o imaginário coletivo de herói corporativo, aquele que venceu todos os obstáculos rumo ao sucesso. O objetivo central deste trabalho é o de verificar se os presidentes de empresa, ao falarem de sua trajetória profissional, também se colocam na posição de herói, representando o papel que a sociedade espera deles. Realizou-se um estudo qualitativo por meio da análise de conteúdo em doze entrevistas dirigidas, concedidas por presidentes de empresa para um programa de televisão, no qual responderam a perguntas abertas sobre sua história pessoal e profissional. Constatou-se que o relato público do presidente sobre a sua trajetória possui elementos que estão presentes no conceito de monomito do herói descrito por Joseph Campbell. Foi possível encontrar na narrativa dos presidentes características compatíveis com todas as 17 etapas da jornada do herói - desde o chamado à aventura até o retorno após as conquistas. Tais etapas - que ilustram o conceito de monomito - foram usadas como categorias de análise, assim como \"mundo comum\", que examina o período anterior ao início da jornada do herói. Foram analisados, ainda, os discursos dos presidentes sobre carreira e liderança, de maneira generalizada e em relação a suas próprias experiências. Esses resultados sugerem que o presidente de empresa, quando fala publicamente sobre sua trajetória, incorpora o papel de herói corporativo.
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Those who follow the business news have got used to headlines about executives and their incredible professional accomplishments. They take companies from bankruptcy, save jobs, invest millions, and are received by presidents and ministers. Their ascension to the twentieth century followed the evolution of business administration as a science searched by names such as Jules Henri Fayol, Henry Ford, Frederick Taylor e Peter Drucker. Everyone tried to explain how the executive used to work and as a consequence, such organizations could be more successful. While they climbed the social hierarchy - Drucker called them \"essential\" to economic success - a new field of study developed to understand how their careers developed, whether inside or outside companies. Career studies have intensified since the 1970s, coinciding with the economic, social and technological changes that shook the world and demanded a new attitude of the professionals in their careers. At the heart of business, employment relations went from stable to unstable, from everlasting to ephemeral. In this executive rising context, an office in particular has come to represent the aspirations of an entire category: the presidency of the company. Reaching the top of the organizational hierarchy meant getting the symbols of status and power of someone with the ability to decide the destiny of individuals and companies. In other words, it reached the collective imagination of the corporate hero, who overcame all obstacles to succeed. The main objective of this paper is to verify that CEOs, when talking of their careers, also pose as the hero figure, playing the role that society expects of them. A qualitative study was carried out using content analysis of twelve directed interviews granted by corporate CEOs for a television program, in which they responded to open-ended questions about their personal and professional history. It was found that the CEO\'s public reporting on their path has elements that are present in the concept of the hero monomyth described by Joseph Campbell. It was possible to find in the narrative of these CEOs features that are compatible with all 17 steps of a hero\'s journey - from the call to adventure to the return after the conquests. These steps - which illustrate the concept of the monomyth - were used as categories of analysis, along with the \"ordinary world\", which examines the period before the start of the hero\'s journey. We also analyzed the CEOs\' speeches on career and leadership, both generally and with regards to their own experiences. These results suggest that CEOs, when speaking publicly about their careers, personify the role of the corporate hero.
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