Avaliação histométrica do reparo ósseo alveolar de ratos tratados com anti-inflamatórios não-esteroidais

As prostaglandinas (PGs) são derivadas do metabolismo do ácido aracdônico pela via das enzimas cicloxigenases (COX-1 e COX-2) e participam do controle do metabolismo ósseo. Os anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs), inibidores das COX, podem interferir negativamente com a formação óssea, atr...

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Bibliographic Details
Main Author: Ricardo Nogueira Fracon
Other Authors: Teresa Lucia Colussi Lamano
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2009
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/58/58137/tde-30082010-103722/
Description
Summary:As prostaglandinas (PGs) são derivadas do metabolismo do ácido aracdônico pela via das enzimas cicloxigenases (COX-1 e COX-2) e participam do controle do metabolismo ósseo. Os anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs), inibidores das COX, podem interferir negativamente com a formação óssea, atrasando o reparo de fratura de ossos longos, a fusão espinhal e a osseointegração de implantes. O presente trabalho teve por objetivo avaliar, quantitativamente, o efeito de diferentes tipos de AINEs (convencional, preferencial e seletivo para COX-2), assim como de um analgésico com efeito anti-inflamatório fraco, sobre o reparo ósseo alveolar, em ratos machos. Os animais foram divididos em 5 grupos experimentais: a) controle (administração de 1 mL água/dia), b) cetorolaco de trometamina (inibidor não-seletivo COX-1/COX-2; ingestão de 4 mg/kg/dia), c) nimesulida (inibidor preferencial de COX-2; ingestão de 5 mg/kg/dia), d) paracetamol (efeito anti-inflamatório fraco; ingestão de 80 mg/kg/dia), e) etoricoxibe (inibidor seletivo de COX-2; ingestão de 10 mg/kg/dia). As dosagens foram baseadas em trabalhos experimentais da literatura e na equivalência com a terapêutica humana. A administração foi realizada por gavage gástrica, iniciando logo após a extração do incisivo superior direito e seguindo por um periódo de 14 dias, após o que os ratos foram sacrificados, as hemi-maxilas contendo os alvéolos em reparação foram coletadas e processadas para inclusão em parafina, orientada de maneira a permitir cortes semi-seriados longitudinais de 6 μm de espessura (a intervalos de 60 μm), que foram corados pela hematoxilina e eosina. O percentual de tecido ósseo neoformado foi estimado por método de contagem diferencial de pontos, utilizando-se um microscópio óptico munido de câmera digital de vídeo para captura de imagens e um programa para histometria. Foram contados cerca de 1200 pontos (1182,9 ± 47,6 pontos; média ± EPM) no terço cervical alveolar de cada animal, em cerca de 8 secções histológicas intercaladas (8,6 ± 0,3 secções; média ± EPM). Após a aplicação de teste que comprovou a normalidade de todas as distribuições (teste de Kolmogorov-Smirnov, p > 0,10) aplicou-se a Análise de Variância (gl=4; F = 1,52; x2 = 0,13), que comprovou que o tratamento com os diferentes tipos de AINEs não interferiu com a formação óssea reparacional, neste modelo experimental. Os presentes resultados, obtidos em animais, não devem ser diretamente extrapolados para humanos, nem conduzir a uma inferência sobre o uso de AINEs na clínica odontológica. No entanto, as numerosas evidências experimentais e clínicas de que os diferentes tipos de AINEs podem ter efeitos indesejados na clínica ortopédica, somadas ao número reduzido de estudos voltados especificamente para a área odontológica, indicam a necessidade de mais investigações nessa área, com variação dos parâmetros experimentais e das ferramentas de avaliação, antes que se descarte a possibilidade de que os AINEs possam ter efeitos indesejados em procedimentos odontológicos que necessitam de formação óssea, principalmente no caso de utilização prolongada. === The cyclooxygenase enzymes COX-1 and COX-2 catalyze the conversion of arachidonic acid to prostaglandins (PGs), eicosanoids important for control of bone metabolism. The non-steroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs), which are COX inhibitors, may negatively interfere with bone formation and delay long bone fracture healing, spinal fusion and implant osseointegration. The aim of the present study was to investigate quantitatively whether different types of NSAIDs (conventional, preferential and COX-2-selective), as well as an analgesic drug with a weak anti-inflammatory action, can hinder alveolar bone healing, in male rats. The animals were divided in 5 experimental groups: a) control (oral administration of 1 mL water/day), b) cetorolac (non-selective COX-1/COX-2 inhibito - 4 mg/kg/day oral dose), c) nimesulide (preferential COX-2 inhibitor - 5 mg/kg/day oral dose), paracetamol (weak anti-inflammatory - 80 mg/kg/day oral dose), etoricoxib (selective COX-2 inhibitor - 10 mg/kg/day oral dose). The doses of NSAIDs were compatible to human therapy and in the range of investigations carried out in laboratory animals. The drugs were administered by gavage from the day of extraction of the upper right incisors until death 2 weeks later, when the hemi-maxillae containing the alveolar sockets were collected, decalcified and processed for paraffin embedding. Semi-serial longitudinal 6-μm-thick sections were cut at 60-μm intervals and stained with hematoxylin and eosin. The degree of new bone formation inside the alveolar socket was estimated by a differential point-counting method, using an optical microscopy with a digital camera for image capture and a public domain histometry software. A total of 1182,9 ± 47,6 points (mean ± SEM) were counted in the cervical alveolar third, in 8,6 ± 0,3 (mean ± SEM) histological sections per alveolus (final magnification 100x), the percentage of points lying on bone trabeculae being proportional to their volume density. After confirmation of a normal distribution (Kolmogorov-Smirnov normality test, p>0,10) and comparison among groups by Analysis of Variance (gl = 4; F = 1,52; x2 = 0,13), histometric data confirmed that none of the anti-inflammatory drugs have detrimental effects in the volume fraction of new bone trabeculae filling the tooth extraction socket. Although experimental results obtained in animals may not be directly extrapolated to human neither induce to inferences about the clinical use of NSAIDs, numerous evidences have confirmed the deleterious effects of NSAIDs in the orthopedic clinic. Considering the reduced amount of studies on this subject pertaining to the dental field, more investigations are needed varying the experimental parameters and techniques, before the possibility of deleterious effects of NSAIDs in dental procedures requiring new bone formation are discharged.