Sustentabilidade como semântica: sobre as ordens de conservação do mundo e suas dinâmicas de transformação

Esta tese é um estudo analítico da semântica do termo sustentabilidade e dos processos sociais de significação dos seus conteúdos constitutivos com o objetivo de desenvolver um sistema de referência que o estruture como um conceito organizador e regulador das ordens de conservação e das dinâmica...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Luciano Alvim Fiscina
Other Authors: Eda Terezinha de Oliveira Tassara
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2013
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-30072013-095100/
Description
Summary:Esta tese é um estudo analítico da semântica do termo sustentabilidade e dos processos sociais de significação dos seus conteúdos constitutivos com o objetivo de desenvolver um sistema de referência que o estruture como um conceito organizador e regulador das ordens de conservação e das dinâmicas de transformação do mundo contemporâneo. A hipótese é que existe uma vacuidade conceitual no uso estratégico do termo de modo que suas projeções semânticas não são suficientes para estruturá-lo como um conceito de organização e transformação social. Assim, seu sentido estruturante se encontraria na necessidade lógica de explicar as ordens de conservação do mundo frente à questão socioambiental. Sob o enfoque desta tese, o termo sustentabilidade se constituiria no interior da atividade psicológica imanente ao sujeito histórico que busca interpretar seu mundo e explicar suas ordens de permanência e transformação. A tese parte da premissa de que a sustentabilidade se estrutura como conceito regulador do pensamento socioambiental contemporâneo, constituindo-se em necessidades de inovação técnocientífica, conservação material e simbólica do mundo vivido e mudança dos panoramas naturais e sociais contemporaneamente experienciados. O método da pesquisa envolve três ordens de derivação do significado do termo sustentabilidade que assumem, subsequentemente, a função de dimensões de análise e são consideradas como forças semânticas reguladoras de categorias analíticas de natureza sintática. O corpus empírico da análise consiste em uma coleção de textos publicados por estudiosos e pensadores especializados na temática em questão, tendo como descritor-síntese a expressão \"teorias socioambientais\". Desta forma, busca-se verificar se, da derivação semântica, pode emergir um sistema de referência de análise capaz de estruturar projeções significativas da estrutura semântica do termo sustentabilidade e do seu emprego estratégico. Interpretam-se as respectivas dimensões analíticas, descritas como pré-lógica, antropológica e geopolítica, como inter-relacionando-se por uma regulação endógena interna à estrutura semântica do termo sustentabilidade e não por interferência ou por redução de uma dimensão a outra. Tais dimensões encerram possibilidades semânticas intracombinatórias de ordem congruente, incongruente e paradoxal. Quanto à ordem congruente, nos referirmos às ordens de conservação do mundo; à ordem incongruente, nos referimos às dinâmicas de transformação que abalam a ordem de conservação do mundo material e simbólico; e à ordem paradoxal, apontamos para interesses que travam os meios de solução das antinomias e dos paradoxos sociais, criando processos com formas convenientes de relação entre as dinâmicas de transformação do mundo e suas ordens de conservação. Consideramos que o método proposto permitiu a identificação de formas emergentes de forças semânticas que emanam das teorias socioambientais, cuja estruturação assume a função de regular as operações de relação das dimensões de significação do termo sustentabilidade. Concluímos, à luz da análise desenvolvida, que as informações científicas que fundamentam o emprego do termo sustentabilidade ainda não são capazes de atingir o conduto da vida social, mediante dispositivos de socialização disparados por seu uso estratégico, pois se estruturam sobre uma incompletude conceitual que não abrange a amplitude e complexidade dos processos sociais reguladores que deveriam influenciar === This thesis is an analytical study of the semantic of the sustainability term and of the social processes of signification of their constituent content with the goal of developing one reference system able of structure it as an organizing and regulator concept of the conservation orders and the dynamics of transformation of the contemporary world. The hypothesis is that there is a conceptual vacuity in the strategic use of the term so that their semantics projections are not yet sufficient to structure it as a concept of organization and social transformation. Thus its structural would be upon the logic necessity of explain the conservation orders face the socio environmental issue. Under the focus of this thesis, the sustainability term would constitute itself as a psychological activity immanent to historical subjects that seek to interpret their world and explain their orders of permanence and transformation. The thesis begins from the premise that sustainability is structured as a regulator concept of the contemporary socio environmental thinking, constituting itself in necessities of technoscientific innovation, conservation of material and symbolic world and changing of the natural and social panoramas contemporaneously experienced. The method involves three derivation orders of the semantic structure of the sustainability term, assuming, subsequently, the function of analytical dimensions of syntactic nature. The corpus of the empirical analysis consists of a texts collection published by scholars and thinkers, with the descriptor-synthesis \"environmental theories.\" Thus we seek to verify if from that semantic derivation can emerge one reference system capable of structuring the semantics projections of the sustainability term and of its strategic use. We interpreted the respective analytical dimensions, described as pre-logic, anthropological and geopolitical, as interrelating itself by an endogenous regulating and not by interference or by reducing of one dimension to another. These dimensions contain intra-combinatorial semantics possibilities of congruent order, incongruous and paradoxical order. Regarding the congruent order, we refer to order of conservation of the world; on the incongruous order, we refer to the dynamics of transformation that disrupt the conservation order of the material and symbolic world, and on paradoxical order, we point to concerns that prevent the means of solution of the social processes contradictories, creating convenient forms of relationship between the dynamics of transformation of the world and its conservation orders. We consider that the proposed method allowed the identification of semantics forces that emanate from socio environmental theories, assuming the function of regulating the operations between the dimensions of meaning of the sustainability term. We conclude, at light of the analysis developed, that the scientific information underlying the use of the sustainability term is not yet able to reach the conduit of the social life, through socialization devices triggered by its strategic use, because it is structured on a incompleteness conceptual that does not encompass the breadth and complexity of the regulators social processes which should influence