Summary: | Dentre os meios utilizados para enriquecer os quadros dos paradigmas das flexões verbais nas línguas românicas, destaca-se o emprego de construções de caráter vulgar: as perífrases. Essas formas verbais compostas apresentam, por vezes, divergências relevantes entre as línguas românicas, como a construção ir (presente de indicativo) + infinitivo. Enquanto a língua portuguesa emprega essa perífrase para denotar noção de futuro, a língua catalã, ao contrário, utiliza-a para fazer referência a uma ação pretérita. Tendo em conta as demais línguas românicas, pode-se averiguar que é o catalão que faz uma exceção ao uso de ir+ infinitivo. Apesar de ter seu uso proliferado, o emprego da perífrase catalã não é consenso entre as suas variantes dialetais: enquanto a maior parte privilegia o uso da perífrase, em detrimento da forma simples de pretérito, uma pequena parte dá maior ênfase à forma sintética ou mescla as variantes. Ainda que a questão da coincidência formal da perífrase conduz a uma importante estranheza semântica em relação a outras línguas românicas, o escopo da pesquisa se mantém na comparação entre a língua portuguesa e catalã, colocando em xeque a relação dicotômica norma/ uso. Uma análise sob a perspectiva diacrônica poderia apresentar respostas satisfatórias para se chegar ao entendimento do tratamento e da história dessas perífrases nas duas línguas.
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Among the means used to broaden the paradigm of verbal inflections in romance languages, the employment of constructions that are vulgar in character is noteworthy: the periphrases. The compound verb forms present, at times, significant differences between the romance languages, such as the construction ir (indicative present tense) + infinitive. Whereas in Portuguese such a pattern is employed to denote future, Catalan uses it to refer to past actions. All romance languages considered, it can be verified that Catalan is the only language that makes this exceptional use of ir + infinitive. In spite of its widespread use, the employment of the Catalan periphrasis is not a consensus amongst its dialects: while the majority of them make use of the periphrasis instead of the simple past form, a small part of them prefer to use the synthetic form or both interchangeably. Although the matter of the formal coincidence of the periphrasis leads to important semantic awkwardness in relation to the other romance languages, the scope of this work is the comparison between Portuguese and Catalan languages, calling into question the norm/usage dichotomy. An analysis in diachronic perspective could lead to satisfactory understanding of the treatment and history of these periphrases in both languages.
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