Uma leitura sobre a representação da natureza em Memórias Póstumas de Brás Cubas

Em Memórias póstumas de Brás Cubas, percebe-se uma referência frequente à natureza. Pela análise das situações em que ela se apresenta, podese notar que lhe são atribuídas funções e papéis variados e que, portanto, não é possível que se a defina como unidade. Ora o narrador a imputa o domínio de...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Loildo Teodoro Roseira
Other Authors: Cilaine Alves Cunha
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2012
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-29102012-115225/
Description
Summary:Em Memórias póstumas de Brás Cubas, percebe-se uma referência frequente à natureza. Pela análise das situações em que ela se apresenta, podese notar que lhe são atribuídas funções e papéis variados e que, portanto, não é possível que se a defina como unidade. Ora o narrador a imputa o domínio de forças metafísicas, ora a determinação dos sentimentos humanos. De modo geral, o narrador recorre à natureza quando se evidencia o caráter condenável de sua conduta, sugerindo que suas ações não poderiam ter-se dado de outro modo, em vista de forças naturais. Em contraste com os contextos históricos apresentados na narrativa, os argumentos naturalistas de Brás Cubas são pouco convincentes, o que põe em relevo o cinismo irônico do defunto autor, de modo que seus pretextos e justificativas infundadas acabem por acusá-lo. Na tentativa de embasar seu discurso, o narrador distorce e se apropria de teorias e correntes de pensamento, como Positivismo, Naturalismo, Darwinismo Social. Ao instrumentalizar-se de conceitos filosóficos e teorias sociais, o romance redunda na paródia desconstrutiva destes e do próprio narrador. O modo como essa instrumentalização cômico-irônica se dá é o que se procurou demonstrar com este trabalho. === In Memórias póstumas de Brás Cubas, it can be noted a frequent reference to nature. Analyzing the situations in which it is presented, one can perceive that different roles and functions are ascribed to it; thus, as a consequence, it cannot be defined as a unity. At times the narrator makes it responsible for metaphysical forces, at other times he attributes to nature the power to determine human feelings. In general, Brás Cubas recurs to nature when the condemnable character of his conduct is evident, suggesting that his actions could not have been otherwise due to natural forces. In contrast with the historical contexts presented in the narrative, Brás Cubas naturalist arguments are little convincing, what highlights the self-accusing sarcasm of the dead author, in a way that his flimsy pretexts and justification end up turning against him. In the attempt to ground his discourse, the narrator distorts and makes use of theories and systems of thought, such as Positivism, Naturalism and Social Darwinism. By doing so, the novel results in a deconstructive parody of these systems and of the author himself. Demonstrating the way it happens in the narrative is the aim of this research.