Summary: | A infecção genital pelo papilomavírus humano (HPV) corresponde a uma das doenças sexualmente transmissíveis mais frequentes no mundo. Uma preocupação dos pacientes que apresentam HPV na região anogenital diz respeito à possibilidade de disseminação desse vírus para outras partes do corpo. O objetivo geral desse estudo foi avaliar a possível correlação existente entre infecções pelo HPV na mucosa oral e no colo uterino em mulheres com sorologias positiva e negativa para o HIV. Pretendeu-se, também, identificar variáveis clínicas, demográficas e laboratoriais associadas à infecção oral pelo HPV. A amostra foi constituída por 200 pacientes do gênero feminino, sendo 100 com sorologia positiva para HIV (grupo 1) e 100 com sorologia negativa para HIV (grupo 2). As pacientes foram incluídas consecutivamente no Centro de Referência e Treinamento em DST-AIDS entre abril de 2008 a maio de 2009. Todas as pacientes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e responderam a uma ficha com questionamentos sobre hábitos e comportamento sexual. Além disso, tiveram as cavidades oral e ginecológica examinadas, sendo que células superficiais de ambos os locais foram coletadas e avaliadas pela captura híbrida 2 e pela citologia em base líquida. Para comparação de variáveis qualitativas, como freqüências e proporções, foi utilizado o teste de qui-quadrado ou exato de Fisher, se necessário. Para comparação de dados quantitativos, foram utilizados os testes de Mann-Whitney ou t de Student. A análise multivariada foi executada utilizando-se o teste de regressão logística, sendo que o valor de significância estatística estabelecido foi de 5% (p<0,05). O DNA do HPV foi detectado nas amostras cervicais de 41 (41%) pacientes HIV+ e de 45 (45%) HIV- (p=0.67). Nas amostras da cavidade oral, o DNA do HPV foi observado em 11 mulheres do G1 (HIV+) e em 2 mulheres do G2 (HIV-) (OR=6,06; 95%IC=1,31-28,07; p=0,02). Os subtipos oncogênicos foram prevalentes em ambos os grupos, sendo que não foi observada diferença entre os grupos (p=0.87). Nenhuma paciente apresentou lesão macroscópica oral relacionada ao HPV, sendo que 15 (15%) mulheres do G1 (HIV+) e 17 (17%) do G2 (HIV-) apresentaram lesão macroscópica na região genital (p=0.2129). Com os resultados obtidos pôde-se concluir que nesta população não houve correlação entre a infecção pelo HPV nas mucosas oral e cervical. Além disso, as pacientes HIV+ apresentaram maior prevalência de infecção pelo DNA-HPV na boca em comparação às pacientes HIV-.
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Human papillomavirus (HPV) is one of the most prevalent sexually transmitted viruses worldwide with both oral and genital manifestations. The high prevalence of HPV infection among HIV + individuals provides an opportunity to elucidate the relationship between oral and cervical HPV-infection in this group of subjects. The aim of this study is to evaluate the possible association between oral and cervical infections in HIV-positive and negative patients. One hundred HIV+ (group 1) and 100 HIV- (group 2) women were recruited consecutively from a gynecologic clinic between April 2008 and May 2009. All subjects were given a cervical and oral examination. Cytological samples were evaluated by the hybrid capture 2 technique from oral and cervical scrapings. Statistical analysis was performed using chi-square test and p values < 0.05 were considered significant. HPV-DNA was detected in cervical scrapings from 41 (41%) HIV-positive subjects and from 45 (45%) HIVnegative subjects (p=0.67). In oral samples, HPV-DNA was observed in 11 subjects from group 1 and in 2 subjects from group 2 (p=0.02). High-risk HPV subtypes were prevalent in both groups and no difference between the groups was detected (p=0.87). No subject showed macroscopic oral HPV-related lesion, whereas 15 (15.00%) from group 1, and 17 (17.00%) from group 2, presented with macroscopic genital lesion (p=0.2129). HPV-DNA was more frequent in oral mucosa of HIV+ patients than HIV- (p=0,018). There was no association between oral and cervical HPV infection in HIV+ and HIV- patients. Presence of cervical lesion was not associated with oral lesion.
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