Summary: | Considerando explicações sobre o fenômeno polinização a partir de narrativas biológicas, este estudo foi norteado pela seguinte pergunta: até que ponto alguns termos, aparentemente finalistas, podem ser usados em textos científicos sem que ocorra um prejuízo no entendimento de questões ontogenéticas e filogenéticas? Diante esta questão, os objetivos desta pesquisa foram: i) apresentar uma discussão sobre as explicações funcionais na biologia, especificamente em relação ao fenômeno polinização e ii) contribuir para reflexões epistemológicas no ensino de Biologia. Foram selecionados dois filósofos para definições e análises sobre linguagens funcionais, Larry Wright e Robert Cummins. Para análise dos textos científicos sobre o fenômeno polinização, foi realizado o recorte de dois momentos históricos, um do século XVIII, quando se iniciou os estudos sobre polinização, e outro do século XIX, quando a teoria da evolução estava em discussão. As duas interpretações filosóficas defendem, embora de uma maneira distinta, a existência de uma ideia explanatória do conceito de função para a biologia. A concepção de Larry Wright (1973) sustenta que a função explica por que algo existe e a de Robert Cummins (1975) considera que o poder explicativo da função está na avaliação de sua contribuição para o sistema do qual faz parte, não sendo relevante para sua compreensão a informação sobre sua origem evolutiva. As duas obras científicas primárias selecionadas para análises, de Christian Sprengel (1750-1816) e Charles Darwin (1809-1882), apresentaram alguns termos aparentemente finalistas, ou seja, com conotação de caráter teleológico. A análise dos dados permite dizer que a questão sobre função na biologia é bastante inquietante. Tanto a ciência quanto a filosofia estão em processos de desvelar quais as melhores formas de tratamento de termos finalistas que satisfaçam os problemas de seu uso sem que ocorra um prejuízo no entendimento das questões evolutivas do fenômeno estudado. Este estudo sugere uma redução do uso de termos teleológicos em textos científicos, uma vez que há diferentes visões sobre este conceito, o que pode gerar interpretações incorretas. Além disso, as implicações deste estudo para a Didática da Biologia são apresentadas por meio de inserções filosóficas-epistemológicas em aulas de Biologia com o intuito de permitir o desenvolvimento dos conteúdos biológicos de forma mais reflexiva e contextualizada.
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Considering explanations about the phenomenon of pollination from biological narratives, this study was guided by the question: at what extent some terms, supposedly finalists, can be used in scientific texts without losses of ontogenetic and phylogenetic meaning? Therefore, the objectives of this research were: i) to present a discussion around functional explanations in biology, specifically in relation to the phenomenon of pollination; and ii) to contribute to epistemological reflections in Biology education. Two philosophers were selected for definitions and analysis of functional languages, Larry Wright and Robert Cummins. To the analysis of the scientific texts about the phenomenon of pollination, two historical moments were framed, one from the XVIII century, when the studies of pollination started, and another from the XIX century, when the theory of evolution was under discussion. Both philosophical interpretations defend, though in distinct ways, the existence of an explanatory idea of the concept of function to biology. Larry Wrights (1973) conception of function is that it explains why something exists, while Robert Cummins (1975) considers that the explicatory power of the function lies in the evaluation of its contribution to the system it belongs, but the information of its evolution history is not relevant to comprehend the function. Both primary scientific works selected for analysis, from Christian Sprengel (1750-1816) and Charles Darwin (1809-1882), presented some terms apparently finalists, which means, with teleological connotative character. The data analysis allowed saying that the inquiry about function in biology is quite intriguing. Science and philosophy are in process of unveiling the best approaches to finalist terms that would satisfy their usage problems without comprehension losses of the evolutive processes of the studied phenomenon. This study suggests a reduction of the use of teleological terms in scientific texts, since there are different analyses about the concept that may lead to misinterpretation. Moreover, the implications of this study to the Didactics of Biology are presented by means of philosophycal-epistemological inserts in Biology classes in order to enable the development of the biological contents in a more flexible and contextualized way.
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