Utilização da biópsia de mucosa e submucosa retal para o diagnóstico da Moléstia de Hirschsprung

Introdução: A moléstia de Hirschsprung (MH) se caracteriza pela ausência de neurônios intramurais em segmentos variáveis do intestino grosso, levando a suboclusão intestinal. Na forma mais frequente o reto-sigmoide está comprometido. A biopsia retal é o método histológico de escolha no diagnósti...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Suellen Serafini
Other Authors: Ana Cristina Aoun Tannuri
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2017
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-27102017-091421/
Description
Summary:Introdução: A moléstia de Hirschsprung (MH) se caracteriza pela ausência de neurônios intramurais em segmentos variáveis do intestino grosso, levando a suboclusão intestinal. Na forma mais frequente o reto-sigmoide está comprometido. A biopsia retal é o método histológico de escolha no diagnóstico da MH. O método da hematoxilina e eosina (HE) é classicamente utilizado na prática histopatológica. Nessa técnica, um fragmento de parede total do reto é processado através de parafinização, para posteriormente ser seccionado e corado por HE. Esta coloração evidencia células neurais em intestinos normais e troncos nervosos hipertrofiados nos casos de MH. É uma técnica muito simples, ainda hoje muito utilizada no diagnóstico da doença, necessitando de fragmentos grandes de reto para um maior acerto no diagnóstico. Este detalhe torna o diagnóstico do recém-nascido mais difícil. Outro método de coloração utilizado no diagnóstico da MH é o método histoquímico de pesquisa de atividade de Acetilcolinesterase (AChE). Nesta técnica é necessário apenas um pequeno fragmento de mucosa e submucosa que será congelado e depois processado. A pesquisa de AChE, nos casos de MH mostrará a presença desta enzima em quantidade aumentada, corando troncos e ou fibrilas de cor acastanhado. Este método já vem sendo utilizado pelo Instituto da Criança - HCFMUSP há mais de 30 anos e possui um acerto diagnóstico superior a 90%. Porém, por ser uma técnica mais elaborada, pouquíssimos centros no Brasil a utilizam no diagnóstico da MH. Um outro método mais recente, e que também pode ser realizado em fragmentos menores, é a marcação imunohistoquímica da calretinina, que permite a visualização dos neurônios do plexo submucoso e das fibrilas finas na região da lâmina própria em não doentes. Esta técnica também apresenta maior complexidade e, portanto, não é utilizada. A possibilidade de realizar o diagnóstico da MH através da coloração HE em fragmentos menores poderia ser uma alternativa para os serviços que não dispõe de técnicas mais especificas. Objetivos: Avaliar a concordância dos resultados obtidos pelo método de coloração HE e da calretinina com a pesquisa de atividade de AChE em fragmentos de mucosa e submucosa no diagnóstico da Moléstia de Hirschsprung. Métodos: Para este trabalho foram selecionados 50 casos arquivados em nosso laboratório. O material encontrava-se emblocado em parafina. Foram feitos 60 níveis de cada fragmento para o HE e mais 3 níveis para a calretinina. Essas lâminas foram analisadas em microscópio, fotografadas e classificadas como positivas para MH quando não foram encontradas células neurais e houve a presença de troncos nervosos, e em negativas nos casos de visualização dos neurônios. Foi realizado estudo cego por dois pesquisadores. Os resultados da leitura das lâminas foram comparados com o da AChE. Resultados: Dos 50 casos avaliados pela técnica do HE, apenas 5 discordaram do diagnóstico realizado pela AChE, com um valor de Kappa de 0,800 e acurácia 90%. Na comparação entre a calretinina e a AChE 8 casos discordaram, com um valor de Kappa de 0,676 e acurácia de 84%. Conclusões: A concordância obtida entre os métodos da AChE e HE foi satisfatória. Tornando possível a utilização do método do HE em 60 níveis de fragmento de mucosa e submucosa como alternativa para o diagnóstico da MH. A técnica imunohistoquímica da Calretinina não apresentou a concordância esperada com a pesquisa de atividade de AChE em nosso estudo === Introduction: Hirschsprung disease (HD) is characterized by the absence of intramural neurons in variable segments of the large intestine, leading to intestinal subocclusion. In the most frequent form the rectum-sigmoid is compromised. Rectal biopsy is the histological method of choice in the diagnosis of HD. The hematoxylin and eosin (HE) method is classically used in histopathological practice. In this technique, a full-thickness rectum wall fragment is processed through paraffinization, to be later sectioned and stained by HE. This staining shows neural cells in normal intestines and hypertrophied nerve trunks in cases of HD. It is a very simple technique, still used today in the diagnosis of the disease, requiring large fragments of the rectum for a better diagnosis. This detail makes the diagnosis of the newborn more difficult. The staining histochemical methods more used are the research of acetylcholinesterase activity (AChE) and staining of calretinin. However, these techniques are not available in all centers and the possibility of diagnosing HD through HE staining in smaller fragments could be valuable alternative for services that do not have more specific techniques. Objectives: To evaluate the concordance of the results obtained by the HE staining and the calretinin method with the investigation of AChE activity in fragments of mucosa and submucosa in the diagnosis of Hirschsprung\'s disease. Methods: For this study, 50 cases from our laboratory were selected. The material was embedded in paraffin. Sixty levels of each fragment were made for HE and other 3 levels for calretinin. These slides were analyzed under microscope, photographed and classified as positive for HD when no nerve cells were found and there were nerve trunks present, and in negative in cases of visualization of the neurons. A blind study was carried out by two researchers. The results of reading the slides were compared with that of AChE. Results: Of the 50 cases evaluated by the HE technique, only 5 disagreed with the diagnosis performed by AChE, with a Kappa value of 0.800 and accuracy of 90%. In the comparison between calretinin and AChE, 8 cases disagreed, with a Kappa value of 0.676 and an accuracy of 84%. Conclusions: The concordance of results from AChE and HE methods was satisfactory, allowing the possibility of the use of the HE method in fragments of mucosa and submucosa as valid alternative for the diagnosis of HD. The immunohistochemical technique of Calretinin did not show a good agreement with the AChE activity in our study