Avaliação de anti-inflamatórios não esteróidais no tratamento da laminite asséptica aguda decorrente de acidose ruminal por oligofrutose em bovinos

Objetivou-se avaliar as alterações ruminais e sistêmicas da indução de acidose ruminal e laminite em zebuínos por meio do oferecimento de oligofrutose bem como caracterizar o quadro de laminite, comparar métodos diagnósticos e avaliar a eficácia entre tratamentos com três anti-inflamatórios não...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Rejane dos Santos Sousa
Other Authors: Enrico Lippi Ortolani
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2017
Subjects:
Dor
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10136/tde-27072017-164410/
Description
Summary:Objetivou-se avaliar as alterações ruminais e sistêmicas da indução de acidose ruminal e laminite em zebuínos por meio do oferecimento de oligofrutose bem como caracterizar o quadro de laminite, comparar métodos diagnósticos e avaliar a eficácia entre tratamentos com três anti-inflamatórios não esteróidais (AINEs). Foram utilizadas 29 novilhas Nelore, providas de cânula ruminal e pesando 474,5±58,5 kg. A indução iniciou-se com a administração intraruminal de 0,765 g/kg de oligofrutose duas vezes ao dia por três dias consecutivos, seguida de dose única de 10,71g/kg de oligofrutose administrada 72 horas após o início da indução. Durante o período de indução os animais foram submetidos a exame clinico e coleta de sangue e fluido ruminal diariamente e após a dose maior foram avaliados a cada seis horas (durante as 24 horas iniciais) e a cada 12 horas (até 72 horas pós-indução). Duas novilhas não apresentaram quadro de laminite e foram descartadas. Quase metade dos animais (48,1%) teve que ser tratada com bicarbonato e solução salina para correção da acidose metabólica e desidratação. Devido a este tratamento os animais foram analisados em grupos medicado (n=13) e não medicado (n=14). Durante o período de avaliação pós-indução o diagnóstico da laminite foi confirmado após duas respostas positivas ao teste de sensibilidade dolorosa e escore de locomoção. As novilhas com laminite foram alocadas aleatoriamente em quatro grupos que receberam por três dias consecutivos dose diária (endovenosa) dos seguintes medicamentos: Controle (8 mL solução salina isotônica; n=6); Flunixin meglunine (1,1 mg/kg; n=7); Cetoprofeno (3 mg/kg; n=7) e Meloxican (0,5 mg/kg; n=7). Após o início do tratamento com AINEs os animais foram avaliados a cada 12 horas durante 96 horas. A fermentação máxima da oligofrutose ocorreu entre a 6ª e a 12ª h pós-indução com destacado acúmulo de ácido láctico, intensa diminuição da anaerobiose e aumento temporário na osmolaridade ruminal. No grupo medicado existiu uma correlação positiva entre o pH ruminal e o pH sanguíneo (r = 0,90; P = 0,0040), e uma correlação negativa entre o pH sanguíneo e a osmolaridade sanguínea (r =-0,69; P =0,0090) no auge da fermentação ruminal. Ambos os grupos tiveram uma febrícula efêmera e compensação respiratória frente à acidose sistêmica. A maioria dos animais desenvolveu laminite da 24ª h a 72ª h em dígitos de dois membros e uma pequena porcentagem (29,6%) polisinovite nas articulações tarsocrurais. Empregando-se a sensibilidade dolorosa como padrão ouro no diagnóstico o melhor método foi o de escore de locomoção, seguido da plataforma de força e termografia infravermelha. Porém, a plataforma de força não foi sensível para analisar a evolução do tratamento com AINEs dos animais laminíticos. Os três AINEs reduziram semelhantemente o cortisol em relação ao grupo controle (Plt;0,05) e não provocaram danos na mucosa abomasal. O meloxican foi bastante eficaz na diminuição de sensibilidade podal, melhorando da mesma forma que o cetoprofeno o escore de locomoção. Estes dois medicamentos estimularam o retorno do apetite e a melhora da atitude. Deve-se incluir no tratamento da laminite asséptica algum AINE, dando-se preferência ao meloxicam, seguido do cetoprofeno. === This study aimed to evaluate ruminal and systemic alterations of laminitis and ruminal acidosis oligofructose-induced in Zebu cattle; characterize laminitis clinical picture and compare methods of diagnostic; and to evaluate the treatment efficacy between three non-steroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs). Twenty-nine rumen-canulated Nelore heifers weighing 474.5 ± 58.5 kg were used. Induction was initiated with intraruminal administration of 0.765 g/kg oligofructose twice a day for three consecutive days, followed by single dose of 10.71 g/kg oligofructose administered 72 hours after beginning of induction. During the induction period the animals underwent clinical examination, blood and ruminal fluid collection daily and after induction were evaluated every 6 hours (during the initial 24 hours) and every 12 hours (up to 72 hours post-induction). Two heifers that did not present laminitis were discarded. Almost half of the animals (48.1%) had to be treated with bicarbonate and saline for correction of metabolic acidosis and dehydration. Due to this treatment the animals were analyzed in groups medicated (n=13) and unmedicated (n =14). After induction, the diagnosis of laminitis was confirmed after two positive responses to the pain sensitivity and locomotion score tests. Heifers with laminitis were randomly assigned to four groups that received, for three consecutive days, daily doses (intravenous) of the following medications: Control (8 mL isotonic saline; n=6); Flunixin meglunine (1.1 mg/kg; n=7); Ketoprofen (3 mg/kg; n=7) and Meloxican (0.5 mg/kg; n=7). After NSAIDs treatment the animals were evaluated every 12 hours up to 96 hours. The maximum fermentation of oligofructose occurred between the 6th and 12th hour post-induction with marked accumulation of lactic acid, intense decrease of anaerobiosis and temporary increase in ruminal osmolarity. In the medicated group, there was a positive correlation between ruminal and blood pH (r =0,90; P= 0,0040), and a negative correlation between blood pH and blood osmolarity (r =-0,69; P=0,0090) at the peak of ruminal fermentation. Both groups had a mild fever and respiratory compensation due systemic acidosis. Most animals developed laminitis 24 to 72 hours after induction in digits of two limbs and a small percentage (29.6%) had polysinovite in the tarsocrural joints. Using the pain sensitivity as gold standard, the best diagnostic method was the locomotion score, followed by the force platform and infrared thermography. Notwithstanding, the force platform was not sensitive to evaluate animals during the treatment of laminitis with NSAIDs. The three NSAIDs similarly reduced cortisol in relation to control group (P<0.05) and did not cause damage to the abomasal mucosa. Meloxicam was very effective in reducing hoof sensibility, improving in the same way as ketoprofen the locomotion score. These two drugs stimulated the return of appetite and improved attitude. For the treatment protocol of aseptic laminitis a NSAID should be included, with preference to meloxicam followed by ketoprofen.