Summary: | Introdução: há vários relatos na literatura que referem o aumento progressivo da obesidade em mulheres de nível sócio-econômico baixo das áreas urbanas. Os fatores que podem estar relacionados à transição nutricional nesse estrato da sociedade ainda são muito controversos. Este estudo tem por objetivo avaliar a freqüência de obesidade, e fatores associados em mulheres numa área de exclusão social da cidade de São Paulo. Métodos: foi realizado um estudo transversal, entre o período de junho de 2002 a abril de 2004, em 116 mulheres moradoras de favelas na periferia e região metropolitana de São Paulo. O desfecho antropométrico primário foi o índice de massa corpórea (IMC). As mulheres foram categorizadas em três estratos de índice de massa corpórea [IMC] (= 25.0 kg/m2; 25.0 to 29.9 kg/m2; and = 30.0 kg/m2). Os grupos foram comparados entre si, quanto às características referentes às variáveis de provável exclusão social, hábitos de vida e clínico laboratoriais (medidas antropométricas e fatores de risco cardiovasculares). O modelo logístico usado analisou as variáveis independentes associadas ao sobrepeso e obesidade. Resultados: a freqüência de obesidade nessa amostra (28.4%), foi maior que a observada em outros estudos brasileiros. Após o ajuste multivariado, comparadas às mulheres magras (IMC < 25 kg/m2), as que possuíam história de três ou mais partos foram mais sobrepeso (Razão de chance [RC], 3.4; 95% Intervalo de confiança [95% IC], 1.2-9.6) e obesas (razão de chance [RC], 5,3; 95% Intervalo de confiança [95% IC], 1,6-17,5). Mulheres brancas comparadas com o grupo de referência (magras e negras) foram mais obesas. (RC, 9.9; 95% IC, 1.5-64.6). Comparadas às magras, mulheres obesas apresentaram maiores níveis de dislipidemia por HDL-colesterol baixo (RC, 10; IC 95%, 2.5-50) e hipertrigliceridemia (RC, 8.4; IC95%, 1.5-48). Nessas mulheres de baixo nível sócio-econômico, paridade e raça foram os mais importantes fatores associados à obesidade. Mulheres com cor da pele branca foram claramente mais obesas que as de cor negra e parda.
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To evaluate the prevalence and associated risk factors for obesity in low-income women living in a metropolitan area of the city of São Paulo. Methods: Cross-sectional study (116 women) living in slums. Women were categorized in three body-mass index strata [BMI] (=25.0 kg/m 2 ; 25 to 29.9 kg/m2; and = 30.0 kg/m2). Groups were compared regarding variables of social inequalities and clinical assessment: anthropometric measurements and cardiovascular risk factors. A logistic model was used to analyze the independent variables associated with overweight and obesity. Results: Frequency of obesity of 28.4% was higher than in other Brazilian samples. After multivariate adjustment, compared to lean, women with three or more childbearing were more overweight (Odds Ratio [OR], 3.4; 95% Confidence Interval [95% CI], 1.2-9.6) and obese (Odds Ratio [OR], 5,3; 95% Confidence Interval [95% CI], 1,6-17,5). White women compared to reference group (lean and African American women) were also more obese. (OR, 9.9; 95% CI, 1.5-64.6). Compared to lean, obese women had lower HDL-cholesterol levels (OR, 10; 95% CI, 2.5-50) and hypertriglyceridemia (OR, 8.4; 95% CI, 1.5-48). In these low-income women, parity and race were the most important factors associated to obesity. White women were clearly more obese than mullato and African American women.
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