Summary: | Os protozoários do gênero Leishmania são os agentes etiológicos da leishmaniose cutânea e visceral. A infecção é transmitida por insetos hematófagos, nos quais os parasitos se desenvolvem sob a forma promastigota. Nos hospedeiros mamíferos, incluindo a espécie humana, as formas encontradas são as amastigotas que proliferam nos macrófagos; estas células podem controlar a infecção produzindo radicais derivados do oxigênio e do nitrogênio. O óxido nítrico (NO) é um dos mais potentes radicais com atividade leishmanicida. Existem várias moléculas já descritas que liberam NO em meio aquoso ou quando adicionadas a suspensões celulares. São chamadas de doadoras de NO. Algumas destas vêm sendo estudadas pelo seu potencial terapêutico no tratamento das leishmanioses cutâneas. A molécula S-nitrosoglutationa (GSNO) pertence a um grupo de moléculas conhecido com S-nitroso-tióis e é um doador de NO relativamente estável. A GSNO havia sido previamente testada em culturas de formas promastigotas de L. amazonensis e causou a morte do parasito. O possível uso da GSNO na terapia das leishmanioses cutâneas demanda o conhecimento de suas ações sobre as formas amastigotas encontradas nos hospedeiros mamíferos. Terapias complementares aos antimoniais usados no tratamento da leishmaniose cutânea são necessárias porque estes são apenas injetáveis, têm efeitos colaterais e ocorrem altos índices de desistência do tratamento. O objetivo do trabalho foi analisar o efeito da molécula GSNO nas culturas de células THP-1 (linhagem de monócitos humanos leucêmicos) infectadas com L.major e o efeito da sua administração tópica diretamente na lesão ulcerada leishmaniótica de camundongos infectados. Os experimentos com células THP-1 infectadas com L. major e tratadas com GSNO, mostram marcada redução do parasitismo intracelular, dose dependente, em comparação às culturas sem tratamento. O tratamento com GSNO foi testado em camundongos Balb/c 8 infectados com L. major e em camundongos C57BL/6 desprovidos do gene de IFN<font face=\"symbol\">g- (Knockout de IFN ou IFN-<font face=\"symbol\">g KO) infectados com L. braziliensis. Grupos de animais foram infectados no dorso e após 60 dias iniciou-se o tratamento tópico com GSNO diluída em PBS, em GEL F127 ou com os respectivos veículos, como controles; ainda, outros grupos foram tratados sistemicamente (via endovenosa) com o antibiótico com ação leishmanicida, anfotericina B, ou com anfotericina B associada à aplicação tópica de GSNO. Foram feitas duas medições semanais das lesões. Decorridos aproximadamente 60 dias após o início do tratamento, os animais foram sacrificados e retirados o linfonodo drenante (inguinal superficial) e a lesão para fazer a quantificação parasitária. O tratamento tópico da infecção por L.major com a molécula GSNO reduziu o tamanho da lesão cutânea, chegando a se observar fechamento da úlcera em alguns animais; a carga parasitária no linfonodo drenante e/ou na lesão também sofreu redução. Nos camundongos IFN-<font face=\"symbol\">g KO infectados por L. braziliensis, também ocorreu inibição da progressão da lesão pelo tratamento local com GSNO em comparação ao grupo não tratado. Como conclusão, conseguimos demonstrar que GSNO apresenta efeito leishmanicida sobre formas amastigotas de L. major em cultura celular e reduz a lesão cutânea causada por L.major ou por L. braziliensis em comparação aos grupos controle.
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Protozoa of the genus Leishmania are the etiological agents of cutaneous and visceral leishmaniasis. The infection is transmitted by hematophagous insects in which the parasite multiplies and differentiates as promastigotes. In the mammalian hosts, including man, the parasite proliferates as amastigotes inside macrophages; production of reactive oxygen or nitrogen intermediates (ROI and RNI) by these cells can control the infection. Nitric oxide (NO) is a very toxic RNI active against leishmania. The are many molecules that liberate NO in solution or when added to cellular suspensions. They are collectively called NO donors. A few of them have been studied because of their potential therapeutic use in cutaneous leishmaniasis. The molecule S-nitrosoglutathione (GSNO) belongs to the S-nitroso-thiols and is a relatively stable NO donor. GSNO has been previously tested and caused the death of L. amazonensis promastigotes in liquid culture. A putative application of GSNO in the treatment of cutaneous leishmaniasis requires the understanding of its activities on amastigote forms which are the parasite forms found in the mammalian host. Because the classical leishmaniasis treatment relies on injectable antimonial drugs which have many side effects, many patients abandon the treatment. Therefore, additional therapy to accelerate the cure is needed as well as new drugs are much needed. The aim of the present work is to analyze the effect of the molecule GSNO in cultures of THP-1 cells (a leukemia human monocyte cell line) infected with Leishmania major as well as the effect of administering it topically into the lesion of infected mice. The experiments done on L. major-infected THP-1 cells showed marked dose-dependent reduction of parasitism when compared to untreated infected cells. The topical treatment with GSNO was done in BALB/c mice infected with L. major and in C57BL/6 mice deprived of the IFN-<font face=\"symbol\">g gene (IFN- <font face=\"symbol\">g KO) infected with L. braziliensis. Groups of mice were infected in the shaven dorsal skin and 60 days later the topical treatment with GSNO dissolved in PBS, in GEL F127 was started. Still other groups were treated systemically (i.v.) with Amphotericin B which is leishmanicidal or with Amphotericin B associated to topically applied GSNO. The lesions were measured twice a week. After 60 days the mice were killed and the draining lymph node and the lesion were removed for quantifying the parasite numbers. The topical treatment of L. major-induced ulcer with GSNO reduced the size of the ulcer leading in some mice to complete healing; the parasitic loads in the draining lymph node or in the lesion were also reduced. In L. braziliensis-infected IFN-<font face=\"symbol\">g KO mice, inhibition of lesion growth also occurred in the mice topically treated with GSNO in comparison to the untreated control group. In conclusion we showed that GSNO is leishmanicidal to L. major intracellular amastigotes and that the topical treatment reduces the size of the lesion caused in mice by L. major or by L. braziliensis in comparison to the control groups.
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