Prevalência de episódio de depressão maior em áreas de abrangência da estratégia saúde da família em dois municípios do Amazonas
Introcução: Estima-se que, no mundo, mais de 350 milhões de pessoas de todas as idades tenham depressão. Em 2010, a depressão foi a segunda principal causa de anos vividos com incapacidade. Embora haja tratamentos eficazes, a proporção de casos diagnosticados e tratados é baixa em todo o mundo,...
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Universidade de São Paulo
2015
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Atenção primária à saúde
Depressão Estratégia saúde da família Prevalência Saúde mental Serviço de saúde/utilização Transtorno depressivo maior Depressive Depressive disorder major Family health strategy Health services/utilization Mental health Prevalence Primary health care Edinilza Ribeiro dos Santos Prevalência de episódio de depressão maior em áreas de abrangência da estratégia saúde da família em dois municípios do Amazonas |
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Introcução: Estima-se que, no mundo, mais de 350 milhões de pessoas de todas as idades tenham depressão. Em 2010, a depressão foi a segunda principal causa de anos vividos com incapacidade. Embora haja tratamentos eficazes, a proporção de casos diagnosticados e tratados é baixa em todo o mundo, menor ainda nos países de média e baixa renda. Objetivos. Estimar a prevalência de Episódio de Depressão Maior (EDM) na população de 20 anos ou mais cadastrada na Estratégia Saúde da Família (ESF) em dois municípios do Estado do Amazonas (Coari e Tefé); avaliar a associação de EDM com características individuais e investigar a associação entre EDM e utilização de serviços de saúde. Método. Estudo de corte transversal conduzido entre agosto de 2013 e maio de 2014 com amostra representativa da população com 20 anos ou mais, cadastrada na ESF da área urbana dos municípios de Coari e Tefé. Os desfechos \"Depressão maior\" e \"Utilização de Serviços de Saúde\" foram avaliados com a escala Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) e questões sobre uso de serviços de atenção primária, urgência ou emergência e atenção médica especializada. Foram avaliadas as seguintes exposições: características demográficas e socioeconômicas, apoio social, eventos de vida estressantes, uso de tabaco e álcool, morbidades físicas e tratamento para transtornos mentais. As entrevistas foram realizadas no domicílio do participante. Regressão de Poisson foi utilizada para examinar a associação entre EDM e os fatores de exposição; os resultados foram apresentados como razão de prevalência, com os respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%). Resultados. A prevalência geral de EDM foi 19,1% (IC 95% 17,2-21,1), sendo 22,2% (IC 95% 19,3-25,0) para mulheres e 16,0 (IC 95% 13,4-18,5) para homens. As prevalências de EDM em Coari e Tefé foram 18,3% (IC 95% 15,7-21,0) e 19,9% (IC 95% 17,2-22,7), respectivamente. Sexo feminino, ausência de apoio social de amigos/colegas, maior número de eventos de vida produtores de estresse e de morbidades físicas foram associados independentemente com depressão maior. Baixa escolaridade e baixa renda, uso de tabaco e uso de risco de álcool foram associados com depressão maior nas análises não ajustadas. EDM foi independentemente associado com a utilização dos três tipos de serviço de saúde investigados. Menos que 4,0% da população estudada recebiam algum tipo de tratamento relacionado à saúde mental. Conclusão. O Estado do Amazonas tem altos índices de desemprego, pobreza e baixa escolaridade, fatores de risco conhecidos para depressão. Uma parcela dos habitantes de Coari e Tefé apresentou indicadores de desvantagem social. Neste contexto, a alta prevalência de EDM encontrada no estudo, cerca de um em cada cinco adultos, não surpreende. As características individuais associadas com EDM nestes municípios são similares aos fatores de risco para depressão no Brasil e em outras partes do mundo. Apesar dos participantes com depressão utilizarem com maior frequência os serviços de saúde, apenas uma pequena proporção da população estudada recebia tratamento para transtornos mentais. Existe uma grande lacuna para o tratamento de depressão no Estado do Amazonas. Programas de tratamento que incluam identificação e tratamento de depressão no contexto da atenção primária devem ser desenvolvidos
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Introduction. It is estimated that more than 350 million people of all ages have depression. In 2010, depression was the second leading cause of years lived with disability. Although there are effective treatments, the proportion of cases diagnosed and treated is low around the world, and even smaller in low and middle income countries. Objective. To estimate the prevalence of Major Depressive Episode (MDE) in the population aged 20 years or over enrolled in Brazil\'s Family Health Strategy (FHS) in two municipalities in the state of Amazonas: Coari and Tefé; to evaluate the association of MDE with the individuals\' characteristics; and to investigate the association of MDE with use of health services. Method. Cross-sectional study conducted between August 2013 and May 2014 with a representative sample of the population aged 20 or over enrolled in the FHS in the urban area of Coari and Tefé. The outcomes \"major depression\" and \"use of health services\" were assessed with the Patient Health Questionnaire-9 scale (PHQ-9) and questions about the use of primary care services, as well as emergency and specialized medical care. The following exposure variables were evaluated: demographic and socioeconomic characteristics, social support, stressful life events, use of tobacco and alcohol, physical morbidities and treatment for mental disorders. Interviews were carried out at the participants\' home. Poisson regression was used to examine the association between MDE and exposure factors; results are presented as prevalence ratios, with its respective 95% confidence interval (95% CI). Results. The overall prevalence of MDE was 19.1% (95% CI 17.2 - 21.1) and 22.2% (95% CI 19.3 - 25.0) for women and 16.0 (95% 13.4 - 18.5) for men. The prevalence of MDE in Coari and Tefé were 18.3% (95% CI 15.7 - 21.0) and 19.9% (95% CI 17.2 - 22.7), respectively. Being a woman, lack of social support from friends/colleagues, increased number of stressful life events and physical morbidity were independently associated with major depression. Lower formal education and income, tobacco use and risk use of alcohol were associated with MDE in unadjusted analysis. MDE was independently associated with use of three types of health care investigated. Less than 4.0% of the study population received any type of treatment related to mental health. Conclusion. The state of Amazonas has high rates of unemployment, poverty and low education achievement, known risk factors for depression. A portion of the inhabitants of Coari and Tefé presented indicators of social disadvantage. In this context, the high prevalence of MDE - about one in five adults - is not surprising. Individual characteristics associated with MDE in these municipalities are similar to risk factors for depression in Brazil and worldwide. Although participants with depression used health services frequently, only a small proportion of the study population received treatment for mental disorders. There is a large treatment gap for depression in the state of Amazonas. Treatment programs that include identification and treatment of depression in the context of primary health care should be developed
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ndltd-IBICT-oai-teses.usp.br-tde-26102015-1508092019-01-21T23:56:15Z Prevalência de episódio de depressão maior em áreas de abrangência da estratégia saúde da família em dois municípios do Amazonas Prevalence of major depressive episode in areas covered by the family health strategy in two municipalities in the state of Amazonas Edinilza Ribeiro dos Santos Paulo Rossi Menezes Marcia Scazufca Elizabeth Fujimori Atenção primária à saúde Depressão Estratégia saúde da família Prevalência Saúde mental Serviço de saúde/utilização Transtorno depressivo maior Depressive Depressive disorder major Family health strategy Health services/utilization Mental health Prevalence Primary health care Introcução: Estima-se que, no mundo, mais de 350 milhões de pessoas de todas as idades tenham depressão. Em 2010, a depressão foi a segunda principal causa de anos vividos com incapacidade. Embora haja tratamentos eficazes, a proporção de casos diagnosticados e tratados é baixa em todo o mundo, menor ainda nos países de média e baixa renda. Objetivos. Estimar a prevalência de Episódio de Depressão Maior (EDM) na população de 20 anos ou mais cadastrada na Estratégia Saúde da Família (ESF) em dois municípios do Estado do Amazonas (Coari e Tefé); avaliar a associação de EDM com características individuais e investigar a associação entre EDM e utilização de serviços de saúde. Método. Estudo de corte transversal conduzido entre agosto de 2013 e maio de 2014 com amostra representativa da população com 20 anos ou mais, cadastrada na ESF da área urbana dos municípios de Coari e Tefé. Os desfechos \"Depressão maior\" e \"Utilização de Serviços de Saúde\" foram avaliados com a escala Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) e questões sobre uso de serviços de atenção primária, urgência ou emergência e atenção médica especializada. Foram avaliadas as seguintes exposições: características demográficas e socioeconômicas, apoio social, eventos de vida estressantes, uso de tabaco e álcool, morbidades físicas e tratamento para transtornos mentais. As entrevistas foram realizadas no domicílio do participante. Regressão de Poisson foi utilizada para examinar a associação entre EDM e os fatores de exposição; os resultados foram apresentados como razão de prevalência, com os respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%). Resultados. A prevalência geral de EDM foi 19,1% (IC 95% 17,2-21,1), sendo 22,2% (IC 95% 19,3-25,0) para mulheres e 16,0 (IC 95% 13,4-18,5) para homens. As prevalências de EDM em Coari e Tefé foram 18,3% (IC 95% 15,7-21,0) e 19,9% (IC 95% 17,2-22,7), respectivamente. Sexo feminino, ausência de apoio social de amigos/colegas, maior número de eventos de vida produtores de estresse e de morbidades físicas foram associados independentemente com depressão maior. Baixa escolaridade e baixa renda, uso de tabaco e uso de risco de álcool foram associados com depressão maior nas análises não ajustadas. EDM foi independentemente associado com a utilização dos três tipos de serviço de saúde investigados. Menos que 4,0% da população estudada recebiam algum tipo de tratamento relacionado à saúde mental. Conclusão. O Estado do Amazonas tem altos índices de desemprego, pobreza e baixa escolaridade, fatores de risco conhecidos para depressão. Uma parcela dos habitantes de Coari e Tefé apresentou indicadores de desvantagem social. Neste contexto, a alta prevalência de EDM encontrada no estudo, cerca de um em cada cinco adultos, não surpreende. As características individuais associadas com EDM nestes municípios são similares aos fatores de risco para depressão no Brasil e em outras partes do mundo. Apesar dos participantes com depressão utilizarem com maior frequência os serviços de saúde, apenas uma pequena proporção da população estudada recebia tratamento para transtornos mentais. Existe uma grande lacuna para o tratamento de depressão no Estado do Amazonas. Programas de tratamento que incluam identificação e tratamento de depressão no contexto da atenção primária devem ser desenvolvidos Introduction. It is estimated that more than 350 million people of all ages have depression. In 2010, depression was the second leading cause of years lived with disability. Although there are effective treatments, the proportion of cases diagnosed and treated is low around the world, and even smaller in low and middle income countries. Objective. To estimate the prevalence of Major Depressive Episode (MDE) in the population aged 20 years or over enrolled in Brazil\'s Family Health Strategy (FHS) in two municipalities in the state of Amazonas: Coari and Tefé; to evaluate the association of MDE with the individuals\' characteristics; and to investigate the association of MDE with use of health services. Method. Cross-sectional study conducted between August 2013 and May 2014 with a representative sample of the population aged 20 or over enrolled in the FHS in the urban area of Coari and Tefé. The outcomes \"major depression\" and \"use of health services\" were assessed with the Patient Health Questionnaire-9 scale (PHQ-9) and questions about the use of primary care services, as well as emergency and specialized medical care. The following exposure variables were evaluated: demographic and socioeconomic characteristics, social support, stressful life events, use of tobacco and alcohol, physical morbidities and treatment for mental disorders. Interviews were carried out at the participants\' home. Poisson regression was used to examine the association between MDE and exposure factors; results are presented as prevalence ratios, with its respective 95% confidence interval (95% CI). Results. The overall prevalence of MDE was 19.1% (95% CI 17.2 - 21.1) and 22.2% (95% CI 19.3 - 25.0) for women and 16.0 (95% 13.4 - 18.5) for men. The prevalence of MDE in Coari and Tefé were 18.3% (95% CI 15.7 - 21.0) and 19.9% (95% CI 17.2 - 22.7), respectively. Being a woman, lack of social support from friends/colleagues, increased number of stressful life events and physical morbidity were independently associated with major depression. Lower formal education and income, tobacco use and risk use of alcohol were associated with MDE in unadjusted analysis. MDE was independently associated with use of three types of health care investigated. Less than 4.0% of the study population received any type of treatment related to mental health. Conclusion. The state of Amazonas has high rates of unemployment, poverty and low education achievement, known risk factors for depression. A portion of the inhabitants of Coari and Tefé presented indicators of social disadvantage. In this context, the high prevalence of MDE - about one in five adults - is not surprising. Individual characteristics associated with MDE in these municipalities are similar to risk factors for depression in Brazil and worldwide. Although participants with depression used health services frequently, only a small proportion of the study population received treatment for mental disorders. There is a large treatment gap for depression in the state of Amazonas. 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