Estudo de caso:sociabilidade entre os beneficiados pelo Programa de Alimentação do Trabalhador em uma empresa no município Rio Grande da Serra

INTRODUÇÃO: O ato de se alimentar é complexo, sofrendo influência de diversos fatores. O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) foi criado pela Lei 6.321, de 14/4/1976. Considerando a importância da sociabilidade ao se alimentar, é factível afirmar que estudos que analisam a sociabilidade...

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Bibliographic Details
Main Author: Zoraia Moura da Silva
Other Authors: Fabiola Zioni
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2012
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-26102012-110920/
Description
Summary:INTRODUÇÃO: O ato de se alimentar é complexo, sofrendo influência de diversos fatores. O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) foi criado pela Lei 6.321, de 14/4/1976. Considerando a importância da sociabilidade ao se alimentar, é factível afirmar que estudos que analisam a sociabilidade em Políticas Públicas que atuam na alimentação são importantes para o delineamento dos programas. OBJETIVOS: Verificar se existe uma relação entre o ato de se alimentar no trabalho e a sociabilidade entre os beneficiados de uma empresa que faz parte do PAT na modalidade autogestão. METODOLOGIA: Foi realizado um estudo de caso exploratório em uma empresa cadastrada no PAT na modalidade de autogestão, localizada no município Rio Grande da Serra. Como instrumento para a coleta dos dados, optou-se por análise documental, entrevista aberta com a nutricionista, bem como entrevista estruturada com os trabalhadores. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para a análise dos dados, realizou-se uma triangulação dos resultados. Aceitaram participar da entrevista 294 trabalhadores, compondo 54 por cento dos 543 trabalhadores daquela fábrica. Os cargos ocupados eram na grande maioria operacionais, incluindo operador de máquina de produção (64,3 por cento ) e prensista (10,1 por cento ). Suas funções requererem força física, e isso se refletiu no gênero dos participantes: 234 homens (79,6 por cento ) e 60 mulheres (20,4 por cento ). A maior concentração das idades para os homens (56,6 por cento ) é a faixa mais jovem (19 a 29 anos). Do total, 56 por cento consideraram as refeições servidas muito boas, e 40 por cento , boas. Dos entrevistados, 52 por cento referiram permanecer apenas entre 15 e 30 minutos no refeitório, 44,9 por cento até 15 minutos e apenas 3,1 por cento permaneciam entre 30 minutos e 1 hora. Esse dado é preocupante, pois indica uma pequena permanência da maioria deles no local, o que pode revelar uma má escolha dos horários nas refeições pela empresa, o que impossibilitaria o estabelecimento de relações mais profundas entre as pessoas. Questionados sobre quem era(m) sua(s) companhia(s) na hora da refeição, 85,7 por cento afirmaram estarem com colegas do mesmo setor, 9,2 por cento colegas de outro setor, 3,1 por cento sozinhos. 48 por cento dos colaboradores afirmaram ter uma relação muito boa com seus colegas de trabalho, 50 por cento referiram uma boa relação. Sobre o que acham do refeitório: 44,90 por cento consideravam bom, e 22,45 por cento muito bom, pois o ambiente era bom para se descontrair e descansar (29,9 por cento ), havia boa limpeza e higiene (23,9 por cento ), alimentação era boa e saudável (11,8 por cento ). Os que não gostavam do local alegaram barulho insuportável (1,5 por cento ), refeitório com odor desagradável (1,5 por cento ) e falta de uma televisão (1,5 por cento ). CONCLUSÃO: Os resultados obtidos com as entrevistas e análise documental demonstraram que a presença do PAT na empresa pode ter contribuído para uma maior sociabilidade entre os beneficiados === INTRODUCTION: The act of eating is complex and it is influenced by many factors. The Worker Food Program (WFP) was established by the 6321 Act on 4/14/1976. Considering the importance of sociability when eating, it is feasible to say that studies examining sociability in Public Policies which concern eating are important for the design of the programs. OBJECTIVES: To determine if there is a relation between eating at work and socializing among the beneficiaries of a company that is part of the WFP in the selfmanagement mode. METHODS: We conducted an explanatory case study in a company registered at the WFP in the form of self-management, located in the Rio Grande da Serra County. As an instrument for data collection, we chose to do document analyses, open interviews with the dietitians as well as structured interviews with the workers. RESULTS AND DISCUSSION: The analysis of the data was performed by screening of the results. 294 workers agreed to participate in the interviews, making up 54 per cent of a total of 543 workers in that factory. The job positions were overwhelmingly operational in nature, including machine operator (64.3 per cent ) and press operator (10.1 per cent ). Their duties require physical strength and this reflected in the participant gender: 234 were men (79.6 per cent ) and 60 were women (20.4 per cent ). The largest age groups for men (56.6 per cent ) was of young adults (19-29 years of age). 56 per cent thought the meals which were served at work were very good and 40 per cent thought they were only good. 52 per cent of respondents reported spending just 15 to 30 minutes in the cafeteria, 44.9 per cent up to 15 minutes and only 3.1 per cent spent between 30 minutes and 1 hour in the cafeteria. These findings are particularly worrisome because they indicates that the workers did not stay very long in the cafeteria, which may reveal a poor meal schedule choice by the companies, which would consequently make it impossible to establish deeper relationships with co-workers . When asked who they shared their meal time with, 85.7 per cent said they shared it with peers that worked in the same sector, 9.2 per cent said they shared it with people from other sectors, 3.1 per cent said they spent it alone. 48 per cent of the respondents reported having a very good relationship with their coworkers, 50 per cent reported a only good relationship. When asked about what they thought of the cafeteria: 44.90 per cent thought it was only good and 22,45 per cent thought it was very good, for different reasons: because the environment was good to relax and rest (29.9 per cent ) because it was clean and wholesome (23.9 per cent ), because the food was good and healthy (11.8 per cent ). Those who disliked the cafeteria claimed it was due to: unbearable noise (1.5 per cent ), unpleasant odors (1.5 per cent ) and lack of a television (1.5 per cent ). CONCLUSION: The results of interviews and document analyses showed that the WFP in a specific company may have contributed to greater sociability among the beneficiaries