Summary: | O presente trabalho é um estudo sobre os primeiros anos do futebol carioca, sua inserção no mundo capitalista e seu papel como catalisador de uma ordem social competitiva necessária ao desenvolvimento pleno deste sistema econômico durante a Primeira República e os primeiros anos da Era Vargas. A pesquisa recai sobre um clube em especial, o Vasco da Gama. Seus dirigentes, na maior parte das vezes ligados à classe empresarial da colônia portuguesa, tomaram atitudes inovadoras e até mesmo revolucionárias para o período. Enquanto os principais clubes da Capital defendiam um futebol elitizado, branco e amador, os diretores vascaínos introduziram em seu recém-montado time de futebol elementos das mais variadas camadas da sociedade, muitos deles mulatos e negros, e, em sua maioria, analfabetos, profissionalizando-os. Construíram aquele que chegou a ser o maior estádio de futebol da América do Sul e transformaram o clube em um dos maiores do mundo em menos de vinte anos de prática deste esporte. Dessa maneira, a colônia portuguesa conseguiu meios para fugir ao preconceito exacerbado que sofria na cidade e inseriu definitivamente os jogadores de origem humilde no seio dos grandes clubes como proletários do futebol.
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The present paper is the result of a study about the first years of football in Rio de Janeiro, its insertion in the world of capitalism and its role as the focus point of the competitive social order that was necessary to the full development of this economic system during the Primeira República (First Republican Period) and the first years of Era Vargas. The research focused mainly on one football club Vasco da Gama. The club directors, most of which were somehow related to entrepreneurs from the Portuguese colony in the city, took innovative actions, which were quite revolutionary for that period. Whereas the main clubs in the capital city defended football as a white amateur practice for the elite, Vasco directors introduced players from the most varied social strata many were black or mulatto, and most of them were illiterate - and attempted to professionalize them. They built a football stadium, which came to be the largest in South America, and changed their club into one of the most important clubs in the world, in less than twenty years dedicated to that sport. By doing so, the Portuguese colony found their ways to escape from the widespread prejudice of which they were victims in the city and definitely inserted players from lower-classes into the big clubs, changing them into football proletarians.
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