Summary: | A dor pós-operatória é um fenômeno complexo, multidimensional e subjetivo, tanto para a criança quanto para os profissionais de saúde que lidam com ela. Seu manejo constitui-se em desafio, principalmente quando está ligado à dor em crianças, com suas particularidades do desenvolvimento infantil. Buscando contribuir com a discussão a respeito do manejo da dor pela equipe de enfermagem, o objetivo do presente estudo é compreender como os profissionais de enfermagem lidam com o manejo da dor em criança, no pós-operatório tardio de cirurgia cardíaca. O estudo é de natureza descritivo-exploratória, com abordagem metodológica qualitativa. Participaram do estudo vinte e três profissionais de enfermagem, sendo seis enfermeiros, três técnicos de enfermagem e quatorze auxiliares de enfermagem. A principal técnica de coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada. A observação das atividades desses profissionais na enfermaria, relacionadas ao manejo da dor da criança, e a coleta de dados no prontuário da criança foram as técnicas usadas para complementar os dados provenientes das entrevistas. Na análise de conteúdo, os dados permitiram a compreensão de como os profissionais de enfermagem manejam a dor da criança, no pós-operatório tardio de cirurgia cardíaca. No contexto em que o manejo da dor da criança ocorre, a presença da mãe e a comunicação entre os membros da equipe de enfermagem e entre esses e a mãe mostraram-se como elementos essenciais para um adequado manejo da dor da criança. O estudo mostrou que os profissionais de enfermagem avaliam a dor por meio de parâmetros comportamentais e fisiológicos, atentando-se para as fases do desenvolvimento da criança, da mesma forma em que buscam superar as dificuldades impostas na avaliação da dor de crianças menores. Utilizaram a intervenção farmacológica para o alívio da dor como primeira escolha; a não-farmacológica também se constituiu em estratégia para o alívio da dor, porém em menor proporção. Dando continuidade ao processo, os participantes mencionaram reavaliar a dor da criança, após a utilização da intervenção de alívio escolhido, e registrar os procedimentos realizados. Os dados provenientes das observações demonstraram a utilização de intervenções não-farmacológicas para o alívio da dor, os quais não são rotineiramente registrados nos prontuários das crianças. Alguns desafios foram apontados pelos profissionais de enfermagem para o manejo da dor da clientela pesquisada. Os resultados do estudo possibilitaram identificar, no contexto pesquisado, aspectos do processo do manejo da dor em crianças, no pós-operatório tardio de cirurgia cardíaca, que necessitam ser aprimorados, objetivando a melhoria do cuidado prestado a essa clientela.
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Postoperative pain is a complex, multidimensional and subjective phenomenon, for children as well as for health professionals. Its management is a challenge, mainly when related to pain in children, whose development has particular characteristics. In an attempt to contribute to the discussion about pain management by the nursing team, this study aims to understand how nursing professionals deal with pain management in children during the late postoperative period of heart surgery. This is a descriptive-exploratory study with a qualitative methodological approach. Study participants were twenty-three nursing professionals, including six nurses, three nursing technicians and fourteen nursing auxiliaries. The main data collection technique was through semistructured interviews. To complement data from the interviews, these professionals? activities related to pain management in children were observed at the ward and data were collected from the children?s files. In content analysis, data permitted an understanding of how nursing professionals manage the child?s pain in the late postoperative period after heart surgery. The context in which the pain occurs, the mother?s presence and communication among nursing team members and between professionals and the mother revealed to be essential elements for the adequate management of the child?s pain. The study showed that nursing professionals assess pain through behavioral and physiological parameters, paying attention to the child?s development phases and attempting to overcome the difficulties imposed by pain assessment in younger children. The pharmacological intervention is their first choice for pain relief; the non-pharmacological intervention is another strategy for pain relief, although to a lesser extent. To continue the process, the participants mentioned that they reassess the child?s pain after using the chosen relief method and register the procedures they performed. Observation data demonstrate the use of non-pharmacological intervention for pain relief, which are not routinely registered in the children?s files. The nursing professionals indicate a number of challenges for pain management in the clientele under study. The study results made it possible to identify, in the study context, aspects of the pain management process in children during the late postoperative period after heart surgery that need to be improved, with a view to a better care delivery to these clients.
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