Crime e violência no cenário paulistano: o movimento e as condicionantes dos homicídios dolosos sob um recorte espaço-temporal

A cidade que mais cresce no mundo. São Paulo não pode parar... São Paulo deve parar! Mais do que slogans que marcam a história da maior metrópole brasileira, essas frases revelam uma capital marcada por mudanças e manifestações sociais típicas de grandes centros urbanos. O presente trabalho visa...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Marcelo Batista Nery
Other Authors: Sergio França Adorno de Abreu
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2016
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-25102016-134640/
Description
Summary:A cidade que mais cresce no mundo. São Paulo não pode parar... São Paulo deve parar! Mais do que slogans que marcam a história da maior metrópole brasileira, essas frases revelam uma capital marcada por mudanças e manifestações sociais típicas de grandes centros urbanos. O presente trabalho visa compreender essas mudanças por intermédio de uma das manifestações que melhor distingue o território paulistano: os homicídios dolosos, um dos principais problemas sociais desta metrópole. Para tanto, conceitos e concepções presentes na literatura que aborda o movimento da criminalidade urbana paulista são debatidos, utilizados como fundamento teórico e hipóteses a serem testadas. Além disso, técnicas estatísticas e geoestatísticas são empregadas como ferramentas analíticas do material empírico, obtido de diversas fontes. O trabalho é composto por estudos descritivo-exploratórios e análises em escala intraurbana. Congregando um amplo número de pesquisas cientificas, esses estudos buscam esclarecer por que, em um determinado período e local, as taxas de homicídios dolosos apresentam estabilidade, crescimento ou retração. Já as análises avaliam esse fenômeno do ponto de vista dos diversos padrões de urbanização e de homicídios que configuram a cidade de São Paulo. De modo geral, as investigações são consideradas em perspectiva longitudinal, o que possibilita uma observação mais adequada das nuances e variações dos homicídios, assim como melhor contextualização das matrizes teóricas que sustentam ou contestam os resultados obtidos. Entretanto, mais do que considerar o movimento dos homicídios dolosos por intermédio de suas taxas e das condicionantes que explicam sua variabilidade no tempo e no espaço, avalia-se o efeito destas entre si, sob um ponto de vista sócio-histórico e, em sentido amplo, dialético e plural. Considerando o desenvolvimento da cidade, buscou-se apresentar as transformações ocorridas na urbe e como elas se associam às taxas de homicídios. Essas transformações são vistas tanto em nível macrossociológico como microssocial. No primeiro, focaliza-se o movimento dos homicídios dolosos tendo em vista fatores históricos, econômicos, políticos e sociais que aparecem direta ou indiretamente associados com esse movimento. No segundo nível, em cada uma das milhares de partes em que a cidade é dividida são verificadas características econômicas, infraestruturais, demográficas e sociais, entre outras, que se mostraram significativas para explicar a variabilidade dos homicídios. Ambos os níveis são articulados durante todo o trabalho, sendo as conclusões alcançadas oriundas desta articulação condutoras da reflexão acerca das principais conclusões deste estudo. Essas conclusões contrariam a noção de que o movimento dos homicídios pode ser explicado por teorias universais e atemporais, apontando para a importância de uma avaliação científica da área e do período de estudo, das teorias sobre crimes urbanos e das mudanças sociais capazes de alterar esse movimento. === The world´s fastest growing city. Sao Paulo cant stop Sao Paulo must stop! More than slogans that marked the history of the biggest Brazilian metropolis; these sentences reveal a city characterized by change and social manifestations distinctive of large urban centers. The present work aims to comprehend these changes through one of the manifestations that best distinguishes the city area; homicides, one of the metropolis main social problems. For this purpose, the concepts and conceptions present in the literature that approaches the citys urban criminality movement are addressed, and used as theory basis and hypothesis to be tried. Also, the statistical and geostatistical techniques are employed as analytical tools to study the empirical data obtained through several sources. This work is composed of descriptive exploratory studies and assessments on intraurban scales. The studies gathered a wide number of scientific researches that seek to clarify why, in a certain period and location, the homicide rates present stability, growth or retraction. On the other hand the analysis approaches this phenomenon through the point of view of several urbanization and homicidal patterns that characterize Sao Paulo city. Overall, the research is taken into consideration on a longitudinal perspective, what enables a more suitable observation of homicide shades and variations, as a better contextualization of the theoretical matrices that support or challenge the obtained results. However, more than considering the movement of homicide by its rates and conditionings, that explain their variations in time and space, it was also assessed the effects among each other, under a sociohistorical point of view and, in a wider perspective, dialectical and plural as well. Taken into account the citys development, it was soughed to present the transformations that occur in the city and how they are related to the homicide rates. Those transformations can be seen in a macrosociological and microsocial levels. At the first, it was focused on the movement of homicide taken into historic, economic, politic and social account factors that show directly or indirectly associated with this movement. At the second level, in each of the thousand parts that composed the city it is verified economic, infrastructural, demographical and social characteristics, among others, that were found to be significant to explain the variability of homicide. Both levels are articulated throughout this work, and these conclusions reached arising of this articulation lead to reflection on the main conclusions of this work. These conclusions contradict the notion that the homicide movement can be explained by universal and timeless theories that show the importance of scientific assessments over place and time the study took place, of urban crime theories and the social changes capable of altering that movement.