Summary: | Esta pesquisa é um estudo comparativo entre os bagaudas gauleses e os circunceliões africanos, dois grupos revoltosos rurais da Antiguidade Tardia. Seu objetivo primário é descrever o caráter social de ambos os grupos, levando em conta os múltiplos relatos nas fontes antigas e as interpretações modernas divergentes a respeito deles, que vão desde multidões rurais sob domínio patronal, monges cristãos fanáticos, até rebeliões camponesas. A comparação histórica é composta por três perspectivas analíticas. A primeiraestabelece uma compreensão comparada das tradições de composição e recepção dos textos por meio dos quais a memória social sobre bagaudas e circunceliões se objetivou em vestígios textuais. A segundaexplora a hipótese de uma crise de hegemonia nasregiões rurais do Império Romano tardio, tendo como base as possíveis relações das revoltas com as práticas de produção e de reprodução das condições de existência, as relações de trabalho e as experiências de classe. A terceiraobserva as iniciativas e respostas das estruturas imperiais na Gália e na África às ações desses movimentos de insurgência. Tal perspectiva lida com a questão fundamental da ação do Estado imperial contra essas revoltas e o papel desse Estado na manutenção da Ordem social nas zonas rurais do Império Romano, tendocomo contraparte os horizontes de organização comunitária que podem ser encontrados nessas revoltas. Uma questão central está relacionada ao problema teórico do estudo e escrita de uma história das classes subalternas na História Antiga. Esta pesquisa buscou trabalhar com esses problemas não apenas no plano teórico, mas também a partir da investigação histórica prática.
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This research is a comparative study between the Gaul bacaudae and the African circumcellions, two groups of rural rebels of late antiquity. Its first aim is to describe the social character of both groups, in view of the multiple accounts from the ancient sources and the divergent modern interpretations on them, which range from patronized rural mobs, fanatical Christian monks, to peasant rebellions. The historical comparison is composed by three analytical perspectives. Firstly, this research establishes a comparative comprehension of the traditionsof composition and reception of the literary texts in which the social memory of the bacaudae and circumcellions were incorporated. Secondly, it explores the hypothesis of a hegemony crisis in the late Roman countryside,basing on the practices of production and reproduction of the conditions of existence, working relationships and class experiences. Thirdly, it observes the initiatives and responses of the imperial structures in both Gaul and Africa to the actions of the insurgents. Such comparative dimension addresses the fundamental issue of imperial state action against these revolts and the role of thatstate in keeping the social order in the Roman countryside. It has as its counterpart the communal organization horizons that can be found on those revolts. Akey issue is related to the theoretical problems concerning the study and writing of the history of subaltern classes in ancient history. This research strived to work these problems not only on the theoretical level, but also from the practical historical investigation.
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