Summary: | O estudo das obras de Raduan Nassar constitui-se de um trabalho a respeito da linguagem poética pautada no exercício dialógico entre as personagens. Segundo o pensamento de Emmanuel Lévinas uma relação pautada na ética exige um olhar para o rosto do outro e dessa relação tem-se a responsabilidade, uma apreensão da subjetividade exteriorizada e não mais contida no ser. Nesse caminho analisam-se os personagens protagonistas das obras Lavoura Arcaica (1975) e Um copo de cólera (1978) que estão durante toda narrativa em relação de descoberta e devir. Vistos como personagens conceituais ou filosóficos, na concepção de Deleuze e Guattari, André, adolescente em busca de hospitalidade e alteridade na relação com o outro, traz em sua composição traços de impessoalidade, refletindo sua condição não recaindo sobre si, mas estendendo para um fora, o neutro de Blanchot que considera essa possibilidade de abertura como espaço para o um outro acontecimento. O chacareiro, da segunda obra, também em exercício dialógico, porém não poético compõe de atos de enunciação que tratam de seu percurso histórico-social e pessoal. Diante de sua interlocutora trava um embate que permeia as leis da hospitalidade frente ao acolhimento e inabitação da morada, do lugar de pertença.
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The study of the works of Raduan Nassar is a work about the poetic exercise in guided dialogue among characters. According to the thought of Emmanuel Levinas, a relationship based in the Ethics requires a look at the face of the other and this relationship has a responsibility, an understanding of subjectivity and not externalized in being more restrained. In this way we analyze the characters of the protagonists works Archaic Farming (1975) and a glass of Cholera (1978) that are compared throughout the narrative of discovery and becoming. Viewed as a conceptual or philosophical characters in the design of Deleuze and Guattari. André, a teenager in search of hospitality and otherness in relation to the other, brings in its composition traits of impersonality, reflecting their condition is not imposed on them, but extending to an outside the neutral Blanchot considers that the possibility of opening a space for another event. The ranch-hands, the second work, also in dialogical exercise, but not composed of poetic speech acts that deal with their historical background and personal-social. In the face of his interlocutor hangs a struggle that permeates the laws of hospitality and welcoming front of the indwelling of the address, place of belonging.
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