Summary: | A presente tese de doutoramento tem como objetivo analisar como se deu o processo de apropriação do jornal A Noite pela ditadura do Estado Novo (1937-1945) ocorrido em março de 1940 e que se estendeu até agosto de 1946, quando o governo eleito de Eurico Gaspar Dutra vendeu o vespertino a uma sociedade anônima composta por seus funcionários. Encampado pelo regime, o jornal A Noite foi anexado às Empresas Incorporadas ao Patrimônio Nacional, organização estatal que congregava todas as empresas estatizadas por aquela ditadura. Sendo assim, busca-se verificar a contribuição de A Noite no projeto de comunicação social proposto pelo Estado Novo. O periódico ao mesmo tempo que apoiou abertamente a ditadura inclusive, sendo apelidado pelos seus adversários de Diário Oficial -, também se beneficiou de sua condição, alcançando o jornal bem como os demais veículos de comunicação pertencentes a Empresa A Noite - significativa ampliação comercial e jornalística. Dentro desse projeto de comunicação social oficial existiam alguns elementos que o norteavam, como a manutenção dos temários populares, característica que marcou o fazer jornalístico de A Noite desde antes da encampação, mas, também, a introdução de novos temas e abordagens baseados na cartilha comunicacional da ditadura. Entendendo o jornal enquanto protagonista da História e agente político interventor na realidade social, decidiu-se pela análise dos conteúdos jornalísticos produzidos por A Noite durante o período em que o vespertino esteve sob encampação do Estado Novo, abordando, sobretudo, como esses temários eram associados aos projetos comunicacionais daquele regime. Portanto, o papel desempenhado por A Noite no decorrer da ditadura estadonovista foi fundamental tanto para assegurar a efetivação desse projeto comunicacional oficial, quanto para o fortalecimento do vespertino enquanto empresa de comunicação. A associação do vespertino, forçada por meio da encampação, com a ditatura acabou criando laços comunicacionais que perduraram mesmo com a derrocada do Estado Novo, projeto comunicacional continuado no Governo Dutra.
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The present thesis aims to analyze how the process of appropriation of the newspaper A Noite by the Estado Novo (Brazilian dictatorship, 1937-1945) occurred in March 1940 that lasted until August 1946, when the elected president Eurico Gaspar Dutra sold the gazette to a joint stock company composed by his employees. Encouraged by the regime, the newspaper A Noite became part of the Empresas Incorporadas ao Patrimônio Nacional, a state organization that congregated all the companies nationalized by dictatorship. Therefore, we seek to verify the contribution of A Noite in the social communication project proposed by the Estado Novo. The paper, while openly supporting the dictatorship - including being nicknamed by its opponents \"Diário Oficial\" (Official Journal) - also benefited from its condition, as the newspaper - as well as the other communication vehicles belonging to company A Noite faced a significant commercial and journalistic expansion. Within this official social communication project, there were some elements that guided it, such as the maintenance of popular themes, a characteristic that marked the journalistic work of A Noite since before the expropriation, but also the introduction of new themes and approaches based on the communication rules of dictatorship. Understanding the newspaper as a protagonist of history and a political agent intervening in social reality, it was decided to analyze the journalistic content produced by A Noite during the period in which the paper was under Estado Novo rule, especially addressing how these topics were associated to the communicational projects of that regime. Therefore, the role played by A Noite in the course of the Portuguese-speaking dictatorship was fundamental both to ensure the effectiveness of this official communication project, and to strengthen the newspaper as a communication company. The gazette association, forced through the expropriation, with the dictatorship, ended up creating communication ties that lasted even after the collapse of Estado Novo, a continuous communication project in the Dutra Government.
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