Representações da arte e do trabalho em Verdades e Mentiras de Orson Welles

Verdades e mentiras (Verités et mensonges / F for fake, 1973), de Orson Welles, parte da história de Elmyr de Hory, um grande falsificador de obras de arte, para propor uma reflexão sobre o mercado de arte e sobre o trabalho do artista no contexto da Indústria Cultural. O filme organiza-se como...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Neyde Figueira Branco
Other Authors: Marcos Cesar de Paula Soares
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2018
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-22102018-131417/
Description
Summary:Verdades e mentiras (Verités et mensonges / F for fake, 1973), de Orson Welles, parte da história de Elmyr de Hory, um grande falsificador de obras de arte, para propor uma reflexão sobre o mercado de arte e sobre o trabalho do artista no contexto da Indústria Cultural. O filme organiza-se como uma argumentação, que disserta sobre seu contexto sócio-histórico e capta a estrutura de sentimento do período em que é produzido, podendo ser considerado um precursor do filme ensaio. Entretanto, os argumentos nem sempre confirmam as teses propostas inicialmente. Há constantes contradições entre os diferentes elementos que compõem uma mesma cena, ou entre diferentes cenas e sequências do filme, tornando necessário ao espectador realizar uma leitura a contrapelo da obra. Orson Welles incorpora aspectos da tradição cinematográfica e de sua obra e combina-os com a experimentação, que é característica de seu trabalho artístico, para investigar as relações de produção no contexto da indústria cultural e de que forma o trabalho se constitui enquanto horizonte para superação das determinantes históricas da sociedade. Ao mesmo tempo em que faz isso, o filme evidencia a si mesmo como representação, constituída a partir de um ponto de vista determinado, e assim permite que analisemos e interpretemos a verdade desse trabalho artístico, para a compreensão dos temas e aspectos da realidade que ele configura. === F for fake (Verités et mensonges, 1973), by Orson Welles, introduces the story of Elmyr de Hory, a great Art forger, in order to discuss the determinations associated to the Art Market and the work of the artist submitted to the Cultural Industry. The movie is structured as an argumentative essay, which discusses its background and captures the structure of feeling of the period. Because of the way it is organized, F for fake is sometimes referred as a predecessor of what is called nowadays essay film. However, the arguments included do not necessarily confirm the initial thesis of the film. There are numerous contradictions between different elements of a scene, and also between different scenes and sequences. It keeps the audience alert and suggests the need to interpret the story against the grain, as Walter Benjamin advocates. Orson Welles incorporates some aspects of film tradition and of his oeuvre, and associates them with the experimentation of new aesthetics, as it is characteristic of his artistic work, in order to examine the relations of production in the context of the Cultural Industry. He also analyses how labor can represent some perspective of overcoming the social and historical determinations of the society. Whilst structuring these debates, the film exposes itself as a representation of a certain point of view, and allows the audience to analyse and interpret the truth of this work of art, as well as to try to understand the association of themes and aspects of reality that it constitutes.