Avaliação do acometimento de pequenas vias aéreas em pacientes com pneumonite de hipersensibilidade crônica e sua repercussão na limitação ao exercício

INTRODUÇÃO: A pneumonite de hipersensibilidade (PH) é uma doença intersticial causada pela inalação de antígenos orgânicos específicos ou substâncias de baixo peso molecular em indivíduos geneticamente suscetíveis. A PH crônica representa seu estágio final, na qual a exposição antigênica prolong...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Olívia Meira Dias
Other Authors: André Luiz Pereira de Albuquerque
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2018
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5150/tde-22102018-112334/
Description
Summary:INTRODUÇÃO: A pneumonite de hipersensibilidade (PH) é uma doença intersticial causada pela inalação de antígenos orgânicos específicos ou substâncias de baixo peso molecular em indivíduos geneticamente suscetíveis. A PH crônica representa seu estágio final, na qual a exposição antigênica prolongada leva à fibrose. Na PH crônica, o envolvimento das pequenas vias aéreas (PVA) é proeminente; entretanto, uma avaliação detalhada através de métodos funcionais e de avaliação quantitativa e automatizada pela tomografia computadorizada (TC) não foi realizada previamente. MÉTODOS: estudo transversal de 28 pacientes com PH crônica, com avaliação através de provas de função pulmonar (PFPs); oscilometria forçada (FOT); análise automatizada do volume pulmonar através da TC, incluindo quantificação de aprisionamento aéreo; e teste cardiopulmonar de exercício (TCPE) incremental em cicloergômetro para avaliar performance ao exercício, incluindo medidas seriadas da capacidade inspiratória e hiperinsuflação dinâmica (HD). Foram incluídos pacientes entre 18 a 75 anos, com diagnóstico confirmado pela combinação de achados tomográficos, exposição antigênica e biópsia compatível e/ou LBA com linfocitose. Foram excluídos pacientes com CVF e/ou VEF1 < 30% predito, tabagismo > 20 anos-maço, uso de oxigênio suplementar; diagnóstico prévio de asma ou DPOC, diagnóstico de hipertensão arterial pulmonar ou impossibilidade de realizar TCPE. Os dados foram comparados com controles saudáveis. RESULTADOS: 28 pacientes (16 mulheres; idade média 56 +- 11 anos; CVF 57 +- 17% predito) foram avaliados, e todos apresentavam padrão ventilatório restritivo sem resposta broncodilatadora. Na FOT, 4 pacientes apresentaram resistência aumentada a 5 Hz (R5), enquanto todos apresentaram baixa reactância (X5), sendo que nenhum apresentou resposta broncodilatadora significativa. Pacientes com PH crônica tiveram menor capacidade de exercício com menor O2 de pico, diminuição da reserva ventilatória, hiperventilação, dessaturação de oxigênio e escores de dispneia (Borg) aumentados quando comparado aos controles. A prevalência de HD foi encontrada em apenas 18% da coorte. Ao comparar pacientes com PH crônica com O2 normal e baixo (< 84% predito, LIN), o último grupo apresentou maior hiperventilação (slope E/CO2), um menor volume corrente e menores escores de capacidade física na avaliação do questionário de qualidade de vida (SF-36). A análise da curva ROC mostrou que volumes pulmonares reduzidos (CVF%, CPT% e DLCO%) foram preditores de baixa capacidade ao exercício. Na TC, a PH crônica teve aumento de áreas com alta densidade em unidades Hounsfield, inferindo maior extensão de opacidades em vidro fosco e fibrose em relação aos controles saudáveis. A extensão das áreas de atenuação reduzida (AAR) e aprisionamento aéreo em relação ao volume pulmonar total é pequena, e não se correlaciona com índices funcionais obstrutivos; entretanto, pacientes com maior percentual dessas áreas apresentam menos fibrose e função pulmonar mais preservada. CONCLUSÃO: a PH crônica se caracterizou por um acometimento eminentemente restritivo, e não de obstrução de vias aéreas, nos diferentes métodos diagnósticos aplicados. A redução da capacidade de exercício foi prevalente devido à limitação ventilatória e de troca gasosa, a exemplo de outras doenças intersticiais pulmonares, e não pela HD. Redução dos volumes pulmonares foram bons preditores das respostas ventilatórias durante o exercício === INTRODUCTION: Hypersensitivity pneumonitis (HP) is an interstitial lung disease caused by the inhalation of specific organic antigens or low molecular weight substances in genetically susceptible individuals. Chronic HP represents its final stage, in which prolonged antigenic exposure causes fibrosis. In chronic HP, small airway involvement is prominent; however, a detailed characterization through functional evaluation and through automatic quantitative evaluation of computed tomography (CT) has not been previously assessed. METHODS: Cross-sectional study with 28 chronic HP patients, with evaluation by pulmonary function tests (PFTs), forced oscillometry (FOT), automated lung volume analysis through CT, including quantification of air trapping (AT); and incremental cardiopulmonary exercise testing (CPET) on a cycle ergometer to evaluate exercise performance, including serial measurements of inspiratory capacity to establish dynamic hyperinflation (DH). Inclusion criteria: patients aged 18 to 75 years, with a chronic HP diagnosis confirmed by the combination of CT findings, known antigenic exposure and compatible biopsy and / or BAL with lymphocytosis. Exclusion criteria: FVC and / or FEV1 < 30% predicted, smoking > 20 pack-years, supplemental oxygen use; previous diagnosis of asthma or COPD; pulmonary arterial hypertension, or medical conditions that could interfere with CPET. Data were compared with healthy controls. RESULTS: All patients (16 women; mean age 56 +- 11 years; FVC 57 +- 17% predicted) had restrictive ventilatory pattern without bronchodilator response. In FOT, 4 patients had increased resistance at 5 Hz (R5), all patients presented low reactance (X5) values, and none presented a significant bronchodilator response. Chronic HP patients had reduced exercise performance with lower peak V?O2, diminished breathing reserve, hyperventilation, oxygen desaturation and augmented Borg dyspnea scores when compared with controls. The prevalence of DH was only found in 18% of patients. When comparing chronic HP patients with normal and low peak VO2 (< 84%predicted, LLN), the later exhibited higher hyperventilation (VE/VCO2 slope), lower tidal volumes, and poorer physical functioning scores on Short-form-36 health survey. ROC curve analysis showed that reduced lung volumes (FVC%, TLC% and DLCO%) were high predictors of poor exercise capacity. On CT, chronic HP is characterized by increased pulmonary densities (Hounsfield Units) inferring the extension of ground glass opacities and fibrosis when compared with healthy subjects. The extension of low attenuation areas (LAA) and AT in relation to the hole lung volume is low and does not correlate with PFT indexes of obstruction; however, patients with greater extension of these areas had less fibrosis and more preserved PFTs. CONCLUSIONS: Chronic HP was characterized by an imminently restrictive lung disorder, and not by airway obstruction, according to the different diagnostic methods applied in this study. Reduction of exercise capacity was prevalent due to ventilatory and gas exchange limitation, similarly to other fibrotic interstitial lung diseases, rather than due to DH. Reduced lung volumes were good predictors of ventilatory responses during exercise