Exílio íntimo: leitura da poesia de Dante Milano

Amigo próximo de Manuel Bandeira, Aníbal Machado, Heitor Villa-Lobos e outros artistas eminentes do Modernismo brasileiro, Dante Milano (1899-1991) publicou seus poemas em livro apenas tardiamente, em 1948, sob o título de Poesias. Apesar do reconhecimento crítico imediato, sua obra permaneceu s...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Alexandre Koji Shiguehara
Other Authors: Alcides Celso Oliveira Villaça
Language:Portuguese
Published: Universidade de São Paulo 2016
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-20122016-143725/
Description
Summary:Amigo próximo de Manuel Bandeira, Aníbal Machado, Heitor Villa-Lobos e outros artistas eminentes do Modernismo brasileiro, Dante Milano (1899-1991) publicou seus poemas em livro apenas tardiamente, em 1948, sob o título de Poesias. Apesar do reconhecimento crítico imediato, sua obra permaneceu sempre, como ainda hoje, sendo lida por um público diminuto fato normalmente atribuído antes de tudo ao temperamento muito discreto do poeta. Mais do que repetir a constatação da injusta impopularidade de uma grande poesia, cabe a tarefa de qualificar a sua grandeza, sugerindo com isso certa singularidade da voz poética. Um aspecto forte de tal singularidade será certamente o feitio clássico predominante nos versos de Dante, a impressão de um equilíbrio harmônico a despeito da facilmente notável abundância de pares antitéticos nos poemas, como a treva e a luz, o concreto e o abstrato, o novo e o antigo. A atenuação dos contrastes particulariza na linguagem algo que se mostra fundamental para o próprio pensamento do poeta, a simultaneidade da atenção ao mundo material e da absorção em si mesmo que tende a interiorizar e a transfigurar os seres e as coisas. A resposta da poesia de Dante Milano à realidade do deslocamento do homem moderno parece compor-se nesse espaço intervalar cavado pela intimidade a qual, sem se evadir por completo da vida objetiva, não deixa de reconhecer em relação a ela um radical distanciamento, nomeado em certos poemas como o exílio. Manifesta-se a natureza íntima desse exílio poético na voz baixa, na serenidade de tom própria do poeta capaz de relativizar a dor e evitar a expressão do desespero por confiar na profundidade da instância subjetiva em que o canto se instaura e, discretamente, perdura. === A close friend of Manuel Bandeira, Aníbal Machado, Heitor Villa-Lobos and some other prominent artists from brazilian Modernism, Dante Milano (1899-1991) has published his poems in a book just lately, in 1948, with the title Poesias. Even though there was immediate critical acknowledgment, his work has always remained, as it currently is, being read by a small public a fact that is usually imputed above all to the very discrete temper of the poet. Rather than repeating the general finding of the unfair unfamiliarity of a great poetry, a proper task would be to specify its greatness, so suggesting some singularity of this poetic voice. An important aspect of such singularity would certainly be the classical feature that predominates in Dantes verses, a harmonic equilibrium impression notwithstanding the remarkable abundance of antithetical pairs in the poems, as darkness and light, concrete and abstract, new and antique. The mitigation of contrasts particularizes in the language something that seems to be crucial for the poets thought, the simultaneity of attention to the material world and of absorption of mind that tends to interiorize and to transfigure beings and things. The response of Dante Milanos poetry to modern man truth of displacement seems to be composed at this intervallic space built by his intimacy an intimacy that, without completely deceiving objective life, nevertheless recognizes a deep detachment from it, named in certain poems as the exile. The intimate nature of this poetic exile is expressed in the low voice, in the serene tone, characteristic of a poet who is capable to ease the pain and to avoid the expression of despair for trusting in the deepness of the subjective sphere in wich his poetry establishes itself and, discretely, remains.