Summary: | A doença cerebrovascular é a maior causa de morte e uma grande causa de incapacidades no Brasil. A taxa de mortalidade no Brasil é uma das mais altas do mundo, principalmente entre os indivíduos com menor condição socioeconômica. A coleta de dados confiáveis e com qualidade sobre as características do acidente vascular cerebral (AVC) é essencial para sua prevenção. Entretanto, existem poucos estudos brasileiros sobre a prevalência da doença. A Organização Mundial de Saúde propõe uma estratégia de vigilância para o acidente vascular cerebral (The WHO STEPwise Approach to Stroke Surveillance) em 3 etapas. A etapa 1 analisa os eventos hospitalizados, a etapa 2, os eventos fatais na comunidade e a etapa 3, os casos de AVC na comunidade que não foram admitidos em hospitais. Por meio de padronização de instrumentos para coleta de dados nas três etapas, esta estratégia permite a comparação de dados sobre a epidemiologia do AVC ao longo do tempo e entre países. Este estudo transversal tem como objetivo avaliar a prevalência de acidente vascular cerebral na área de abrangência do Programa Saúde da Família no Jardim São Jorge, zona oeste do município de São Paulo, por meio da implantação do terceiro passo do WHO STEPS Stroke. Validou-se questionário sobre sintomas de AVC (fraqueza de membros em um dos lados do corpo, paralisia facial, problemas na articulação da fala, alterações de sensibilidade em um dos lados do corpo e alterações visuais) e história prévia da doença. O padrão-ouro utilizado para validação do instrumento foi avaliação por neurologista e revisão de prontuário. Após validação, foram considerados casos de AVC indivíduos com duas ou mais respostas positivas ao questionário com procura a serviços de saúde ou mais de 3, mesmo sem procura a serviços de saúde. Utilizando-se os critérios de positividade acima expostos, a sensibilidade do questionário comparada ao padrão-ouro foi de 72,2%, a especificidade 94,4%, a razão de verossimilhança positiva 12,9 e a razão de verossimilhança negativa 0,29. O questionário validado foi aplicado pelos agentes comunitários de saúde em suas visitas mensais às residências, a todos os moradores maiores de 35 anos da área de abrangência da unidade. Dos 4.496 moradores, aceitaram participar da pesquisa 3.661 pessoas (81,4%). Destes, 577 (15,8%) apresentaram rastreamento positivo e foram submetidos à entrevista mais detalhada para confirmação de AVC. Foram considerados como casos de acidente vascular cerebral 243 indivíduos (6,6%). A prevalência de AVC ajustada por idade nos indivíduos maiores de 35 anos foi de 6,5% (IC95% 3,5 - 5,7) entre as mulheres e 4,6% (IC95% 3,9 - 5,7) entre os homens. Hipertensão, doença cardíaca e dislipidemia foram as condições auto-referidas associadas ao AVC. 11,9% dos casos de AVC apresentavam incapacidade grave segundo a escala de Rankin modificada. A taxa de prevalência foi elevada em comparação com outras pesquisas, principalmente entre as mulheres.
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Stroke is the leading cause of death and a major cause of disability in Brazil. Mortality rates are higher compared to other countries mainly among individuals with lower socio-economic status. The search of reliable and good quality data on characteristics of stroke -is essential for stroke prevention. However, there are few Brazilian studies about the prevalence of stroke. The World Health Organization proposes a surveillance strategy to stroke (The WHO STEPwise approach to stroke surveillance). Using standardized questionnaires, it is possible to collect data and compare them over time and among countries. Step 1 aims to collect information on stroke patients admitted to hospitals, Step 2 identifies fatal stroke events in the community and Step 3 estimates community based non fatal stroke events. This crosssectional study aims to evaluate the prevalence of stroke in a poor neighborhood \"Jardim São Jorge\" assisted by the Family Health Program. A validated questionnaire about stroke symptoms (limb weakness, facial weakness, speech articulation problems, sensibility disturbances and impaired vision) and past diagnosis of stroke were applied to all residents older than 35 years in the area. The gold-standard method was a neurological evaluation and a review of patient medical records. After validation, questionnaire were considered positive when a participant answered positive to two or more questions about stroke symptoms and/or the presence of stroke being confirmed by a physician, or at least three positive questions not confirmed by a physician. The questionnaire presented a sensitivity of 72.2%, a specificity of 94.4%, a positive likelihood ratio of 12.9 and a negative likelihood ratio of 0.29. Of 4,496 individuals with 35 years or more, 3,661 people were screened (81.4%) by the community health workers in their monthly visits to the residences and 577 (15.8%) presented a positive screening and underwent more detailed interview for confirmation of stroke. 243 individuals (6.6%) were considered as cases of stroke. The prevalence of stroke adjusted by age in individuals over 35 years was 6.5% (CI95% 3.5 - 5.7) among women and 4.6% (CI95% 3.9 - 5.7) among men. Hypertension, heart disease and dyslipidemia were self- reported conditions associated with stroke. 11.9% of stroke cases had serious disability according to the modified Rankin scale. The prevalence rate was higher compared to other surveys especially among women
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